sábado, 18 de maio de 2024
Plano para matar Alexandre de Moraes o coloca sob suspeição como juiz dos atos de 8 de janeiro

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Plano para matar Alexandre de Moraes o coloca sob suspeição como juiz dos atos de 8 de janeiro

Alexandre de Moraes

Em entrevista ao jornal O Globo, no último dia 4, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, revelou que as investigações sobre os atos de 8 de janeiro descobriram que havia um plano dos golpistas para matá-lo. Na verdade, teriam sido três planos. Um deles, mais radical, envolveria enforcá-lo em praça pública, na Praça dos Três Poderes.

Muito embora, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, tenha confirmado, em entrevista ao Jornal da CBN, a veracidade do teor dessas investigações reveladas por Moraes, a revelação do ministro ao O Globo ainda tem deixado muitas dúvidas. O diretor-geral da PF explicou ao Jornal da CBN que a intenção teria sido a de matar Moraes em razão de retirá-lo da condução do processo das Fake News. Contudo, não se compreende por que, nos 1,3 mil processos sobre os atos de 8 de janeiro, não há nenhuma citação, sequer, sobre esses referidos planos de assassinato ao ministro. Também, ainda não veio à público quem teriam sido os mentores e autores das conversas interceptadas pela PF sobre os tais planos.

Descrédito

Enquanto mais detalhes e desdobramentos dessa revelação gravíssima não vem a público, muita gente, entre a população, desacredita na revelação do ministro. Aqueles que já não aprovam as decisões de Moraes encontram mais um motivo para considerar que tudo não passa de vitimismo e de uma tentativa de denegrir ainda mais a imagem dos manifestantes. Como se o ministro quisesse encontrar mais um forte motivo para justificar o rigor de suas mais de 6 mil decisões judiciais tomadas em um ano a frente do processo referente aos atos golpistas de 8 de janeiro.

“Vitimismo”

Contudo, é difícil pensar que um ministro tão inteligente e preparado como Alexandre de Moraes seria capaz de apelar ao vitimismo puro e simples apenas para encontrar mais uma justificativa para punições tão rigorosas aos manifestantes daquele fatídico 8 de janeiro. Como se a intenção de atentar contra a democracia não fosse o suficiente. Além do mais, munir-se de uma falsa acusação, sem provas, seria um crime muito grave.

Juiz sob suspeição

Entretanto, ainda não é compreensível o porquê de uma revelação tão tardia, faltando poucos dias para os atos de 8 de janeiro completarem um ano. É possível argumentar que o ministro tenha tomado conhecimento há pouco tempo. Mas, assim, que levou a público, a partir da entrevista, encontra-se numa posição de impedimento para continuar julgando os processos deste caso. Afinal, o ministro deixa sua condição de neutralidade esperada a todo juiz e passa a condição de um dos supostos alvos dos criminosos golpistas. Em suma, Moraes encontra-se sob suspeição para julgar este processo uma vez que revela que está pessoalmente envolvido com o caso. De acordo com a Constituição Federal, juiz não pode julgar processos em que não esteja numa condição de absoluta neutralidade, sem envolvimento com quaisquer das partes.

Saída de Moraes

O presidente Nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, tem defendido a saída de Moraes do caso. Valdemar da Costa Neto especula se Moraes não estaria querendo se proteger ou se promover com estes julgamentos. O desembargador aposentado do TJ-DFT, Sebastião Coelho, também, defendeu, em live no Instagram, no último dia 7, que o ministro precisa sair do caso. “Se não sair, vamos lhe retirar”, ameaçou Coelho, que foi advogado de um dos réus de 8 de janeiro.

Ausência de neutralidade

O ex-deputado Deltan Dallagnol também defendeu, nas redes sociais, o argumento de que Alexandre de Moraes encontra-se sob suspeição como juiz dos processos dos atos golpistas em razão da declaração de que teria sido um alvo de atos criminosos por parte dos manifestantes.

Há muita coisa ainda a ser esclarecida sobre este triste capítulo da História do Brasil. A partir do momento em que Moraes declara em entrevista a um jornal que seria vítima de um plano para assassiná-lo, é necessário que os desdobramentos venham a público. E que os mentores sejam punidos e presos. É inadmissível que algo tão grave fique em segundo plano nas investigações e o devido processo legal. A não ser que haja envolvimento de golpistas com foro privilegiado, não sendo conveniente politicamente levar a público os nomes dos responsáveis…

Término dos julgamentos

A propósito, até abril deste ano, espera-se o julgamento de mais 146 réus. Já foram julgados e condenados trinta réus. E mais vinte e sete julgamentos foram iniciados em dezembro passado com conclusão prevista para fevereiro próximo. Atualmente, setenta manifestantes seguem presos, sendo quatro deles presos em dezembro passado.

Atentado à democracia

Se realmente houvesse respeito a Constituição Federal no país, todos esses julgamentos deveriam ser anulados e levados a novo julgamento por um outro ministro, após a grave revelação de Moraes ao O Globo. Um juiz sob suspeição de envolvimento pessoal no caso jamais poderia ter julgado ou proferido alguma decisão sobre os atos de 8 de janeiro. Em nome da defesa da democracia, Moraes incorre num verdadeiro atentado à democracia ao prosseguir como juiz dos processos dos atos de 8 de janeiro.

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Uma resposta

  1. É triste, lamentável, degradante, ver a que nível chegou o “jornalismo” de paróquia destas bandas. A senhora jornalista nos seus 40, 50 anos, sabe-se lá quanto de profissão, se digna a escrever um artigo colocando em suspeição – a fim de defender os atos terroristas – a ordem das coisas. A inversão de valores e a visão de mundo enviesada da “mídia” (essa sim, a mídia subserviente aos interesses locais e absurdos) dão espaço a quem precisa de emprego, mesmo que seja escrevendo o que se lê aqui… É inacreditável, mas é compreensível, afinal, as pessoas precisam comer. Procurar defender o que foi feito em Brasília, em 08 de janeiro, só mostra o quanto estamos atrasados, perdidos.

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