segunda-feira, 20 de maio de 2024
Geraldo Alckmin se aproxima de Lula para uma possível aliança em 2022

João Aloysio Correa Ramos

Diretor dos jornais do Grupo Paraná Comunicação: A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias

Geraldo Alckmin se aproxima de Lula para uma possível aliança em 2022

O fato político mais comentado da semana foi a desfiliação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin do PSDB. Depois de 33 anos no ninho tucano, sendo um dos fundadores do partido, Alckmin pediu a desfiliação por disputas internas com o governador de São Paulo, João Dória. Não é segredo a ninguém que os dois são francos adversários dentro da sigla e que Dória vinha fazendo de tudo para minar os planos políticos de Alckmin, já há alguns anos.

Aliança com Lula

Entretanto, a saída de Alckmin do PSDB não é o que mais surpreende, mas, sim, uma possível aliança com o ex-presidente Lula na campanha a presidência da República, em 2022. Por incrível que pareça, cogita-se o nome do tucano numa chapa com Lula. O “picolé de chuchu” sairia de candidato a vice. Quem duvida da possibilidade inusitada é bom lembrar que em política nada é impossível. E que adversários não são necessariamente inimigos irreconciliáveis. Bem como grandes aliados não estão livres de se tornarem ferrenhos adversários.

“Lulinha paz e amor”, de novo

Pois, parece que é o que se avizinha para 2022. Lula quer um vice mais ao centro, flertando até com a centro-direita representada por Alckmin e seus tradicionais eleitores, muitos deles, partidários de uma direita de outrora que ainda não contava com o bolsonarismo como principal representante. O ex-tucano, por sua vez, dizem as más línguas, quer o poder a qualquer custo, nem que tenha de se aliar a um adversário histórico como o PT. Afinal, PT e PSDB, durante longos anos, sempre protagonizaram uma intensa polarização até o surgimento do fenômeno político do bolsonarismo.

Medo dos ataques de Bolsonaro

Não é difícil calcular a quem essa eventual dobradinha deverá beneficiar mais. É claro que a Lula, pois está, novamente, querendo fugir da pecha de “comunista”, ”radical” e outros adjetivos que certamente deverão ser utilizados contra ele durante a campanha. Lula sabe que Bolsonaro deverá pegar pesado contra ele na questão ideológica. Até porque este é um grande trunfo de Bolsonaro em relação a ele: a aversão, o terror que a imensa maioria do eleitorado brasileiro tem ao comunismo, mesmo que se apresente travestido de uma roupagem mais moderna, o progressismo.

Lula líder nas pesquisas?

O mais intrigante nesta possibilidade de chapa é essa necessidade do PT de se aliar até a um tucano-raiz. Chega até gerar dúvida se realmente a candidatura de Lula está com essa “bola toda“ que dizem as pesquisas.Do contrário, para quê apelar a uma chapa com um tucano? Logo um tucano? Logo o PSDB, tão rechaçado pelo petismo-raiz e sua militância tradicional? Sinal de que não deve estar sendo fácil para Lula encontrar uma boa alternativa para tentar vencer as eleições presidenciais…

Se vai ser difícil para a militância petista mais tradicional engolir o Alckmin, mais difícil será para os eleitores do ex-tucano engolirem uma aliança com o petista. O Alckmin, eleito governador de São Paulo por quatro vezes, sempre contou com um eleitorado mais de centro a direita, avesso ao esquerdismo mais ideológico representado pelo PT. Muita gente de classe média, média alta, e da elite econômica, tem votado no Alckmin. Um eleitorado que nunca tolerou bem o populismo progressista do PT. O eleitorado tucano do Alckmin então governador, principalmente, conta com gente que votou em Bolsonaro para presidente.

PSDB, partido de centro-esquerda

Muito embora, o PSDB não seja propriamente um partido de direita, tendo FHC, por exemplo, como o grande criador dos programas sociais copiados e ampliados pelo PT, há muitos eleitores dos tucanos mais inclinados a direita que a esquerda. Enfim, é lamentável o que João Dória tem feito dentro do partido, ao ponto de levar a saída de Alckmin, um grande nome do tucanato. Mas, mais lamentável, ainda, é o “picolé de chuchu” não rechaçar com veemência uma eventual dobradinha com Lula. Perdeu o respeito de seu eleitorado, possivelmente. Se sua carreira política já andava mal das pernas, sempre a reboque do partido, tendo feito más escolhas, a exemplo de lançar candidatura a presidente quando não tinha a menor chance. Agora em diante, desce ladeira abaixo. E do PSDB, pode-se dizer o mesmo. Tudo indica que o partido deverá desmantelar-se gradativamente, a partir desse racha provocado por Dória. Faltam novas e boas lideranças no PSDB. José Serra e FHC já estão muito idosos para isso. E as disputas internas, a vaidade de pessoas como Dória, têm colocado tudo a perder.

Bolsonaro, o maior beneficiado

Se a chapa se confirmar, creio que o maior beneficiado será o presidente Bolsonaro, que terá a oportunidade de escancarar ataques lembrando que ambos sempre foram “farinha do mesmo saco”, ”membros do Foro de São Paulo” e que isso é parte da “estratégia das tesouras”, quando dois segmentos da esquerda representam papéis de adversários apenas para enganar o eleitorado e alternar a presença no poder. Mesmo que a aliança não se confirme, Alckmin já fez um estrago danado, irreversível, a sua imagem, ao não refutar com veemência a possibilidade de aliança. Jogou sua biografia no lixo. Quanto a Lula, este encontrará mais facilidade em convencer seu eleitorado, que pretende o poder a todo custo, bem como derrotar Bolsonaro é a prioridade, mesmo que seja necessário aliar-se a adversários históricos.

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