segunda-feira, 29 de abril de 2024
Prefeito de Piraquara fala das conquistas e desafios de sua gestão

Prefeito de Piraquara fala das conquistas e desafios de sua gestão

por Angelo Stroparo

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Na segunda-feira (17) a reportagem do jornal A Gazeta Metropolitana conversou com o prefeito de Piraquara, Marcus Tesserolli (PDT). Durante a entrevista, Marquinhos abordou diversos assuntos de interesse da cidade e sua população, tais como infraestrutura, saúde, educação e administração das finanças do município. Na oportunidade, o prefeito elucidou algumas dúvidas relacionadas a repasses de Royalties e PEC das Águas.

A Gazeta Metropolitana: Dois anos e oito meses de mandato se passaram. Obras são vistas pela cidade, contudo, a oposição tem questionado a administração municipal e cobra mais agilidade na execução de obras. O que o Senhor diz sobre isso?

Prefeito Marquinhos: Assumimos a Prefeitura com uma dívida consolidada de mais de R$ 30 milhões. Isso acaba impactando a capacidade de endividamento da cidade. Para exemplificar: quando uma prefeitura vai atrás de crédito, funciona, mais ou menos, como quando uma pessoa física o faz, ou seja, a partir daquilo que se ganha em contrapartida ao que se deve. Muito foi trabalhado apenas para pagar parte dessa dívida. Hoje, o valor devido é pouca coisa acima dos R$ 10 milhões. Porém, além dessa dívida consolidada, herdada de gestões anteriores, a cidade devia quase R$ 10 milhões a fornecedores. E esta já foi quitada.

 

A Gazeta Metropolitana: E quanto à demora na execução de obras?

Prefeito Marquinhos: Pegamos uma prefeitura endividada, sem condições de viabilizar projetos. Tivemos que promover uma grande reestruturação na administração. Por isso as obras não puderam acontecer de forma rápida. Então, a partir desse, digamos, ajuste administrativo, passamos a discutir e planejar a cidade, indo ao encontro do clamor da população. Foi necessário avaliar nossas condições técnicas, financeiras e a necessidade dos munícipes, antes de qualquer coisa. Feito isso, focamos em obras na cidade.
Recentemente, meu antecessor disse que estávamos dando continuidade aos projetos da gestão anterior. A isto, rebato: promessa, não é projeto. Prometer que vai pavimentar uma rua, ou realizar qualquer outra obra que seja, é uma coisa. Executar, é outra. Isso exige projetos e recursos financeiros.

 

A Gazeta Metropolitana: E o que o senhor tem a dizer sobre os comentários de seu antecessor com relação a atual administração dar continuidade aos projetos iniciados na gestão anterior?

Prefeito Marquinhos: Se eu tivesse assumido uma administração com projetos aprovados e dinheiro em caixa, e apenas tocasse o que já estava preparado, aí sim, eu estaria dando continuidade ao trabalho de quem me antecedeu. Mas, foi assim que aconteceu em Piraquara? Não. Obras de pavimentação que hoje são realidade, são frutos dos projetos da nossa administração. É evidente que existem prioridades para execução das obras. Tem morador ouvindo promessa de asfalto na rua onde mora há cinco gestões. Na minha gestão, estas ruas já começaram a receber pavimento, justamente pela prioridade, dada a longa espera. Quero deixar bem claro. Seja para fazer pavimento, creche, praça, UPA e outras obras, promessa sempre houve. Mas promessa, repito, não é projeto.

 

A Gazeta Metropolitana: Como foi estruturado o planejamento da cidade e quais têm sido as melhorias?

Prefeito Marquinhos: Estruturamos a Prefeitura a partir de um corpo técnico. E por quê isso? Haviam dois engenheiros na Prefeitura, e um deles ganhou a eleição e hoje é prefeito. Claro que um engenheiro não toca um projeto sozinho, com todas as demandas inerentes ao processo. Por isso, montamos uma equipe especializada, a fim de elaborar e desenvolver os projetos que visam as benfeitorias e o desenvolvimento da cidade. É importante lembrar que, antes da nossa gestão, cidadãos piraquarenses que entrassem no prédio da Prefeitura cansavam de ver filas de fornecedores, cobrando pagamentos em atraso. Hoje, bato no peito e digo: Piraquara está com as contas em dia. Existem, obviamente, despesas correntes e programações. Mas está tudo sob controle, dentro do planejado. As nossas contas estão em dia. Já temos o dinheiro para as contrapartidas e para o décimo terceiro dos servidores, por exemplo.

 

A Gazeta Metropolitana: Muito se cobra, também, na área da saúde. O que se fez até agora?

Prefeito Marquinhos: Na gestão anterior, ou melhor, nos oito anos que nos antecederam, foi construída apenas uma unidade de saúde. Nós, em menos de três anos, construímos três: uma no São Cristóvão, uma que chamamos Bela Vista, mas que fica no Recanto das Águas, e outra no Madre Tereza de Calcutá. Abrimos uma Farmácia Popular no Guarituba e ainda vamos reativar a UPA 24 Horas – cuja licitação foi realizada na gestão anterior e a empresa não cumpriu com o contratado. Estruturamos a saúde pública a partir da criação de espaços físicos também.

 

A Gazeta Metropolitana: Onde se encaixa, então, a queixa da oposição que diz faltar médicos?

Prefeito Marquinhos: Para começo de conversa, falta de médicos é uma carência nacional e não está restrita ao nosso município. Sim, temos o Programa Mais Médicos, do Governo Federal, que tem nos ajudado nessa questão. Mas, por outro lado, há um fato histórico, marcante para Piraquara: não existem mais OCIPS (Empresas que terceirizavam médicos, como sempre aconteceu, ao longo dos anos, na cidade). Não culpo meus antecessores por conta disso, muito pelo contrário, era a forma com a qual se contratava médicos. O que acontece agora é que licitações foram feitas e, num primeiro momento, a empresa licitada promove a mudança de médicos no quadro. Não é que não tem médico. O que acontece é que alguns não atendem mais naquela unidade. Mas têm outros médicos em seus lugares. Já com relação a algumas especialidades, realmente ainda não conseguimos suprir todas as demandas da população. E esse problema não é diferente em Curitiba, Pinhais, Quatro Barras, Campina Grande do Sul ou em São José dos Pinhais, para citar apenas as cidades mais próximas – referências nossas, por sinal, muito bem administradas.

 

A Gazeta Metropolitana: E quanto à falta de remédios?

Prefeito Marquinhos: O Município de Piraquara é responsável por um tipo de medicamento que integra um Consórcio de Saúde, do qual fazemos parte. O Consórcio, junto ao Governo do Estado, compra esses medicamentos e distribui. Quando o cidadão não encontra o tal remédio, é porque o Consórcio teve algum problema, por exemplo, na compra ou na distribuição, e isso resultará na falta do medicamento. Ou seja, não é falha no sistema do município. Porém, sempre haverá quem diga que a Prefeitura não oferece remédio suficiente para todo mundo. Por ética, não ficamos empurrando a responsabilidade de um para o outro, mas, com relação aos medicamentos, isso acontece assim.

 

A Gazeta Metropolitana: E o que a Prefeitura tem feito para atender as demandas por creches?

Prefeito Marquinhos: Para atender a necessidade do município, teríamos de construir de 10 a 13 novas unidades de CMEIs. Na gestão que nos antecedeu, foi construído uma, e outra foi fechada. Hoje, são três em construção, uma no Recanto das Águas e duas na região do Guarituba. Para atender toda a necessidade, novamente, esbarramos na liberação de recursos, mas temos buscado tornar o processo mais ágil.

 

A Gazeta Metropolitana: Uma questão muito presente nas discussões sobre administração pública em Piraquara, aliás, diz respeito aos recursos financeiros. Base e oposição acreditam que a contrapartida oferecida ao município pelas mananciais não chega ou é insuficiente.

Prefeito Marquinhos: Na verdade, o Governo Estadual tem sido um parceiro importante da nossa gestão, não posso me queixar. O repasse dos Royalts e da PEC das águas são feitos com regularidade. O que se questiona são os valores. Talvez, seja pouco. Hoje recebemos pouco mais de um centavo de Real por metro cúbico de água. Isso precisa ser discutido junto à Sanepar, com todo respeito que temos pela instituição e pelo Governo do Estado.

 

A Gazeta Metropolitana: E os R$ 100 milhões que, segundo alguns vereadores, o município deveria receber?

Prefeito Marquinhos: Alguns colocaram esse valor na cabeça, crendo que Piraquara deveria receber R$ 1 milhão/mês…

 

A Gazeta Metropolitana: E a PEC das águas?

Prefeito Marquinhos: Aí está o detalhe: existe o projeto da PEC das águas, que é uma coisa. Já o valor, é outra. Naquela época, pensava-se que a Sanepar deveria repassar em torno de R$ 1 milhão/mês, porém, o valor pago sempre foi em torno de R$ 80 mil/mês.

 

A Gazeta Metropolitana: E como isso se desembaraça e chega a uma resolução?

Prefeito Marquinhos: Isto é uma demanda judicial. Porque existem acionistas da Sanepar que afirmam que a empresa não deve nada ao município. E é preciso entender que, pelo lado destes, existe a Constituição dizendo que as reservas hídricas não pertencem ao município, mas sim à Federação. Claro, existem leis e, ao mesmo tempo, os questionamentos. Piraquara questiona esses valores, porém, é preciso ter muito cuidado nesta discussão porque também há quem entenda que até o pouco que recebemos é indevido. Mas estamos em negociação com a Sanepar referente a dois temas: ao aumento dos repasses e à renovação da concessão – que é assunto paralelo ao primeiro.

 

A Gazeta Metropolitana: Há um programa de pavimentação em andamento no município. O que o Senhor gostaria de dizer sobre as obras?

Prefeito Marquinhos: Esse é o maior projeto de pavimentação da história de Piraquara. Temos feito com muito critério, e a toda hora sou cobrado pelos moradores a respeito do pavimento em suas ruas. É é bem compreensível que seja assim, porque para o morador, a rua mais importante é a rua onde ele mora. Mas há um cronograma de obras. Esses dias comentei com alguns moradores que já fizemos ruas importantíssimas e, no momento, não tenho como pavimentar outras vias no Ipanema, Bela Vista e Recanto das Águas, porque já realizamos um grande projeto de pavimentação ali. Atualmente, há duas ruas da Planta Deodoro sendo entregues, Ruas da Paz e Gerdal Ribeiro; no Guarituba tem a Rua Heitor Pallú e a Richard Lickfield; tem a Avenida Brasília, que liga a Vila Macedo à Vila Militar; há três vias no Santa Mônica, as Ruas Teixeira Soares, Francisco de Assis e Da Glória, além de mais três na Planta Santa Catarina.

 

A Gazeta Metropolitana: E a Rua Francisco José de Souza e a Francisco Esbrícia, no São Cristóvão?

Prefeito Marquinhos: Acabei de assinar o documento a fim de providenciar essa licitação. Inclusive, já estou providenciando os projetos de pavimentação de mais algumas ruas. Duas na Vila Fuck e algumas no Araçatuba – onde ainda não executamos pavimentação.

 

A Gazeta Metropolitana: Pensando um pouco no futuro. Com o término da triplicação na Leopoldo Jacomel, e a consequente melhora de acesso, é de se esperar que o movimento na cidade aumente e que ocorra um crescimento. Com tantas dificuldades em expandir a arrecadação, muito por conta de limitações inerentes às áreas de preservação ambiental (APA), existe algum projeto ou ação para aumentar os recursos financeiros de Piraquara?

Prefeito Marquinhos: Temos um estudo para implantar um parque industrial. Existe a possibilidade, apesar das restrições para Piraquara – maiores que as enfrentadas por outros municípios da região.

 

A Gazeta Metropolitana: Que tipo de indústria poderia vir para cá, hoje? Área de tecnologia, por exemplo?

Prefeito Marquinhos: Não. Para exemplificar a dificuldade cito empresas de logística. Neste ramo, basicamente descarregam caixas de um caminhão, depois carregam em outro para realizar a distribuição dos produtos no comércio E já são grandes as complicações para conseguir uma licença. Sendo assim, dependemos do Governo Estadual para nos auxiliar a encontrar o lugar adequado para criar esse parque industrial. Temos esperança, porque cidades como São José dos Pinhais, Pinhais e Quatro Barras já estão com espaços saturados e, agora, é preciso novas alternativas. Então, mesmo sabendo que não será fácil, temos esperança.

 

A Gazeta Metropolitana: Para finalizar, que mensagem o senhor gostaria de deixar à população de Piraquara?

Prefeito Marquinhos: Dentro do contexto inicial da conversa, fizemos uma elaboração sobre a estrutura que tínhamos para promover uma reestruturação na Prefeitura. Foi necessário ver nossas condições técnicas e financeiras, além dos anseios da população. Enfim, determinar prioridades. E é nelas que focamos, mas é preciso ter pé no chão. Não dá para ser irresponsável, prometer mundos e fundos. Até porque fui engenheiro da Prefeitura, e durante esse tempo presenciei alguns gestores prometer e não conseguir cumprir. Quando digo isso, não afirmo que mentiram. Apenas observo que não houve preparação necessária capaz de honrar o que foi dito. Tomo isso como ensinamento, e tenho tido o cuidado para não cair no mesmo engano. Então, faremos, sim, obras no São Cristóvão e na Vila Fuck. Estamos desenvolvendo projetos de pavimentação em anti-pó, como foi feito no Jardim Esmeralda. Já dividimos a cidade em cinco áreas para receber esse tipo de pavimentação. E conto com o apoio dos vereadores, que têm sido parceiros importantes, embora alguns discursos sejam mais inflamados. E eu entendo isso, por que são “para-choques” da gestão, e os problemas aparecem primeiro para eles, porque estão nas ruas, diariamente. Então, respeito o trabalho do vereador e reconheço a importância do papel do Legislativo que, inclusive, devolve verbas, o que é muito importante para realização de algumas obras.

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