sexta-feira, 3 de maio de 2024
Piada de Papa Francisco sobre brasileiros divide opiniões e expõe hipocrisia do politicamente correto

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Piada de Papa Francisco sobre brasileiros divide opiniões e expõe hipocrisia do politicamente correto

Na quarta-feira (26), uma piadinha do papa Francisco com os brasileiros deu o que falar. Ao caminhar pelo pátio de San Damaso, foi abordado pelo padre João Paulo Souto Victor, de Campina Grande (PB), que pediu orações para seus conterrâneos. “Santo padre, reze por nós, brasileiros”, disse João Paulo. O papa Francisco, sorrindo, respondeu com uma piada: “Vocês não têm salvação. É muita cachaça e pouca oração”. Houve quem achasse bacana, inclusive, a maior parte da grande mídia, enquanto alguns colunistas como, Alexandre Garcia, o criticaram. Entre o povo brasileiro, as opiniões também se dividiram. Alguns acharam apenas uma simpática piada, e até verdadeira, e outros não gostaram nem um pouco.

Piada sem graça

Particularmente, considero a piada sem graça, por não fazer sentido algum. Normalmente, rimos quando a piada, mesmo considerada ofensiva, tem, pelo menos, um fundo de verdade. Mas, quê sentido tem em dizer que brasileiros bebem muita cachaça como se beber muito fosse algo diferente de outros povos que bebem tanto ou mais que os brasileiros? O consumo de bebidas alcoólicas na maioria dos países europeus é bastante elevado. Muitos países têm tradição no hábito de consumir bebidas alcoólicas, inclusive, diariamente, a exemplo do vinho, na França e Itália, da cerveja na Alemanha, da vodka, na Rússia, e do whisky e das cervejas encorpadas no Reino Unido. Dizer que os brasileiros oram pouco, faz menos sentido ainda. Nosso país é altamente religioso em seu sincretismo e mais de 90% dos brasileiros acreditam na existência de Deus, dentro do entendimento pessoal de cada um ou de religiões específicas. Aqui, todas as religiões florescem e crescem em abundância. Então, a piada, no mínimo, foi das mais sem graça, pois, não traz nenhum senso de realidade. Além de parecer um pouco “desrespeitosa”, transmitindo a impressão de que brasileiros não devem ser levados a sério.

Caça aos “piadistas de plantão”

Contudo, o mais interessante é a imprensa ter levado na brincadeira o gracejo do papa numa época em que a cultura do politicamente correto e a caça aos “piadistas de plantão” é protagonizada, em especial, pela mídia, a grande “patrulheira” do nosso senso de humor, atualmente. Não se pode fazer piadas sobre ninguém: gordos, gays, cegos, anões, negros, índios, mulheres, chineses, estrangeiros em geral, que lá vêm os “patrulheiros” tachando de “machismo”, “homofobia”, “xenofobia”, “gordofobia”, etc. E se o papa tivesse feito uma piadinha desse naipe contra chineses, nestes tempos de novo coronavírus? Porque tornou-se “proibido”, até, insinuar que o vírus tenha “nacionalidade” chinesa. Aliás, o Facebook, mesmo após anunciar que mudou sua política de censura a posts que apontem a hipótese de surgimento do vírus a partir de laboratório, retirou os posts do geneticista e biólogo brasileiro Eli Vieira (que tem doutorado na Universidade de Cambridge, no Reino Unido), que, em vídeo no Youtube, explana sobre “a alta probabilidade de que o novo coronavírus tenha escapado do laboratório de Wuhan”. Após reclamação, a plataforma de mídia social disse que vai analisar o caso do post do geneticista e dar um retorno.

Quem fala ou o que se fala é o que importa?

O que se percebe é que essa questão de apoiar ou criticar determinadas opiniões e declarações tem mais a ver com quem fala do que o que se fala. O fato é que o papa Francisco é um “queridinho” da mídia. Não houve críticas na imprensa brasileira ao papa, por exemplo, neste evento público, estar cumprimentando muitas pessoas sem máscara. Muito embora, aos 84 anos, o sumo pontífice já tenha tomado a segunda dose da vacina da Pfizer em fevereiro, não é novidade a ninguém que todas as autoridades sanitárias mundialmente recomendam o uso de máscara mesmo após a vacinação, pois, vacinados, também, transmitem o vírus.

Preferência da mídia por Democratas

Outra diferença gritante entre os “patrulheiros de plantão” se dá em relação ao presidente norte-americano Joe Biden. O democrata, nesta semana, pediu investigações mais profundas sobre o surgimento do novo coronavírus, levantando a hipótese de que possa ter escapado acidentalmente de laboratório. Mas, quando era o presidente Trump que constantemente criticava a China por possivelmente ter deixado o vírus se espalhar para o mundo, insinuando que poderia, até, ter sido “de propósito”, era mal visto pela imprensa por causar constrangimentos diplomáticos e ser acusado, até, de incitar xenofobia contra chineses. Se formos avaliar, a suspeita levantada por Biden pega tão pesado quanto a de Trump, contra a China, por considerar a possibilidade de escape acidental do laboratório ao invés de contato humano com animais como, morcegos. A diferença é que Biden é um verdadeiro gentleman, e jamais iria ser direto e agressivo como Trump, em suas declarações. Além de ser democrata, partido que, para a maior parte da imprensa mundial, é o único digno e decente.

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