sábado, 4 de maio de 2024
PIB cresce e desemprego cai, mas, ainda não impactam positivamente vida do trabalhador assalariado

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

PIB cresce e desemprego cai, mas, ainda não impactam positivamente vida do trabalhador assalariado

O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1% no primeiro trimestre do ano, em relação ao quarto trimestre do ano passado. A boa notícia veio de dados do IBGE, divulgados na quinta-feira (02/06). Outra boa notícia, é que o desemprego caiu para 10,5%, também, segundo o mesmo instituto, atingindo patamares de 2015. A alta do PIB, um pouco acima do esperado, foi impulsionada pelo setor de serviços, responsável por 70% do PIB brasileiro.

Contudo, apesar dos índices animadores sobre a recuperação da economia, é preciso considerar o quanto esses números refletem-se em melhorias nas condições de vida do brasileiro, da massa trabalhadora. E o quanto esses dados impactam a percepção do eleitorado sobre a condução da economia pelo Governo Federal.

Impactos na percepção do eleitorado

Por enquanto, esses pequenos avanços na recuperação econômica não chegam a impactar a percepção do eleitorado e a qualidade de vida do trabalhador. Há dois entraves a isso, que são a alta da inflação e a perda de renda e poder aquisitivo do trabalhador. Com inflação descontrolada e sem reposições salariais que compensem as perdas inflacionárias, na prática, o que se vê é o trabalhador assalariado tendo de fazer malabarismos para sobreviver, comprar comida e pagar as contas. O desemprego diminuiu, é certo, mas, atualmente, ganha-se menos, ganha-se um salário com poder de compra menor. E são esses números que realmente impactam e fazem a diferença na vida da população, principalmente, dos mais pobres. De fato, a maioria do eleitorado nem sabe, ao certo, o que significa PIB e o quanto é importante para a economia. Mas, sabe o que é importante para sua economia doméstica, que continua enormemente prejudicada com toda essa crise desencadeada pela pandemia. Os impactos da guerra na Ucrânia, iniciada no final de fevereiro, também, não foram captados, ainda, por essa última aferição do PIB, de janeiro a março.

Otimismo para poucos

Muito embora, indicadores macroeconômicos possam trazer otimismo ao governo, grandes empresários e investidores, para a maioria da população, seus reflexos, se não sustentados por muitos meses, podem não chegar. Assim, é importante que o governo Bolsonaro atente-se a este “detalhe” caso queira ser reeleito. Pois, o eleitorado quer ações e decisões que tragam melhorias em suas economias domésticas, em seu dia a dia, em sua qualidade de vida. Aliás, a última pesquisa do Datafolha aponta para um percentual de 53% do eleitorado considerando “muito importante” a situação econômica como fator capaz de influenciar seu voto. E não serão números do PIB, isoladamente, que devem influenciar.

Economia decide eleições

Se formos lembrar de eleições presidenciais passadas, todas sofreram forte influência da economia como fator decisivo na escolha dos candidatos. Não há como negar que política e economia andam de mãos dadas. E por mais que ideologias e combate a corrupção estejam sempre em pauta, o que o povo mais quer, de verdade, é uma vida melhor para si e sua família, e isso se traduz em mais renda, mais poder de compra, melhores salários, e não apenas empregos mal remunerados onde se trabalha cada vez mais para ganhar cada vez menos. E se tiver inflação fora de controle, piorou. A cada semana, perceber que o salário, a renda familiar, dão para comprar cada vez menos, é desolador. Não há otimismo que se sustente.

Economia doméstica

Creio que, nenhum trabalhador assalariado, nenhum pequeno comerciante ou vendedor ambulante, em sã consciência, comemora exportações, bons resultados na balança comercial, alta no valor de certas commodities por causa da guerra, quando não se pode mais pagar plano de saúde e escola particular para os filhos porque o salário não dá conta de bancar. Quando, também, não se pode mais fazer viagens de férias, trocar de carro, passeios e compras extras por causa da inflação. São esses fatores que importam ao eleitor quando se trata de economia.

Reversão de quadro inflacionário

Faltam quatro meses para as eleições, e talvez, não haja tempo de reverter esse quadro inflacionário ao ponto de beneficiar a percepção que grande parte do eleitorado tem sobre o Governo Federal. Se não houver medidas fortes para, ao menos, segurar as sucessivas altas nos preços, a tendência é que discursos ideológicos e de combate a corrupção não se sustentem diante de tantos brasileiros frustrados e, de alguns, até, furiosos, com quedas marcantes em seu padrão de vida. Há uma escala das necessidades humanas, a famosa pirâmide de Maslow, e esta coloca em sua base a satisfação primeira das necessidades de sobrevivência e segurança materiais. Ou seja, necessidades relacionadas a moradia, alimentação, transporte, proteção dos filhos, enfim, dados que se relacionam a economia doméstica.

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