Tragédia no Rio Grande do Sul expõe o melhor e o pior do ser humano
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Tragédia no Rio Grande do Sul expõe o melhor e o pior do ser humano

A tragédia no Rio Grande do Sul, devido a maior enchente na história do estado, tem revelado muita solidariedade do povo brasileiro de todos os estados. Além do governo federal, entidades privadas, governadores, prefeituras, políticos locais, empresários, celebridades e especialmente a população civil de todas as classes sociais, têm prestado ajuda de todas as formas possíveis. Uma grande corrente de solidariedade tem se formado para prestar socorro e ajuda com água, alimentos, roupas, medicamentos, Pix e equipamentos como helicópteros, barcos, botes, caminhões com carregamentos e aviões. Um movimento nacional imprescindível para mitigar os incontáveis danos e perdas em todos os sentidos que ainda não tem sido possível mensurar todos os prejuízos.

Até o fechamento desta edição, já somam cem mortos e 128 desaparecidos. Estima-se que o número de mortos possa aumentar devido ainda a falta de registros atualizados. Enfim, uma grande tragédia que deverá gerar consequências por longos meses ou mais, até que seja possível obter a total recuperação do estado em todos os níveis.

 

“Espíritos de porco”

Mas como já seria previsível em situações de tragédias e catástrofes, há os “espíritos de porco” aproveitando-se da desgraça alheia para levar vantagens políticas ou econômicas. Da mesma forma que durante a pandemia, os oportunistas de plantão tentam explorar a tragédia para fins pessoais ou políticos. É preciso muito cuidado com golpes do Pix, ao depositar ajuda financeira em contas não confiáveis. O governador Eduardo Leite tem avisado sobre tais golpes, bem como informou que as contas confiáveis que estão recebendo Pix serão geridas por entidades privadas, e não pelo governo.

 

Fake news investigadas

Outra situação lamentável, são as fake news de motivação política. Em ano de eleições municipais, esta prática deplorável tende a se exacerbar. O governo federal inclusive pediu investigação à Polícia Federal sobre cerca de onze notícias falsas que estão sendo disseminadas nas redes sociais. Entre os supostos responsáveis, estão nomes como o do deputado federal Eduardo Bolsonaro, do senador Cleitinho (Republicanos-MG) e do empresário e influenciador Pablo Marçal. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, teria espalhado a fake news de que o governo federal levou quatro dias para enviar ajuda ao Rio Grande do Sul. O senador Cleitinho e Pablo Marçal teriam espalhado que Secretarias do próprio Rio Grande do Sul teriam barrado caminhões com carregamentos de ajuda nas estradas pedindo nota fiscal, por exemplo. Apenas, a notícia de que a ANTT teria multado um caminhão levando carregamento para ajuda foi confirmada pela própria agência. Porém, a ANTT disse que se tratou de um caso isolado, referente a um único caminhão. Há boatos espalhados de que o número de mortes e de estragos no estado seria muito maior do que a imprensa e governo estariam divulgando. Porém, nada de objetivo é dito além de aterrorizar a população. Ora, é lógico pensar que há ainda mais corpos a serem encontrados. Pois, a cada dia, tem aumentado o número oficial de mortos. Entretanto, espalhar o terror com mentiras a respeito de uma suposta manipulação de números por parte da Defesa Civil e imprensa é absurdo e maldoso. Se houvesse um número maior ainda de mortes já confirmadas pela Defesa Civil, a imprensa seria a primeira a divulgar. Não haveria motivos para esconder a real situação no estado.

 

Polarização

Também, é motivo de tristeza ver algumas poucas pessoas nas redes sociais acirrando a polarização política, quase comemorando e dizendo “bem-feito” ao Rio Grande do Sul por se tratar de uma população bolsonarista, em sua maioria. Tem se visto, inclusive, eleitores de esquerda enfatizando que os gaúchos estão precisando, até, da ajuda de nordestinos a quem humilharam nas eleições presidenciais passadas. Felizmente, tratam-se de pessoas anônimas, sem influência midiática, e que só revelam sua ignorância, preconceito e perversidade. Acredito que a melhor forma de lidar com tanta ignorância e baixeza é neutralizar tais discursos não dando “Ibope” para eles. Ignorar é a melhor estratégia, deixando-os no anonimato.

 

Alta nos preços dos alimentos

Por fim, é importante ressaltar que a catástrofe no Rio Grande do Sul deverá gerar impactos a todo o país. O estado é um grande produtor de alimentos. Conta com um forte agronegócio. É responsável por 70% da produção nacional de arroz, por exemplo. O governo federal estuda a possibilidade de importar arroz, aliás, mas o ministro Haddad disse que vai depender de como estão os preços. A pecuária também já está sendo afetada. O impacto nos preços dos alimentos em todo o país será marcante.

 

Impactos globais

Afinal, se até a guerra na Ucrânia, do outro lado do mundo, afetou nossa economia, o que dizer do impacto causado por um estado que é a sexta economia do país? Além do mais, as mudanças climáticas chegaram para ficar e nenhum estado brasileiro ou país está livre de sofrer consequências de repercussão nacional ou global. Hoje, é o Rio Grande do Sul. Amanhã, poderá ser qualquer outro estado brasileiro a sofrer com inundações, secas, ciclones ou perdas agrícolas decorrentes das mudanças no clima que ocasionam danos imensos a safras e colheitas estratégicas para a economia, inclusive, ao nível das exportações. O Brasil é um grande exportador de commodities. Há uma demanda premente por ações emergenciais e estruturais, de curto, médio e longo prazo, para minimizar os danos das catástrofes climáticas que têm se tornado cada vez mais intensas e frequentes.

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