domingo, 19 de maio de 2024
Governo Lula obtém vitória difícil com aprovação da reforma tributária no Senado

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Governo Lula obtém vitória difícil com aprovação da reforma tributária no Senado

Em placar apertado, com apenas quatro votos a mais que o necessário, o Senado Federal aprovou, no último dia 8, a Reforma Tributária, por 53 votos a 24, em dois turnos de votação. De agora em diante, o texto volta para a Câmara dos Deputados para nova rodada de votação, uma vez que sofreu alterações no Senado e a legislação determina que deve haver consenso nas duas casas legislativas para a promulgação da nova legislação que se trata de uma Proposta de Emenda Constitucional – PEC. O texto-base já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados em julho deste ano por 375 a 113, além de três abstenções. A fim de evitar que a PEC 45/2019 fique “para lá e para cá“ por conta de emendas e alterações que precisam ser referendadas pelas duas casas legislativas, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que reunirá esforços para a aprovação definitiva do texto o quanto antes e que, para isso, só deverá permitir a apresentação de emendas supressivas, ou seja, que retirem itens do texto e não permitir apresentação de emendas aditivas, que adicionam itens, agilizando, assim, a tramitação. O objetivo é promulgar a PEC até o final do ano, conforme prometido ao ministro da Economia, Fernando Haddad.

Marco Temporal em troca de votos

A Reforma Tributária aprovada é bastante controversa, por isso, não obteve uma aprovação folgada no Senado, onde o governo Lula conquistou apenas quatro votos a mais que o necessário para aprová-la. Foi necessário, inclusive, um acordo entre o Palácio do Planalto com a bancada do agro para que a PEC ganhasse votos de alguns ruralistas. De acordo com o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion, Lula teve de abrir mão da derrubada do Marco Temporal em troca de votos pela reforma. Mesmo assim, a bancada ficou dividida na votação da reforma: alguns senadores votaram a favor e outros, contra. Lupion disse que a derrubada do veto presidencial ao Marco Temporal está marcada para depois do feriado de 15 de novembro, por volta do dia 21. E que o acordo com o presidente Lula seria de que o petista deveria ceder em relação a demanda dos proprietários rurais pelo Marco Temporal, não mais interferindo na questão após a derrubada do veto.

Campanha de Bolsonaro

O ex-presidente Bolsonaro fez campanha contra a aprovação da reforma tributária no Senado. Conversou com vários senadores, enviou mensagens, mas, só conseguiu convencer dois senadores a votarem contra. Entre os que votaram contra, além dos senadores Flávio Bolsonaro, Astronauta Marcos Pontes, Eduardo Girão, Hamilton Mourão, Damares Alves, Romário, Thereza Cristina, Oriovisto Guimarães e outros, esteve o voto de Sérgio Moro.

Voto contrário de Sérgio Moro

O senador do Podemos justificou seu voto contrário alegando que a reforma acarretará em aumento da carga tributária e que não favorece a estados do Sul e Sudeste, por exemplo, no tocante a prorrogação dos incentivos fiscais a montadoras de automóveis no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A renúncia fiscal deveria terminar em 2025 mas, com a reforma, foi prorrogada até 2032. Inclusive, montadoras como Toyota, GM e Volkswagen, que não têm fábricas nestas regiões, protestaram contra a extensão do prazo.

Vantagens ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste

De fato, houve falta de união entre senadores do Sul e Sudeste, ao contrário das bancadas do Norte, Centro-Oeste e Nordeste, que conseguiram fundos de compensação destinados a estas regiões. Também, há preocupação em relação a aumento das alíquotas do IVA – Imposto sobre Valor Agregado. O IVA é uma criação benéfica ao unir e simplificar impostos e acabar com a incidência em cascata de tributos, modelo adotado em 170 países. Contudo, é preciso garantir alíquotas baixas, uma razoabilidade de um teto de 27%, o que Arthur Lira disse pretender assegurar na Câmara.

Equilíbrio fiscal

Com opiniões contra e a favor, entre analistas e economistas, a reforma tributária, ainda que bastante imperfeita e insatisfatória, traz avanços no sentido de simplificação do nosso caótico sistema tributário. Que é absurdamente defasado e confuso há mais de quarenta anos. Mas, que isso não represente um aval ao governo para gastar sem responsabilidade com o equilíbrio fiscal. Como bem disse o senador Carlos Viana, do Podemos de Minas Gerais, que votou favoravelmente, mas, fazendo um alerta em discurso na tribuna: ”que a reforma não seja licença para o governo abandonar o equilíbrio fiscal, gastando desenfreadamente, e buscar recuperar a diferença pesando a mão sobre o contribuinte”.

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