quinta-feira, 19 de setembro de 2024
É urgente que governantes passem a agir preventivamente a catástrofes climáticas

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

É urgente que governantes passem a agir preventivamente a catástrofes climáticas

O brasileiro costuma dizer que o Brasil é um país “abençoado” por não sofrer grandes catástrofes naturais, a exemplo de fortes terremotos, furacões, maremotos e nevascas avassaladoras. Neste quesito, realmente, temos sido privilegiados. Contudo, o grande problema no país são as chuvas torrenciais, que costumam provocar graves enchentes e deslizamentos de terra nas encostas de morros. São tragédias muito dolorosas que ocasionam perdas materiais e de vidas.

Problema histórico das enchentes

Este problema é antigo em diversas regiões do país. Santa Catarina, por exemplo, já sofreu grande enchente na década de 80. A região serrana do Rio de Janeiro é outra área muito vulnerável há décadas. Neste Carnaval, foi a vez do litoral de São Paulo sofrer, terrivelmente. Dessa vez, tivemos o maior volume de chuvas da história do país num curto período de tempo. A certeza é de que esse recorde é efeito das mudanças climáticas no mundo, o que tem provocado no Brasil chuvas cada vez mais intensas em períodos de tempo mais curtos. Em 24 horas, foram 600 mm de chuva em Bertioga e São Sebastião.

Tragédias anunciadas

Não há mais como fechar os olhos para uma realidade tão premente. Não há necessidade de dons de premonição, de vidência, para cogitar a grande probabilidade de desastres como esse em nossos chuvosos verões na costa litorânea. Trata-se de tragédias anunciadas. Ainda, não há tecnologia para prever com precisão a iminência de um terremoto. Mas, quanto a chuvas intensas, há. Porém, aqui, no Brasil, ainda se vive e se governa como se tudo não passasse de fatalidade. Aliás, o Cemaden – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, conforme reportado pelo portal UOL, disse que o governo estadual de São Paulo e o Governo Federal foram alertados, na sexta-feira passada, véspera do feriadão de Carnaval, sobre riscos de deslizamentos de terra na região de Vila do Sahy. O órgão entregou uma lista com todas as áreas de risco na região. O Cemaden disse que acionou, na sexta-feira, de manhã, o Governo Federal e a Casa Militar de São Paulo, que é responsável pela Defesa Civil, para uma reunião alertando sobre o risco elevado de desastres no litoral norte de São Paulo. As chuvas começaram no sábado à noite. Ou seja, se houvesse real preocupação e interesse em evitar tragédias, havia tempo das autoridades iniciarem um plano para retirar a população de suas casas e encaminhá-las a abrigos. Contudo, no país, prevenção e prudência ainda é uma palavra desconhecida. E essa cultura transcende governos e ideologias. São históricos o descaso, a irresponsabilidade e a imprudência quanto a agir preventivamente.

Lula e Tarcísio ”sócios”

O presidente Lula foi ao litoral paulista, junto com o governador de direita Tarcísio de Freitas (Republicanos), visitar as áreas atingidas. Disse que ele e o governador tornaram-se “sócios” na empreitada de reconstruir a região e atender as vítimas. E que divergências políticas e ideológicas devem ser deixadas de lado na hora de governar. Embora, a união entre um bolsonarista e um esquerdista para tentar resolver um grande desafio em meio a uma tragédia tenha sido criticada por bolsonaristas, a união de esforços deve ser elogiada e incentivada. É para isso que o eleitor vota. Para ver seu dinheiro dos tributos sendo bem empregado em benefício da população, longe de disputas pessoais e ideológicas e de picuinhas que devem se restringir ao período de campanha eleitoral.

Plano Nacional de prevenção

De agora em diante, a expectativa é a de que ambos ultrapassem o discurso e arregacem as mangas. O ideal seria implantar um plano nacional de prevenção a catástrofes decorrentes das mudanças climáticas, com foco nas áreas de risco de enchentes e deslizamentos de terra, que são o calcanhar de Aquiles no país. Um amplo programa nacional, em parceria com governadores e prefeitos, para realocação das famílias em todas as áreas de risco seria peça fundamental das ações preventivas. Investimentos em infraestrutura a fim de prevenir alagamentos, mais um item de um programa nacional que já deveria existir há tempos.

Enfim, somente a união de esforços (em todas as esferas de poder) para agir de maneira preventiva em todo o país pode evitar novas tragédias. De fato, somos abençoados por não sofrermos com grandes terremotos, nevascas que dizimam plantações e fortes furacões. Muitas das tragédias climáticas que sofremos poderiam ter sido evitadas se houvesse mais responsabilidade, interesse público e, principalmente, investimentos nas áreas de risco. Nosso país já tem inúmeras bênçãos de Deus, a exemplo da nossa natureza rica e exuberante, de clima tão favorável que, aqui, é celeiro mundial de produção de alimentos. Mas, o homem (governantes, empresários e população) precisa fazer a sua parte. “Faça a tua parte que eu te ajudarei”, diz a sabedoria da nossa Bíblia Sagrada.

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