domingo, 19 de maio de 2024
“Dividir para conquistar” é a estratégia da nova esquerda, que visa dividir a sociedade em grupos antagônicos

João Aloysio Correa Ramos

Diretor dos jornais do Grupo Paraná Comunicação: A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias

“Dividir para conquistar” é a estratégia da nova esquerda, que visa dividir a sociedade em grupos antagônicos

Poucos dias após a divulgação do caso de barbárie que chocou o país, resultando na morte por espancamento de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, ato protagonizado pelos seguranças dos supermercados Carrefour, em Porto Alegre, a imprensa divulga a ampliação da pena de dois outros seguranças condenados por atos violentos e hediondos cometidos dentro de um mercado na zona sul de São Paulo, Vila Joaniza, contra um menor de idade, de dezessete anos, flagrado tentando cometer furto. Porém, desta vez, a notícia passou meio despercebida, não alcançando grande repercussão como o caso do Carrefour, que ganhou conotação de “crime de racismo”, tipificado como hediondo na Constituição Federal, muito embora, a polícia e a justiça não tenham interpretado dessa forma, o que em nada minimiza o covarde ato.

Este segundo crime, revelou-se extremamente chocante, também, tão bárbaro quanto o primeiro, mesmo não tendo resultado na morte do menor. Mas, estranhamente, não ganhou o mesmo destaque na imprensa como o caso do Carrefour. Nem mesmo a Rede Globo pareceu comover-se com este crime hediondo, que a justiça entendeu como de tortura, também, e não somente de lesão corporal. No Jornal Hoje da quarta-feira (25/11), Maju Coutinho relatou o ocorrido discreta e brevemente sobre a divulgação da notícia, ou seja, a ampliação da pena dos dois condenados pela inclusão do crime de “tortura”. Creio que tenha sido por um “detalhe” a chamar a atenção dos mais atentos, a partir da divulgação das imagens dos dois condenados: ambos são negros. A imagem da vítima, por ser de menor, não foi divulgada. Ou seja, parece que não é do interesse da emissora e de grande parte da mídia conceder grande repercussão a um caso que trata de dois homens negros cometendo um crime hediondo como o de tortura contra um menor de idade.

Crime hediondo de tortura

Este episódio de São Paulo foi um crime ocorrido em agosto de 2019, quando dois seguranças do supermercado Ricoy, zona sul de São Paulo, espancaram, inclusive chicoteando e torturando um adolescente, por este ter sido flagrado tentando furtar algumas barras de chocolate do estabelecimento. O menor foi despido, amarrado e amordaçado pelos seguranças. Na terça-feira (24/11), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou a mais de 10 anos de prisão os dois seguranças. Valdir Bispo dos Santos e David de Oliveira Fernandes foram condenados por crime de tortura, lesão corporal, cárcere privado e divulgação de cenas de nudez de vulnerável, cometidos contra o menor. Ambos estão presos desde setembro de 2019 e um deles, inclusive, já teve direito à progressão de regime de cumprimento da pena para o semiaberto em maio deste ano, devido ao bom comportamento carcerário. Os dois já haviam sido condenados na 1ª instância por lesão corporal, em dezembro de 2019, mas foram absolvidos do crime de tortura. Após o Ministério Público recorrer da decisão inicial, os desembargadores do TJ-SP consideraram, porém, que houve, sim, o crime de tortura no caso e aumentaram a pena de três para dez anos de reclusão.

Imprensa pauta indignação coletiva

Quando se trata de avaliarmos a conduta dos seguranças, tanto do Carrefour como a deste mercado em São Paulo, é indiscutível que ambas são condenáveis, absolutamente inaceitáveis e merecem a devida punição. Não se pode permitir a barbárie instalada em nenhuma situação, independentemente da conduta da vítima ou de sua ficha policial. Contudo, também causa indignação a diferença de abordagem da imprensa em relação aos dois casos, uma diferença gritante. A imprensa tentou tachar o caso do Carrefour como um crime de motivação racista, avaliação bastante descabida e forçada com a qual nem mesmo a justiça e a polícia concordam. A repercussão dos movimentos antirracistas e da militância ideológica nas redes sociais ecoou fortemente a mesma ideia, gerando protestos violentos contra o racismo em diversas unidades do Carrefour espalhadas pelo país.

Manipulação político-ideológica

Tudo indica que o menino espancado por dois seguranças negros, torturado, amordaçado e chicoteado feito um escravo não dá “ibope”, “não pega bem” para o movimento negro, então, é melhor não fazer muito alarde. Impossível não chegar a essa conclusão ao comparar com isenção a abordagem midiática dos dois casos. O que se torna explícito ao avaliar tantas situações como essas é que a agenda em defesa das chamadas “minorias”, como a em defesa dos negros, apresenta muitas contradições. Fatos concretos e dados reais não importam muito, o que importa é a narrativa, a interpretação dos fatos. Para grupos, movimentos e partidos de esquerda, que se consideram os detentores únicos da defesa às minorias, só convém destacar e fazer barulho em torno do que interessa e sirva a suas causas político-ideológicas. O que não convém, o que atrapalha, é melhor ser esquecido, deixado de lado, fora de foco.

Quem não percebe essa discrepância no tratamento dos fatos revela-se totalmente manipulado pelo que a mídia e os ditos movimentos sociais em defesa das minorias impõem como pauta merecedora de protestos e indignações.

“Dividir para conquistar”

Mas, qual seria o grande objetivo de todas essas manobras manipulativas para destacar os negros como sempre vítimas dos brancos em toda e qualquer situação? O objetivo não é nada nobre, pois, trata-se de uma nítida intenção de dividir a sociedade em grupos antagônicos entre si, jogando mulheres contra homens, negros contra brancos, homossexuais contra heterossexuais e vice-versa. “Dividir para conquistar” (“Divide et impera” ou “Divide et Vinces”), aliás, é um clássico nas estratégias de guerra para enfraquecer e subjugar os povos. O termo, embora já era conhecido na antiguidade, foi cunhado pelo imperador Júlio César em seu livro ”De Bello Gallico” (Guerra das Gálias), que explicou como a vitória romana na guerra gaulesa era essencialmente uma política de “dividir” seus inimigos, aliar com tribos individuais durante suas disputas com adversários locais. Enfim, enquanto a sociedade briga entre si, dividida em grupos antagônicos, encontra-se enfraquecida e desunida, tornando muito mais fácil a conquista do poder por lideranças que querem o povo escravo de manipulações identitárias. Geralmente, este poder é conquistado por alguém que promete “pacificar” e “unir” o povo, mas, fica só na promessa.

Estratégia da “nova esquerda”

Fiquemos alertas para essa estratégia política antiga que não deixa de ser muito atual e que vem sendo amplamente adotada pela “nova esquerda”, que já não consegue mais jogar pobres contra ricos, e vice-versa, que já não aposta mais na luta de classes da revolução industrial, e passa a escolher as “minorias” como massa de manobra para fazer sua revolução. Não nos deixemos pautar por essas divisões. O caráter de um homem, ou de uma mulher, não se mede por sua raça, etnia, gênero, orientação sexual, religião ou condição social. E todos devem ser indistintamente iguais perante a lei. Do contrário, não é justiça, mas, sim, privilégios.

publicidade

Compartilhe:

13 respostas

  1. Nunca ouvi tanta besteira de quem não estuda história e nem se dá ao trabalho de procurar saber nada, São acusações infundadas de quem só deseja atacar uma esquerda que nem existe. Que pobreza de texto credo ! Vá estudar por favor

  2. Texto perfeito e super atual! Dividir as minorias para conquistar! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
    O pior cego é aquele que não quer ver!

  3. Excelente texto, a esquerda no Brasil e no mundo trabalha com esse modus operandi para alienar as pessoas e se manter no poder.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress