Sob pressão de Bolsonaro e das Forças Armadas, TSE torna público documento sobre segurança do sistema eleitoral brasileiro
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Sob pressão de Bolsonaro e das Forças Armadas, TSE torna público documento sobre segurança do sistema eleitoral brasileiro

Na quarta-feira (16/02), o presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, divulgou documento enviado às Forças Armadas sobre o processo eleitoral. As Forças Armadas haviam enviado ao TSE um rol de cerca de 48 perguntas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas e a segurança de todo o processo eleitoral. A decisão foi tomada em conjunto entre Barroso e dois futuros presidentes do órgão, Edson Fachin e Alexandre de Moraes.

Barroso disse que a divulgação pública do documento enviado às Forças Armadas deu-se em razão de se tratar de assunto de interesse público e de não causar nenhum risco a segurança do sistema do TSE. As perguntas feitas pelas Forças Armadas referem-se a uma série de questões técnicas sobre TI e segurança da informação.

Comissão da Transparência Eleitoral

A Comissão da Transparência Eleitoral criada pelo TSE, vale lembrar, conta com a participação de um general. E as Forças Armadas foram convidadas pelo órgão máximo da Justiça Eleitoral no país a acompanharem todo o processo das eleições de 2022.

TSE sob pressão

É evidente que a divulgação do documento é resultado da pressão feita por Bolsonaro a partir de suas lives de quinta-feira. O presidente da República voltou a falar da vulnerabilidade do sistema eleitoral brasileiro. As Forças Armadas agiram encaminhando as perguntas. Barroso, naturalmente, tem a função de zelar pela credibilidade do sistema eleitoral brasileiro perante a opinião pública em todos os seus pronunciamentos e entrevistas à imprensa. Mas, depois da pressão das Forças Armadas e de Bolsonaro ter vazado “informações sensíveis” que estariam sob sigilo, nas palavras dele mesmo, do inquérito da PF sobre invasão hacker ao site do TSE nas eleições de 2020, o caldo engrossou. Barroso disse que o presidente vazou informações que poderiam comprometer a segurança do sistema se caíssem nas mãos de hackers. E acrescentou que Bolsonaro já é investigado por divulgar tais “informações sensíveis”.

Avaliação das Forças Armadas

A rede de telejornalismo CNN teve acesso ao documento enviado às Forças Armadas. Trata-se de perguntas que não apontam falhas, pedem informações técnicas. A expectativa, de agora em diante, é a avaliação das Forças Armadas sobre as respostas às perguntas. As Forças Armadas contam com especialistas em segurança da informação e o que a sociedade aguarda é este retorno: as respostas satisfazem as dúvidas? Há motivos para preocupação quanto a lisura de todo o processo eleitoral brasileiro?

Acusação a Rússia

Estranhamente, o ministro do STF, Edson Fachin, que deverá substituir Barroso na presidência do TSE, dentro em breve, fez uma declaração constrangedora. Disse ele que o sistema do TSE encontra-se potencialmente vulnerável a invasão de hackers, sobretudo da Rússia. Disse isso quando Bolsonaro já estava na Rússia, em encontro com o presidente Vladimir Putin. Fachin praticamente acusou o país do leste europeu de eventualmente permitir invasão hacker ao TSE. Uma acusação grave, muito constrangedora, que só pode ter a intenção de atingir Bolsonaro. Na fértil imaginação do ministro, a Rússia seria capaz de dar apoio a uma suposta tentativa de Bolsonaro tentar influenciar as eleições a seu favor. Fachin estaria insinuando que o presidente da República seria capaz de forçar sua reeleição na base da fraude? Teria sido um “ato falho” de Fachin ao admitir que o sistema pode ser invadido por hackers? O tiro parece ter sido no pé. Desse jeito, termina por concordar com a direita, admitindo a vulnerabilidade do sistema.

A melhor defesa é o ataque

A tática de Fachin é defender acusando o adversário. O próximo presidente do TSE é notório esquerdista e não surpreenderia uma tentativa de incutir na opinião pública a ideia de que, quem busca a fraude, é a direita conservadora. O próprio Barroso tem feito críticas ácidas ao presidente, dizendo que Bolsonaro quer, mesmo, é uma cópia mambembe do que fez Trump quando perdeu a reeleição nos EUA, a partir da invasão do Capitólio.

Proibido desconfiar

Enfim, esquerda e direita acusam-se mutuamente de tentarem ferir a democracia. Enquanto isso, o povo não-adestrado pela propaganda progressista da imprensa em prol da “segurança inquestionável das urnas eletrônicas” permanece na desconfiança. Não obteve, ainda, a transparência suficiente para ter certeza que o seu voto está seguro e garantido nas mãos do sistema do TSE e a democracia protegida. Esta mesma democracia que deveria garantir a liberdade de questionar a lisura do próprio processo democrático a partir do sistema eleitoral. Desconfiar da segurança das urnas eletrônicas tornou-se proibido. Quem o fizer, corre sério risco de ser mais um dos “cancelados”. Essa postura autoritária do discurso único só aumenta as desconfianças do povo. Agora, é com as Forças Armadas. O que se espera é que leve a público seu parecer sobre o documento enviado pelo TSE a fim de que o eleitor, ao menos, possa contar com uma avaliação técnica dos próprios quadros das Forças Armadas sobre as referidas respostas às perguntas.

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