Quê futuro terão os jovens nas baladas se não fizerem sua parte para conter a Covid-19?
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Quê futuro terão os jovens nas baladas se não fizerem sua parte para conter a Covid-19?

No dia 5 de abril, a Prefeitura de Pinhais emitiu um novo Decreto Municipal flexibilizando o funcionamento do comércio considerado não-essencial. Assim, o comércio e serviços voltam a funcionar na cidade, respeitando-se os horários restritos no decreto e dias da semana, bem como a adoção das medidas sanitárias de prevenção a Covid-19. Vale ressaltar que há, ainda, atividades comerciais que permanecem suspensas, a exemplo de todas aquelas que promovem aglomerações como, festas, shows, baladas, congressos, seminários, buffets de festas, e outras. Pois, evidentemente, onde há aglomerações de pessoas, em especial, em locais fechados, é onde se encontram os principais focos de contágio, por mais que certas pessoas ainda teimem em não considerar esse alto risco.

EVENTOS CLANDESTINOS

O fato indubitável que tem levado ao crescimento vertiginoso da pandemia no Brasil, presenciado neste terrível mês de março, além da nova variante P1, muito mais infecciosa e agressiva, tem sido o não-cumprimento da suspensão de atividades como festas, shows e baladas. Desde dezembro passado, têm sido frequentes as festas, shows e baladas, muitas delas clandestinas, pelo país afora. Verão, festas de final de ano, temporada de praia e Carnaval, foram o estopim para boa parte da população brasileira largar mão dos cuidados e “curtir”. Quem segue a página do Instagram @brasilfedecovid sabe que não estou exagerando. É estarrecedor verificar a quantidade e frequência das festas e baladas que têm sido realizadas em todo o país, principalmente, em locais turísticos como Nordeste, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Shows de cantores sertanejos, de funk e outros também acontecem. As imagens em vídeos de denúncia destas festas mostram, obviamente, uma imensa maioria de jovens, todos sem máscara, dançando, bebendo e se aglomerando como se não houvesse pandemia, como se não houvesse amanhã. E, talvez, não haja amanhã para alguns, mesmo. Tem chamado a atenção o crescente número de mortes e internações na UTI de pacientes de Covid bem mais jovens que no ano passado, desde adolescentes até os 40, 50 anos. Médicos têm considerado esse novo perfil de doentes em função da variante P1, que não tem poupado os pulmões até mesmo dos mais jovens.Um efeito bastante comum entre jovens acometidos de Covid-19 é a chamada hipóxia, que é o comprometimento progressivo dos pulmões sem o sintoma da falta de ar logo no início. A hipóxia costuma ocorrer com pacientes mais jovens, que, por contarem com pulmões melhores, com mais capacidade respiratória, o sintoma da falta de ar demora a chegar, só aparecendo quando estes já se encontram com sua capacidade muito comprometida, em torno de 70 a 80%. E quando os pulmões já estão neste percentual de comprometimento torna-se muito difícil salvar o paciente.

MORTE DE JOVENS

Diante deste novo perfil de pacientes e desta ou novas variantes, já se tornou coisa do passado dizer que Covid-19 só é grave para idosos e a quem tem comorbidades. E infelizmente, são os jovens e adultos jovens os que mais têm se descuidado em relação aos protocolos sanitários, por se considerarem jovens e saudáveis. Talvez, movidos por aquela típica sensação que a juventude traz de ser “imortal”, de sentir que a morte ainda está muito longe, é que temos visto tantos deles se aglomerando em festas e baladas, e reuniõezinhas sociais. Além de correrem o risco de se infectaren, estarão levando o vírus a quem está em casa, a pais, irmãos, avôs e avós, podendo contribuir para o adoecimento ou a morte de seus entes queridos. Lamentavelmente, o país está perdendo muitas pessoas para a Covid que não precisavam morrer se houvesse mais cuidado e responsabilidade de todos. E atualmente já não se fala mais em morte apenas de beneficiários da Previdência Social, mas, de pessoas em plena idade produtiva, de estudantes, jovens adultos, de pessoas que poderiam estar fazendo a diferença no mercado de trabalho hoje ou daqui a uns anos. Perder pessoas em idade produtiva, do ponto de vista da economia, é muito mais trágico.

INCOERÊNCIA

A preocupação com a economia é perfeitamente plausível, contundente, fundamental. Contudo, por conta da irresponsabilidade de tantos que não cumprem as medidas sanitárias de uso de máscara ou frequentam festas e baladas, o comércio é o que mais sofre, principalmente, os pequenos. Francamente, sejamos sensatos: frequentar um pequeno comércio, com o uso de máscara e álcool gel adequadamente não costuma gerar contágio. O risco de contrair Covid-19 num grande hipermercado, com filas e muitos clientes ao mesmo tempo, é muito maior. O tempo que se passa fazendo compras dentro de um hipermercado costuma ser maior, também. E quanto mais tempo se permanece num ambiente fechado e com mais pessoas, maior o risco de contágio. Então, há coisas que estão bastante incoerentes no combate a pandemia. Proibiu-se frequentar praias, parques e praças, mas, se as pessoas continuarem fazendo festinhas e churrascadas dentro de casa, chamando parentes e amigos para reunirem-se, torna-se muito complicado barrar o avanço do vírus. Não é preciso muita gente de fora em casa para fazer um estrago. Basta um visitante infectado, geralmente, assintomático, para infectar um ou mais entre os presentes. Em minha opinião, não funciona muito fechar comércio se as reuniões sociais continuarem seguindo normalmente. Fundamental, também, é combater e punir duramente as festas, shows e baladas. E tomar providências urgentes quanto a super-lotação no transporte público. Acredito que ninguém quer a derrocada econômica do país, nem prefeitos e governadores, xingados de “comunistas” pelos partidários do presidente da República. Que prefeito ou governador quer perder arrecadação com o comércio fechado? Todos queremos prosperidade, empregos, renda, comércio pujante. Mas, se não houver conscientização de todos, ficará muito difícil. E esses jovens que continuam nas baladas podem até não morrerem de Covid-19, mas, num breve futuro, talvez, não encontrem emprego, ou um emprego decente, se não colaborarem fazendo sua parte – evitando aglomerações – para a economia voltar a crescer.

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