segunda-feira, 20 de maio de 2024
Bolsonaro cada vez mais perto de Lula nas pesquisas revela que não existe “já ganhou” antes das eleições

João Aloysio Correa Ramos

Diretor dos jornais do Grupo Paraná Comunicação: A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias

Bolsonaro cada vez mais perto de Lula nas pesquisas revela que não existe “já ganhou” antes das eleições

Nos últimos dias, muitas coisas estão acontecendo na pré-campanha presidencial. Provavelmente deve ter acendido o botão vermelho, ou pelo menos amarelo, para Lula e sua equipe em decorrência, especialmente, de dois levantamentos de intenções de voto feitos pelo Instituto Paraná Pesquisas. Estes apontam o crescimento das intenções de voto em Bolsonaro, que dá sinais de vida ao aproximar-se de seu principal adversário político.

Bolsonaro cresce em São Paulo

O primeiro levantamento que pode estar preocupando a equipe de campanha de Lula foi divulgado no final de semana, no qual aponta os números em São Paulo, um dos estados-chave, assim como Minas Gerais, em corridas à Presidência da República. A pesquisa mostra que Bolsonaro ultrapassa Lula, pela primeira vez no estado, alcançando 35,8% das intenções de voto contra 34,9% do petista. De 31% em pesquisa de um mês atrás, Bolsonaro passou para mais de 35%, enquanto Lula contava com 34,1%. As entrevistas foram feitas entre 24 e 29 de abril.

Empate técnico

Já o levantamento feito entre os dias 28/04 e 3/05 foi divulgado na quarta-feira, dia 4, e mostra um empate técnico entre os dois candidatos na pesquisa espontânea, num cenário simulado para todo o país. Na espontânea, o entrevistador não mostra nenhum nome como opção de candidato, deixando o entrevistado responder espontaneamente em quem deverá votar. Nesta pesquisa, Lula aparece com 27,6% e Bolsonaro com 25,2%. Um empate técnico, considerando a margem de erro de 2,2% para mais ou para menos. Bolsonaro conseguiu cravar a menor distância de Lula também na pesquisa estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados, com 35,2% contra 40% de Lula. O presidente da República subiu 2,5% no cenário nacional, desde o último levantamento. Outros pré-candidatos também ganharam pontos, a exemplo de Ciro Gomes, que subiu de 5,4% para 7,4% e João Dória que foi de 2,3% para 3,2%. A pesquisa foi realizada com dois mil e vinte eleitores em 166 municípios de todos os estados do país.

Lula tropeça nas falas

A campanha ainda nem começou para valer e já podemos verificar que o cenário é bastante mutável. Creio que nenhum dos dois candidatos deve entrar em clima de “já ganhou”, pois, qualquer deslize pode comprometer os resultados. A própria entrevista que o colocou na capa da revista Time gerou-lhe uma saia-justa. Para Lula, o presidente da Ucrânia quis a guerra por não se esforçar em negociar com Putin. A declaração repercutiu, também, na embaixada da Ucrânia, que o convidou para uma visita. Pegou mal palpitar sobre política externa de forma inconsequente, desrespeitosa para com um país invadido. Muito provável é que a declaração tenha sido em decorrência de uma simpatia, mesmo, de Lula por Putin, lembrando, ainda, que no governo Lula houve esforços decisivos para a formação do Brics, bloco econômico de países o qual Rússia e Brasil passaram a integrá-lo. De qualquer forma, a fala demonstra o quanto é importante ater-se a absolutamente tudo o que é dito durante uma campanha a fim de não causar um estrago irremediável. Sérgio Moro, General Heleno, João Dória e Ciro Gomes não perderam a oportunidade de criticar a declaração de Lula.

“Gol contra”

Bolsonaro, por sua vez, tem ficado mais atento para não fazer “gol contra“ em suas declarações. Ao contrário, o caso Daniel Silveira só o ajudou a recuperar a sua imagem. A pandemia, saindo de cena, tem deixado esquecidas as declarações mais polêmicas sobre isolamento social, fechamento de comércio e vacinas. A CPI da Covid-19 não deu em nada, conforme previsto. Apesar dos esforços da oposição, não se conseguiu provas de corrupção ou má-fé nas denúncias apresentadas. Muito tempo e dinheiro perdido para tentar derrubar um presidente, sem fatos concretos. Nem os holofotes para palanques futuros, talvez, não rendam. A candidatura da senadora emedebista Simone Tebet a presidente da República, tudo leva a crer, não vai vingar…

Auxílio-emergencial

Também, está favorável a reeleição de Bolsonaro o pagamento do auxílio-emergencial, e a geração de empregos, que, apesar da pandemia, continua crescendo. O grande desafio é a inflação. A desistência de Sérgio Moro ainda promete beneficiar o presidente. Sem Moro na disputa, a tendência de parte de seu eleitorado é migrar para Bolsonaro, principalmente, num eventual segundo turno com Lula. Evidentemente, há aqueles moristas que irão votar nulo, ou, talvez, em Ciro ou Dória. Contudo, é quase impossível um eleitor de Moro migrar para Lula. Uma vez que o réu da Lava-Jato era o PT e, não, Bolsonaro e seu grupo político.

Falas improvisadas

Essas mudanças nas intenções de voto demonstram que eleição não se ganha de véspera. Que, somente quando a campanha começa pra valer que se vai, gradualmente, obtendo melhor definição. Enquanto isso, cabe aos candidatos e respectivos staffs fazer de tudo para acertar e, ao menos, não errar, com declarações e falas constrangedoras ou polêmicas. Os planos de governo são importantes, mas, a maioria do eleitorado, infelizmente, não presta atenção em plano de governo, atendo-se mais a recortes de falas viralizadas nas mídias. E eis, aí, um ponto em que tanto Lula quanto Bolsonaro têm de cuidar muito, pois, ambos têm tendência a falar de improviso, de forma espontânea.

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