A primeira grande obra anunciada pelo presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, acreditem, se quiserem, é o financiamento de um gasoduto. Mas, incrivelmente, não no Brasil. É na Argentina. A impressão é que o país vizinho conta com um presidente mais preocupado com ele do que o próprio presidente Alberto Fernandez.
Em visita a Argentina, Lula disse que defende o uso do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) para financiar projetos de infraestrutura em países aliados, a exemplo do gasoduto. De acordo com o presidente da República, é ignorância pensar que o BNDES não deve emprestar dinheiro a outros países. Para Lula, nosso banco de fomento não só pode, como deve financiar, pois, se trata de um banco com capacidade para isso.
BNDES, o banco “amigo” de aliados
Em relação a capacidade do nosso banco, não posso discordar de Lula. Realmente, nosso banco de fomento é muito rico e poderoso, já tendo ajudado países como Cuba. Contudo, o problema não é emprestar dinheiro a outros países. O problema é emprestar e não ser pago. Nenhum banco deveria gostar de perder dinheiro. É por isso que os bancos, em geral, costumam avaliar bem seus clientes, no tocante a probabilidade de serem bons pagadores, antes de liberar um empréstimo. Isso acontece em relação a qualquer cidadão, pessoa física, também, antes de obter um empréstimo junto a bancos. Não, apenas, é um critério para pessoas jurídicas e países. Então, é, no mínimo, estranho, que o presidente Lula não demonstre essa preocupação em relação a Argentina, visto que a economia dos nossos “hermanos” está notoriamente quebrada. Acredito, ainda, que não é novidade para ninguém sobre o histórico de calotes que a Argentina carrega…
Déficit em gasodutos
Tão estranho quanto, é Lula querer que o Brasil financie gasoduto na Argentina quando faltam gasodutos, aqui. Muitos brasileiros não sabem, mas, temos uma grande produção de gás natural que é desperdiçada por falta de gasodutos. E o nosso gás é melhor que o da Argentina, por não ser altamente poluente como o de lá, que é a base de xisto. O custo dessa ação de “bom samaritano” do nosso governo está estimado em cerca de R$3,5 bilhões de reais. A obra, se for concretizada, deverá ser financiada em seu trecho que vai da região de Vaca Muerta até Santa Fé, perto do Uruguai, num percurso de 467 km. Por outro lado, o Brasil carece de gasodutos. Países de extensão territorial semelhantes ao nosso, como os Estados Unidos, possuem uma extensão muito maior, assim, como a Europa, que, também, tem uma extensão territorial próxima a nossa e conta com uma quilometragem bem maior para o escoamento do gás.
Perguntas sem respostas
Assim, revela-se totalmente descabida a prioridade que o novo Governo Federal quer dar a um gasoduto na Argentina. A não ser que haja outras vantagens por detrás, a exemplo das tantas que o BNDES já trouxe a políticos e empresários adeptos do petismo… O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, também poderia recorrer a outros bancos, internacionais, a exemplo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que costuma financiar esse tipo de obra de custo elevado. Mas, certamente, prefere o banco brasileiro, pela relação de “camaradagem” que costuma haver entre dois presidentes de ideologias alinhadas.
“Ajuda” a aliados ideológicos
Enfim, já era previsto que a eleição de Lula traria essa aproximação maior com a Argentina, que, também, está sendo governada pela esquerda. Penso, também, que não é surpresa a ninguém o uso do BNDES para “ajudar” países aliados na América Latina. Quem votou no presidente eleito deve estar satisfeito com as novas medidas. O PT já é bastante conhecido em seu modus operandi. Afinal, ficou quatorze anos no poder.
Empréstimo pago pelo trabalhador
Não é preciso nem explicar quem pagará a conta, caso a Argentina dê o calote. Uma nova reforma tributária vem chegando para acertarem quanto sairá essa conta para o trabalhador brasileiro que paga honestamente seus impostos.
Moeda única
Lula e Alberto Fernandez demonstram estarem empolgadissimos com a amizade entre os dois países. Tanto que o petista tem reafirmado a proposta de criar uma moeda única para os dois países: o “Sur”. Há brasileiros já apavorados com a ideia, prevendo uma catástrofe econômica, acreditando que o Real vai acabar. Fiquem tranquilos, caros leitores. Esta é a mais inocente e inócua das medidas do novo governo. Se prosperar, a nova moeda será utilizada apenas para trocas comerciais entre os dois países, nas operações de exportação e importação. O Real não vai acabar, nem enfraquecer por causa disso. O objetivo é tentar desvincular as trocas comerciais entre os dois países da dolarização, algo impossível, pois, os preços das commodities continuará em dólar, não havendo como escapar dessa realidade.
Além disso, é preciso lembrar que a criação de uma nova moeda leva tempo e demanda uma série de requisitos difíceis de serem atendidos. Um “banco central” para Brasil e Argentina precisaria ser criado para emitir a nova moeda. A Argentina tem uma economia muito diferente da nossa, com metas de inflação impossíveis de serem equiparadas, entre outras coisas a serem ajustadas. Tudo indica que não passa de um blefe para demonstrar alinhamento ideológico e fortalecimento político entre dois países que comungam da mesma ideologia.
Elogio a economia argentina
Mas, o mais inesquecível dessa viagem a Argentina foi o elogio que Lula fez a economia do nosso vizinho. O petista afirmou que o país vizinho fechou 2022 muito bem, tanto no futebol, como na política e economia. Lula deve ter se empolgado com a Copa do Mundo e excedeu-se nos agrados ao país “camarada”. A Argentina está com uma inflação de quase 100%, enquanto o Brasil, de quase 10%. Se a Argentina vai “bem”, nós estamos muito ricos, nessa comparação. Talvez, tenha sido apenas uma gentileza exagerada. Da mesma forma que, quando visitamos a casa de alguém, tendemos a tecer elogios e, jamais, criticar.Uma política de boa vizinhança, de tratar bem ao anfitrião que soou, até, mesmo, cômica, em face da lamentável situação econômica dos argentinos.
Uma resposta
Inflação de quase 10%???? “A inflação oficial do Brasil fechou 2023 a 4,62%, o menor nível anual desde 2020”. “O Brasil terminou 2023 como a 9ª maior economia do mundo. O PIB (Produto Interno Bruto) do país subiu duas posições na comparação com o ranking de 2022, de acordo com a agência de risco Austin Rating. O crescimento registrado foi de 2,9% em 2023”. Afff…