domingo, 5 de maio de 2024
Joana Portes Polatti e Benedito Polatti, um casal com muito a ensinar para a nova geração

Joana Portes Polatti e Benedito Polatti, um casal com muito a ensinar para a nova geração

por Noelcir Bello

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Dona Joana nasceu em 1923, na Lapa, Paraná, onde morou até se casar com Seu Benedito, nascido em 1921, natural de Rio Negro.

Quando se conheceram, ela era noiva de outro rapaz, mas Benedito se apaixonou e, mesmo sabendo que ela já tinha pretendente, pediu ao amigo informações sobre aquela bela jovem e ainda garantiu que se casaria com ela, mesmo sendo noiva.

Joana desfez seu noivado para se casar com Benedito

Após autorização de seu pai para desmarcar o outro noivado, Dona Joana escreveu para seu ex pedindo que o noivado fosse desfeito. A separação ocorreu por carta já que ele estava aquartelado no exército por conta da guerra. Só retornou uma semana antes de Joana se casar com Benedito.

Para Seu Benedito, difícil foi pedir a mão da noiva em casamento. “O pai dela me aconselhou, dizendo que no casamento tem que saber respeitar a mulher. Passei o dia todo só para fazer o pedido”, contou.

O namoro era à distância, não podiam nem pegar na mão um do outro. E foi durante um ano, tempo decorrido entre namoro e o casamento, que foi realizado em 23 de junho de 1945. “A festa foi regada à galinha assada, farofa e porco assado. Na igreja, ela foi vestida de noiva com grinalda e passou o dia proibida de ajudar na festa. Com muita dança, baile e muitos amigos, meu sogro comemorava o dia, por considerar que eu era gente boa”, lembrou Benedito.

De Curitiba para Pinhais

Seu Benedito era serralheiro, trabalhava com a família Bettega, que tinha uma das maiores empresas do Paraná. Nessa época, moravam no bairro Bacacheri, em Curitiba, onde tiveram e criaram os quatro filhos.

Deixaram Curitiba e vieram para Pinhais, e por 13 anos moraram no Bairro Emiliano Perneta. Passado esse período mudaram-se para a Vila Amélia. O filho se formou piloto e foi morar no norte do país, onde comprou seu próprio avião, mas, infelizmente, acabou sofrendo um acidente e faleceu. O casal tem três filhas, a Benedita Terezinha, que mora em uma chácara, Maria Carmem, que mora em Bauru, São Paulo, e a Maria José, que mora em Pinhais. A família ainda é composta por sete netos e sete bisnetos.

Segredos para uma longa relação

A amizade entre os dois nestes setenta anos de convivência foi o fundamental para manter a relação forte. Seu Benedito sempre deu conta de tudo sozinho, nunca deixou faltar nada em casa. Dona Joana nunca trabalhou fora e sempre foi uma dona de casa exemplar. “Desde o casamento, eu sempre recebi um cafezinho na cama, todos os dias”, garantiu ele.

Para Dona Joana, o segredo é respeitar a opinião do outro. “Adoro o meu esposo, pois ele nunca me ofendeu ou judiou de mim. Ele sempre respeita a minha opinião e eu a dele”, disse Dona Joana.

São muito amigos dos padres e frequentam as missas realizadas na Paróquia do Vila Maria Antonieta e, também, na capela da Vila Amélia.

Ela gosta muito de conversar e ter amizades, participam de festas curtas, mas não gostam de festas à noite, pois gostam de dormir e acordar cedo. Ela cuida da limpeza da casa e do pátio. Seguem à risca a ideia de que o marido deve cuidar da mulher e vice-versa.

Alimentação saudável e longevidade

Quando o assunto é comida, comem de tudo. Muita coisa boa, bastante salada, tomate, cenoura, carne de frango, peixe, feijão e batata doce. Ele come bastante doces também, porém refrigerantes não bebem, preferem limonada feita com os limões do quintal.

Ele, aos 94 anos, gosta muito de ler e ela, aos 92 anos, gosta de escrever. Os dois têm boa memória e ele é muito bom em matemática, em especial nos cálculos das compras no mercado. “Ele já diz o valor antes de encerrarmos as compras”, afirma Joana.

O fato de terem morado na roça é um motivo a mais para ter a saúde de hoje. Eles garantem que tinham uma vida mais tranquila, sem poluição, sem venenos e dificilmente morria alguém por problemas do coração.

A educação vem de berço

Para o casal, no tempo do Getúlio Vargas, as pessoas respeitavam os valores, não haviam tantos roubos e desrespeito. “O Brasil piorou nos últimas décadas. Não existia greves e bandidagem nas ruas. Hoje temos muitos roubos e pouca educação para os jovens. Falta bom exemplo dos representantes”, pontuou Benedito.

Dona Joana afirma que a educação começa em casa, vem de berço, e os pais precisam ensinar as crianças antes de irem à escola. “Quando eu era criança, quando íamos passar na frente das pessoas, precisávamos pedir licença. Para almoçar, tinha que esperar a vez para se servir e, ao terminar de almoçar ou jantar, esperavam a ordem do pai para deixar a mesa”, completou Benedito.

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