quinta-feira, 9 de maio de 2024
Maior pane da História nas redes sociais levanta suspeitas e reflexões

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Maior pane da História nas redes sociais levanta suspeitas e reflexões

Na segunda-feira (04/10), o mundo experienciou a maior pane nas redes sociais da História com o “apagão” das mídias de Mark Zuckerberg: Facebook, Instagram e WhatsApp. Foram cerca de sete horas fora do ar. O resultado foi uma perda de 6 bilhões de dólares para a fortuna pessoal do empresário norte-americano. Mas, não somente o bilionário perdeu dinheiro. Infelizmente, muitos trabalhadores e empreendedores também perderam dinheiro por conta da dependência das redes sociais para fechar negócios e efetuar vendas, em especial, pelo WhatsApp.

O “apagão” nos faz refletir sobre o quanto o mundo contemporâneo está dependente de redes sociais e da digitalização dos serviços para a execução de transações comerciais, marketing, publicidade, enfim, as engrenagens da economia. E ainda nos serve de alerta sobre a importância de se contar com um plano B em caso de pane: não centralizar as atividades somente em redes sociais de uma mesma empresa. Aliás, quem saiu ganhando com isso foi a rede social concorrente do WhatsApp, o Telegram, que ganhou cerca de 70 milhões de usuários com a pane.

“Falha interna” ou ataque de hackers?

De acordo com nota oficial da empresa, a pane foi causada por falha interna no serviço de manutenção. Nada a ver com ataques de hackers ou coisa parecida. Muito embora, as especulações sejam inevitáveis e há quem diga que se tratou realmente de ataque hacker, o chamado ransomware, ou seja, sequestro de dados de usuários. É um malware que criptografa arquivos importantes no armazenamento local e de rede e exige um resgate para descriptografar os arquivos. Os “criminosos” desenvolvem esse malware para ganhar dinheiro com extorsão digital a ser paga em criptomoedas, o que torna praticamente impossível rastrear o criminoso. Às vezes, as empresas pagam o resgate e o invasor não envia a chave de descriptografia. Muito embora, talvez tenha sido “apenas” falha técnica, ou humana (conforme já noticiado na imprensa) nos serviços internos de manutenção da empresa. Obviamente, se foi ataque de hackers, jamais a empresa admitiria publicamente.

“Coincidência”

Quando se trata de bilionários e poderosos, o que não falta são especulações e teorias da conspiração, aliás. Ainda especula-se que não deve ser coincidência no dia anterior à pane mundial, a ex-funcionária da empresa, Frances Haugen, ter colocado o nome da companhia em maus lençóis ao ter uma entrevista veiculada pela rede americana CBS. No domingo (03/10), a ex-funcionária de 37 anos de idade afirmou que a companhia prioriza o “crescimento em detrimento da segurança” – seja na proteção aos princípios democráticos ou no cuidado com a saúde mental de adolescentes. E um dia após a pane, em 5 de outubro, a ex-funcionária compareceu ao Senado americano para depor sobre suas denúncias contra a empresa, que incluíram documentos internos vazados e publicados pela imprensa. Antes de sair da companhia, em maio passado, ela copiou uma série de memorandos e documentos internos. E compartilhou esses documentos com o Wall Street Journal, que publicou o material ao longo das últimas três semanas. Entre as acusações de Frances, estão os malefícios que o Instagram estaria causando à saúde mental dos adolescentes, que se sentem mal com seus corpos e aparência ao usar a rede. Ainda acusou o Facebook de conivência na divulgação de informações que resultaram na invasão do Capitolium em 6 de janeiro por apoiadores de Donald Trump. Frances defende uma legislação mais dura para regulamentar as redes sociais, de modo semelhante ao que tem sido feito nas campanhas antitabagismo, a partir de alertas sobre malefícios e restrições de uso de tabaco. O objetivo seria proteção, por exemplo, à saúde mental dos adolescentes.

Ora, apesar de haver alguma razão nas acusações de Frances quanto à saúde mental dos adolescentes usuários aficcionados de redes sociais que privilegiam corpos fakes moldados por filtros e photoshop, minando a autoestima deles, a postura dessa senhora não me parece nada ética ao copiar documentos internos da empresa antes de pedir demissão e sair divulgando na imprensa. Em minha opinião, ela tem credibilidade zero.

Patrulha politicamente correta

Outro ponto a considerar, é a duvidosa acusação de conivência do Facebook quanto aos ataques ao Capitolium. A realidade é que a patrulha politicamente correta tem se tornado intolerável no Facebook, com seus algoritmos checadores de fatos atuando diligentemente para rastrear qualquer detalhe relativo a fake news e “discursos de ódio”. Quem não reza pela cartilha progressista, aliás, tem sido duramente punido nas redes sociais, não apenas nas de Zuckerberg. Donald Trump, por exemplo, foi proibido de acessar o Twitter, além do Facebook. O Twitter já disse que Trump está banido para sempre, mesmo que volte a ser candidato. No Youtube, a perseguição a usuários anda em um nível muito alto, também. Há palavras “proibidas”, a exemplo de “coronavírus” e “Covid-19” sobre pena de desmonetização do canal; há assuntos intocáveis, sob pena de banimento do canal e por aí afora…

Regulamentação da mídia

Ao que parece, a ex-funcionária defende a regulamentação das redes sociais nos moldes do que o ex-presidente Lula andou propondo recentemente. Em agosto passado, Lula disse em entrevista que se for eleito presidente, vai regulamentar a imprensa e as redes sociais.

Combater fake news é uma coisa completamente diferente de censura prévia. Tudo indica que o mundo anda caminhando para uma ditadura progressista em que no Brasil encontramos o STF como seu principal expoente, a exemplo da perseguição a canais da direita conservadora vista recentemente. Enquanto muitos temem uma ditadura militar imposta por um golpe de Bolsonaro, a realidade é que estamos muito perto de viver sob uma ditadura progressista a nível mundial, capitaneada pela internet e redes sociais. Depois deste último “apagão” nas mídias de Zuckerberg, circularam posts nas redes sociais lembrando-nos de que, em países governados por ditaduras, a população não tem acesso a redes sociais. Porém, o que dizer de uma ditadura velada? O dito mundo civilizado e democrático tem enfrentado tanta censura nas redes sociais a conteúdos de direita, a palavras politicamente incorretas e a supostos “discursos de ódio” que não deixa de ser uma forma de ditadura. Há ditaduras que surgem lentamente, de modo semelhante àquela anedota do sapo que, ao ser colocado dentro de uma panela com água fervida aos poucos, não percebe o aumento da temperatura e não pula fora, seguindo inerte até sua morte.

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