terça-feira, 7 de maio de 2024
Rosilda dos Passos, uma jovem senhora que conhece Pinhais como poucos

Rosilda dos Passos, uma jovem senhora que conhece Pinhais como poucos

por Noelcir Bello

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Filha de Jacob Macanhan, Rosilda dos Passos nasceu em frente ao Bosque Bordignon, na chácara de seu pai. Lá cultivavam vinho e também tinham uma vaca leiteira. Nossa entrevistada nos contou que, ao se casar, seu sobrenome foi retirado do registro.

Rosilda lembra que mesmo pequena sempre acompanhava seu pai em todos os eventos que aconteciam na cidade, inclusive esteve presente na inauguração do primeiro posto de saúde do município, no bairro Weissópolis, localizado em uma propriedade do Seu Mario Kosmiev, bem como na inauguração da Escola Maria Chalkoski, que na época eram apenas duas salas de madeira.

Conheceu o João Leopoldo Jacomel e Arnaldo Faivre Busato, que, inclusive, segundo ela, morreu muito jovem. “A família dele trabalhava com curtume, no alto da Rua XV de Novembro, em Curitiba, onde usavam muitos produtos fortes. Isso acabou prejudicando a sua saúde”, disse.

Relembrar é viver

Rosilda lembra que no passado a Rodovia João Leopoldo Jacomel era chamada de Rua do Encanamento e era fechada com uma porteira, na altura da atual Secretaria de Meio Ambiente, onde não era permitido o acesso sem a devida autorização. Nesta mesma rua, onde hoje é a Frutaria Parque Verde, seu pai inaugurou, em 1964, um baile, “O Baile Nem Nome”, com música ao vivo. “Foi uma fase muito cansativa, já que trabalhávamos a noite no baile e durante o dia tínhamos que cultivar as plantações na chácara e ainda lidar com as vacas. Sendo assim, resolvemos vender o salão para a Dona Clara”, lembrou.

Outro personagem que nossa entrevistada conheceu foi o falecido Euclides Fabri, responsável pela construção da Igreja Nossa Senhora do Carmo. “Ele visitava meu pai para fazer negócios. Fabri era o dono do mercado Sanremo, onde hoje é o Mercado Agricer, na Avenida Iraí”.

O grande homem de Pinhais, segundo Rosilda, foi o seu Bimba, já que ele trazia governadores e deputados para frequentarem sua casa.

“Ele era muito querido e influente. Através dele, vieram grandes obras para a região. Lembro bem do dia em que o Anibal Khuri esteve com o Bimba e os dois foram os grandes responsáveis pela emancipação de Pinhais. Inclusive, a energia elétrica que alcançava a rua até onde está o condomínio Portal de Pinhais, foi estendida até a nossa chácara por Paulo Pimentel, com a ajuda dos dois. Os fios foram puxados por nossos cavalos e levaram a energia também pra a família Bordignon”, comentou.

Professora dedicada

Em 1976, começou a lecionar no bairro Emiliano Perneta. Na escola não havia água encanada e a merenda feita para as crianças era muito simples e escassa. Lembra ainda que dependia do trem para ir até Piraquara e receber seu salário no banco, onde as filas eram enormes e demoradas, muitas vezes chegava atrasada para começar as aulas. Outro detalhe que não esquece é que o prefeito da época deixava o salário dos professores depositado até o dia 17 do mês seguinte, para render juros, que não eram destinados aos funcionários públicos.

Moradora da Avenida Camilo Di Léllis, Rosilda aponta que em seu terreno também não havia água encanada, naquela época. Só depois de um tempo, vieram os homens chamados “posseiros”, que abriam poços para os moradores. Seu pai foi proprietário de toda a região, desde o posto de gasolina na Camilo Di Léllis até próximo ao Colégio Chalcoski. “Meu pai era muito influente, mas não queria perder os amigos ao se meter na política. Por isso, foi ele quem lançou o Luiz Cassiano para concorrer ao cargo de vereador”, afirmou.

Apaixonada por bicicletas

Aos seis anos começou a andar de bicicleta, e desde então, nunca mais largou o gosto pelo pedal. Para frequentar a catequese na Boa Esperança, saia pedalando do bairro Perneta. Já adulta, sempre ia de casa até o Weissópolis de bicicleta para dar aula. “A maioria das pessoas iam para escola de bicicleta, assim como eu. Gosto muito dos passeios ciclísticos e sempre decoro a minha bicicleta para participar”, garantiu.

Rosilda disse ainda que era normal ir até Curitiba ou Piraquara pedalando. Atualmente, já aposentada e depois do falecimento do esposo, ficou um pouco desanimada para sair de bicicleta. Tem usado mais o ônibus, apesar de continuar adorando o ciclismo.

Aos 65 anos, nossa entrevistada tem uma ótima saúde e afirma que sempre cuidou de sua alimentação, comendo muitas frutas e legumes, tais como pêssego, pêra, caqui, uva, lima, pinhão, abobrinha e mandioca. Rosilda tem quatro filhos: o Ravel, a Amanda, a Tatiana e o Francis, e também quatro netos. É ainda voluntária na APCN há mais de oito anos, sendo a mais antiga. Participa três vezes por semana, como se fosse uma funcionária e faz questão de não faltar.

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