quarta-feira, 1 de maio de 2024
Senado põe STF no devido lugar com aprovação da PEC das Drogas

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Senado põe STF no devido lugar com aprovação da PEC das Drogas

Em resposta a iniciativa do STF – Supremo Tribunal Federal – de atropelar, mais uma vez, as prerrogativas do Congresso Nacional, o Senado Federal aprovou, no dia 16, terça-feira, a PEC das Drogas, em dois turnos de votação numa única sessão. Obteve-se ampla maioria com 53 votos favoráveis e nove contrários, sendo que o necessário para aprovação eram, ao menos, 49 votos dos 81 senadores.

 

Anseio da sociedade

A Proposta de Emenda Constitucional 45/2023 é de autoria do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ofereceu uma resposta satisfatória aos anseios da sociedade pela manutenção da criminalização da posse e do porte de drogas ilícitas. De acordo com pesquisas, 70%da população não apoia a descriminalização das drogas, nem, mesmo, da maconha. Mas, mesmo assim, o STF vinha formando um entendimento para a descriminalização. Contudo, o julgamento na Corte foi suspenso depois do ministro Dias Toffoli pedir vista para ganhar mais tempo para analisar o caso.

 

“Invasão de competências”

Em resposta a essa movimentação do STF de ir contra os anseios da sociedade, Pacheco apresentou a PEC, enfatizando que se trata de ”invasão de competências” o julgamento desse tema pela mais alta Corte do país. Logo ganhou apoio da oposição e do Centrão. Em um mês, a tramitação avançou, após pressão da oposição para que a CCJ votasse a PEC antes do STF finalizar o julgamento do tema. Pois, anteriormente, a ideia no Senado era esperar o fim do julgamento no STF para a Casa começar a votar a PEC das Drogas.

 

PT é contra

A orientação do PT para a bancada foi pelo voto contra a PEC. Inclusive, houve ameaças de retaliação a quem votasse a favor, a exemplo da suspensão do tempo de fala em participação nas comissões. A base governista votou a favor, entre partidos que inclusive têm ministérios, a exemplo do União Brasil, do PSD, do PSB, do PDT e do Republicanos. Bem como o PL, o Novo e o PP votaram a favor. Apenas, o MDB liberou a bancada. A tramitação teve início em 17 de março e, de acordo com o Regimento Interno para as PECs, precisou passar por cinco rodadas de discussões antes de ir ao plenário.

 

País sem preparo

O relator senador Efraim Filho (União-PB) comemorou o resultado ressaltando que o país não está preparado para a descriminalização da posse e do porte das drogas, nem, mesmo, da maconha. E pontuou que a quantidade não pode ser o único critério para definição de uso pessoal ou tráfico. Lembrou que há casos em que se prende traficantes sem nenhuma droga com eles.

 

Usuário e traficante

O texto da PEC das Drogas não apresenta critérios claros para definição de usuário e traficante. Mas o relator acolheu sugestão do líder da oposição senador Rogério Marinho (PL-RN) para manter a distinção a partir das condições encontradas no momento da apreensão, além das penas alternativas ao usuário e encaminhamento para tratamento da dependência química. Atualmente, a Lei das Drogas (11.343/2006) já prevê a criminalização da posse e do porte de drogas, bem como não define uma quantidade de entorpecentes como critério. Costuma caber ao juiz estabelecer a distinção de acordo com uma série de critérios, julgando-se caso a caso. O que a PEC aprovada faz é reforçar a atual lei a partir da Constituição Federal, que deverá ganhar, se aprovada, também, no Congresso Nacional, e sancionada pelo presidente da República, em seu artigo 5, o texto: ”a lei considerará crime a posse e o porte, independentemente da quantidade, de entorpecentes e drogas afins sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.

 

Apreciação na Câmara

O texto segue para apreciação na Câmara dos Deputados e a expectativa é a de que Arthur Lira não venha a criar dificuldades para a votação. Considerando-se, aliás, que o momento não é dos mais amistosos entre o presidente da Câmara e o Palácio do Planalto, aliás. Lira tem dedicado os últimos dias a acolher uma série de projetos que vão contra os interesses do governo depois do recente embate que teve com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, quando o chamou de “incompetente” e referiu-se a “desafeto pessoal”.

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