Todo governo populista e sem projetos costuma criar “inimigos” a fim de justificar suas falhas e incompetência. O presidente Lula tem dado sinais de que irá partir para essa “estratégia”, também. A última que inventa é criticar o Banco Central e a elevada taxa de juros anual, de 13,75%. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Filho, inclusive, tem sido atacado pela esquerda que o tacha de “infiltrado bolsonarista”.
É a política do “nós contra eles”, velha artimanha do petismo para gerar “bodes expiatórios” quando as coisas não estiverem dando certo. A economia não cresceu? É culpa das altas taxas de juros. Não foi possível gerar empregos? Com essas altas taxas de juros, não dá, mesmo. O país não tem conseguido atrair investimentos? Com juros altos, quem consegue? Enfim, o discurso já está pronto para justificar uma provável patinada na economia em 2023.
Discurso de palanque
O problema é que parece que Lula não saiu ainda do palanque e fala para seu público, ou seja, a esquerda, apenas. Pois, quem tem um mínimo de noção sobre como a economia funciona sabe que se as taxas de juros estão altas não é por causa de uma decisão do presidente do Banco Central, de uma canetada da autoridade monetária nacional. Estão altas em razão das próprias leis de mercado, do “humor” dos agentes financeiros, e tudo isso envolve fatores como a lei da oferta e procura, o aumento do déficit público (de responsabilidade do governo) e outras variáveis que não são uma decisão do Banco Central. Se o Banco Central determinasse oficialmente uma taxa de juros menor, não seria essa a praticada pelo mercado. Acredito que Lula é bastante inteligente para saber como funciona essa questão, mas, joga para a plateia com o intuito de colocar o mercado e o Banco Central como os “vilões” da vez. Se convencer o povo de que o Banco Central, o mercado e, principalmente, o Roberto Campos Filho, são os culpados, os “malvados” da economia, é o que importa.
Autonomia do Banco Central
O petista também sabe que o governo não pode interferir na política de juros uma vez que há legislação, aprovada no Congresso Nacional, prevendo a autonomia do Banco Central. A lei prevê a possibilidade de exoneração do presidente do Banco Central em situações específicas, a exemplo do não cumprimento das metas de inflação. E, mesmo, assim, a indicação de um novo nome pelo presidente da República deve passar pelo crivo do Senado Federal. No Senado, alguns parlamentares já falaram para a imprensa que não há clima para exoneração de Roberto Campos Filho.
Bravatas
Lula tem demonstrado que está mais interessado em proferir bravatas para mobilizar a militância, mas, que repercutem muito mal na imprensa e no mercado. A cada disparate do petista, o mercado fica nervoso. Essa situação não é benéfica ao país, a economia, pois, deixa o empresariado desconfiado e afugenta investidores. Se o que incomoda é a presença de um presidente do Banco Central indicado por Bolsonaro, que espere o fim do mandato de Campos Filho, que vai até o final de 2024. Poderia tentar a exoneração, porém, a um custo muito alto perante o Congresso Nacional. O governo, sequer, conta, ainda, com a maioria nas duas casas. Acredito que não cometerá a estupidez de arranjar confusão com o Banco Central, tentando trocar de nome, por ora.
Clima de animosidade
Tudo o que quer é gerar um clima de animosidade contra o mercado, colocando-se, assim, na posição de quem luta contra as “forças nefastas” do capital que impedem o país de crescer. Lula tem razão quando fala que, com essa taxa de juros tão alta, fica muito complicado para promover o desenvolvimento econômico. Contudo, suas razões param por aí. Faltou deixar claro sobre os motivos das taxas de juros no Brasil serem tão altas. E arregaçar as mangas para que o governo faça sua parte, a exemplo de ir na contramão do que tem feito e buscar diminuir o déficit público.
Populismo
Mas, a marca do populismo é jogar a culpa nos “inimigos”, nos “vilões” e não fazer a lição de casa. Com todo esse discurso bravateiro, do “nós contra eles”, Lula gera pauta a imprensa, mobiliza a militância, convence aos incautos de que o mercado é “malvado” e terá uma boa desculpa para justificar a falta de crescimento econômico, de geração de empregos e renda quando chegar o final do ano. Por outro lado, ninguém ouve o presidente da República falar qual realmente é o plano de governo para a economia. Será que vamos passar o ano inteiro ouvindo Lula criticar o mercado para distrair a população da sua falta de propostas para a economia? Está mais do que na hora de se tocar que a campanha eleitoral já acabou.