quinta-feira, 9 de maio de 2024
Pandemia na saúde mental corre paralelamente à pandemia de Covid-19

Pandemia na saúde mental corre paralelamente à pandemia de Covid-19

 

Paralelamente à pandemia de Covid-19, corre mais silenciosamente uma verdadeira pandemia na saúde mental das pessoas, que se revela preocupante. Quem fez o alerta, ainda em maio, foi a própria OMS (Organização Mundial da Saúde), nas palavras do diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Porém, nem seria necessário o alerta da OMS, visto que a maioria de nós tem vivenciado ou presenciado esse grave fenômeno em seu cotidiano. Afinal, os impactos da pandemia têm sido imensos em todos os setores, e a piora na saúde mental das pessoas em localidades amplamente afetadas pela Covid-19 se mostra flagrante. Ansiedade, depressão, distúrbios do sono, angústia, ataques de pânico, tristeza, melancolia, nervosismo, pessimismo, irritabilidade e estresse encontram-se entre os principais sintomas. Bem como casos mais graves, a exemplo da intensificação de surtos psicóticos, e um possível aumento em pensamentos suicidas e, até, tentativas, sendo algumas, infelizmente, concretizadas.

Idosos entre os mais afetados

Os motivos, obviamente, são variados para esse incremento nos índices relacionados a doenças mentais. Além do medo do contágio, que pode intensificar e desencadear crises de pânico, de hipocondria, de depressão, de angústia, há inúmeras outras causas, como o desemprego, a perda de renda, o estresse e o cansaço dos profissionais de saúde, a dor pela perda de entes queridos, e as próprias medidas restritivas relacionadas à quarentena, a partir do isolamento ou distanciamento social. Os idosos têm sido particularmente mais afetados pelas medidas de distanciamento e isolamento social, por pertencerem ao grupo de risco, trazendo a eles sentimentos de solidão, tristeza, tédio, sensação de inutilidade e desamparo, entre outros.

Quarentena começou cedo demais

O fato já admitido pelas autoridades públicas é que a quarentena começou cedo demais no país, principalmente, em localidades como a região sul, que, em março, ainda contava com ínfimos casos de Covid-19. Resultado: depois de quatro meses de medidas restritivas, em maior ou menor grau, a população já se encontra cansada dessa situação, saturada de viver seu dia-a-dia repleto de restrições de mobilidade e de contato social. Muitos, por conta desse sentimento de saturação em relação a um problema sem sinais ainda de dar trégua, resolveram “chutar o balde” e partir para uma tentativa de “vida normal”, de modo bastante temerário e preocupante, aliás.

Saúde mental e física abalada

Como se não bastassem os problema de saúde mental agravados ou desencadeados pela pandemia, vêm as consequências à saúde física ocasionadas por tais estados mentais e psicológicos deveras desagradáveis. Saúde física e mental estão intimamente interligadas por fatores bioquímicos desencadeados. O hormônio do estresse, o cortisol, por exemplo, costuma estar mais presente no sangue em situações de tensão, de “fuga ou enfrentamento”. Noites mal dormidas prejudicam a saúde de modo integral; depressão faz tanto estrago aos estados de alma quanto à saúde do corpo, enfraquecendo, inclusive, o sistema imunológico. Enfim, são consequências interligadas, interdependentes, o que se torna um grande e inédito desafio em tempos pandêmicos manter a saúde mental e física em meio a tantas dificuldades e “perrengues” no dia-a-dia. O home office, somado às tarefas domésticas, pode causar muito caos, estresse e cansaço se não houver disciplina e organização. Crianças estudando dentro de casa, juntamente com pais trabalhando em home office, nem se fala… Avós acostumados a receber visitas de filhos e netos nos finais de semana podem se sentir muito sozinhos, tristes e desamparados com a ausência dos entes queridos, sendo os mais duramente afetados em sua saúde física, também, aumentando os riscos de infartos, AVCs e outros. Muitos desses idosos ficaram sem as atividades de convivência social em grupos da terceira idade e sem as atividades físicas em academias de ginástica, grupos de dança de salão e outros, o que só complica ainda mais as condições de vida dessa faixa etária.

Sem “chutar o balde”

Realmente, não é nada fácil seguir disciplinadamente na quarentena com mudanças tão drásticas no cotidiano por tantos meses. Por isso, é fundamental que se busque todos os meios alternativos possíveis de modo a minimizar o sofrimento, o impacto das restrições impostas por essa mudança brusca de rotina trazida pela pandemia. Deixo, abaixo, algumas sugestões para enfrentarmos esse período extremamente difícil, sem “chutar o balde” e tentando voltar a uma normalidade que ainda é impossível, dadas as condições nada favoráveis em relação à pandemia, que só tem crescido, ainda, infelizmente, no sul do país.

– Mantenha contato com parentes, amigos e conhecidos por meio de telefonemas, vídeo-chamadas e as redes sociais. Há meios de não isolar-se socialmente, mesmo que não haja proximidade física.

– Estabeleça uma rotina de atividades físicas em casa ou em locais próximos a sua residência, em áreas mais isoladas. Os exercícios físicos são fundamentais para melhorar o humor, o bem-estar e a qualidade do sono. Além de proporcionar evidentes ganhos em saúde física como: diminuição das taxas de glicose, triglicerídeos e pressão arterial, além da manutenção do peso e emagrecimento, entre outros.

– Desligue-se um pouco do noticiário e dos debates nas redes sociais, que só causam estresse, preocupação, irritabilidade e pessimismo.

– O fato de estar mais em casa e de trabalhar em home office não é motivo para indisciplina em relação a horários de comer, dormir e acordar. Nosso corpo e mente funcionam melhor com rotina e horários fixos de sono e alimentação.

– Procure formas caseiras de lazer como leitura, assistir a filmes e séries, artesanato, ouvir música, culinária, jardinagem, trabalhos manuais. Com as crianças, mais atenção e paciência é preciso: jogos, brincadeiras e contação de histórias podem distraí-las e diverti-las.

– Recorra a momentos de boas lembranças, a exemplo de ver fotografias de momentos felizes. Sempre lembrando que a pandemia não durará para sempre. Mais cedo ou mais tarde voltaremos a ter bons momentos em viagens, passeios e encontros sociais.

– Se o sofrimento estiver intolerável, é prudente buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. Procure por serviços de psicologia que atendem por telefone ou vídeo-chamadas. Há alguns deles ofertados gratuitamente, inclusive. Há, também, inúmeros cursos, lives e workshops online gratuitos sobre temas como, ansiedade, depressão, solidão, insônia, meditações, aulas de yoga, etc. Aproveite as restrições sociais da quarentena para dedicar-se a seu desenvolvimento pessoal e espiritual.

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