Bolsonaro não foi reeleito, contudo, não se pode afirmar que saiu enfraquecido politicamente destas eleições presidenciais. A derrota foi por um triz, menos de 2% de diferença para o candidato petista. Uma diferença, por assim dizer, irrisória. O resultado de uma eleição tão dividida foi visto nos dias seguintes às eleições do segundo turno. Milhões de pessoas nas ruas, nas estradas.
O movimento em apoio ao presidente teve início com a paralisação dos caminhoneiros, porém, foi muito além, ganhando a adesão de populares, do povo em geral, eleitor do Bolsonaro, que tomou conta das ruas, da frente dos quartéis em cidades de todo o país. Nas capitais e cidades do interior o povo foi para as ruas para defender seus ideais, que são simples: amor à Pátria, liberdade de expressão, defesa da família, da justiça, da livre iniciativa privada, da liberdade religiosa. Gente trabalhadora, pais e mães de família de todas as classes sociais que só querem direito ao trabalho e a uma vida digna, próspera, que defendem menos impostos, menos Estado interferindo na vida das famílias e do empreendedor, e liberdade de pensamento e de expressão. Povo nas ruas no Sul, Sudeste, Centro-Oeste, no Norte e até em capitais do Nordeste, onde o petista obteve imensa votação.
Manifestações legítimas
Como era de se esperar, as manifestações populares foram tratadas como “golpistas” pela grande imprensa e oposição a Bolsonaro. Mas, nada mais foi do que uma expressão de indignação e revolta do eleitor com a eleição de Lula, por motivos óbvios retratados amplamente pela própria imprensa durante os tempos idos da Operação Lava-Jato. Penso que nada mais justo e democrático do que poder expressar nas ruas o apoio ao presidente em uma campanha que transcorreu num cenário bastante atípico em se tratando de igualdade e paridade na disputa em razão de decisões arbitrárias do TSE.
Arbitrariedades do TSE
O sentimento de milhões de brasileiros que votaram em Bolsonaro foi de injustiça durante o processo eleitoral para os quais um candidato obteve privilégios do TSE e, o outro, perseguição desta mesma corte. A desconfiança sobre uma possível fraude nas urnas também pairou na mente do eleitorado do presidente da República. Uma diferença mínima entre os candidatos, de menos de 2%, suscita desconfianças. Em ditaduras como na Venezuela também verificou-se uma vitória do candidato de esquerda por uma pequena diferença.
Expressão de indignação
Ao contrário do que tem dito a grande imprensa, os manifestantes não pedem “golpe militar”, ”ditadura militar” e intervenções radicais dessa natureza. O movimento representa, em sua essência, a demonstração de indignação de uma grande população com o resultado de uma eleição que não contou com a lisura necessária ao processo durante a campanha, bem como foi uma demonstração de apoio, até mesmo, apoio moral, a Jair Messias Bolsonaro e seu governo. Se estamos realmente em uma democracia, o direito de livre manifestação popular deve ser salvaguardado, ao invés de execrado pela opinião de uma mídia tendenciosa que, salvo exceções, demonstrou apoio velado ou aberto a candidatura de Lula.
Capital político do Jair
Passadas as manifestações, é hora de contabilizar o capital político de Jair Bolsonaro. Que não é nada desprezível. Conforme colocado na abertura deste artigo, há um saldo positivo para o presidente da República. Foram 58 milhões de brasileiros a votar nele. Um número mais alto que no segundo turno e mais alto que em 2018. Estes dividendos políticos, mais a imensa população nas ruas, conferem ao presidente uma liderança que pode se estruturar e crescer para as eleições de 2026. Assim como fortalecem aqueles parlamentares e políticos eleitos com seu apoio. Foram 99 parlamentares eleitos com o apoio do presidente nestas últimas eleições. A bancada do governo no Congresso Nacional já se articula para fazer oposição ao governo Lula. Teremos um Congresso Nacional, a partir de 2023, com mais parlamentares conservadores ou de direita liberal, que articulam-se para fazer oposição ao futuro governo Lula.
Insatisfação popular
São 58 milhões de eleitores que demonstraram insatisfação com o resultado das eleições. Estas pessoas, junto com parlamentares de oposição, prometem exercer dura fiscalização ao governo Lula. A tendência é esse povo começar a ir para as ruas, em protesto, diante das primeiras maracutaias e projetos polêmicos que o futuro governo tentar aprovar. A expectativa é a de que não haverá pacificação, uma vez que se trata de uma eleição em que o petista, por muito pouco, venceu. Não estamos falando de um futuro governo Lula de ampla aprovação popular, que tenha sido eleito com favoritismo.
Fiscalização
Logo, de agora em diante, é preciso mobilização popular e olhos e ouvidos bem atentos a fim de cobrar comprometimento do Congresso Nacional com pautas que realmente sejam de interesse do povo. O Parlamento precisa demonstrar ser o fiel da balança nesse cabo de guerra instalado na política nacional devido a uma acirrada polarização. Lula sabe que não terá o aval de ampla maioria no Congresso para a aprovação de projetos extremamente polêmicos como a regulação da mídia, por exemplo. Mas, terá de lidar com um Orçamento feito ainda no governo Bolsonaro, em 2023. Que já está sendo tratado pela imprensa com condescendência. Deverá estourar o teto de gastos, ”excepcionalmente” como disse o Meirelles, para bancar os R$600,00 de Bolsa-Família, valor também prometido por Bolsonaro. Mas, agora, o que se criticava em Bolsonaro é visto como algo necessário para cumprir uma promessa de campanha.
Imprensa condescendente
Enfim, já estamos assistindo a uma prévia do que será nos próximos anos. Uma imprensa bem mais amena no tom, para dizer o mínimo. Mais um motivo para o povo ficar atento ao que se passará no futuro governo sem contar com a fiscalização intensa que se fazia no governo Bolsonaro, beirando a perseguição. De agora em diante, o povo terá de diversificar, em muito, suas fontes de informação se quiser realmente estar a par do que acontece no Governo Federal.