sexta-feira, 20 de setembro de 2024
Declarações de Whoopi Goldberg sobre Nazismo revelam objetivos da agenda progressista

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Declarações de Whoopi Goldberg sobre Nazismo revelam objetivos da agenda progressista

A atriz hollywoodiana Whoopi Goldberg passou vexame durante programa da TV norte-americana, na rede ABC, na segunda-feira (31). Bastante conhecida, também, pelo ativismo político em causas ambientais e raciais, disse que o genocídio nazista dos judeus não foi por motivação racial, pois, “envolveu dois grupos de brancos”, referindo-se a nazistas e judeus. O comentário descabido, distorcendo completamente a História, rendeu-lhe uma suspensão por duas semanas na participação do programa The View, levando-a a pedir desculpas ao povo judeu e a tentar consertar a declaração anterior.

Embora, o comentário da atriz tenha recebido muitas críticas, foi classificado como um erro, um desconhecimento da História. Mas, será, mesmo, que a atriz e ativista desconhece a História a esse ponto e simplesmente errou? Ou fez a declaração numa tentativa de distorcer a História e reescrever fatos incontestáveis para validar certas propostas dos movimentos raciais em favor apenas do racismo contra negros e índios, buscando invalidar qualquer experiência de racismo quando não se trata de brancos contra negros, pardos e índios?

Raça ariana e racismo no Nazismo

Os críticos da atriz destacaram que o próprio Hitler expressava seu ódio aos judeus em termos raciais. Os nazistas, que se viam como uma “raça superior” ariana, assassinaram seis milhões de judeus no Holocausto. Em debate com os apresentadores do programa, Whoopi argumentou que não se tratava de racismo por não se poder identificar um judeu por características físicas a exemplo do que se pode fazer com negros. Os apresentadores contra-argumentaram, lembrando-a que os nazistas buscavam um ideal de raça perfeita, de uma raça superior, chamada de “ariana” e que havia pessoas entre os povos perseguidos pelos nazistas (além de judeus, russos, ucranianos, poloneses e ciganos) que eram poupadas dos campos de concentração por apresentarem características físicas condizentes aos padrões da “raça ariana”, principalmente, crianças que pareciam geneticamente “promissoras” para propagar as características da tal raça idealizada. Logo, o que a atriz disse não tem o mínimo respaldo na realidade histórica.

Crimes de Racismo

Os crimes de racismo perpetrados pelo Nazismo são fatos incontestáveis por diversas correntes de historiadores. Então, para dizer o mínimo, torna-se algo extremamente desrespeitoso, uma tentativa de forçar a barra em prol de uma “vitimização” da raça negra, a declaração da artista. Quer dizer, para a atriz, Hitler não era racista. Quer dizer que, para ela, só há racismo quando o alvo é negro?

No próprio livro Mein Kampf, Adolf Hitler diz que os judeus não seriam uma religião, mas uma raça. Os judeus não eram considerados brancos pelos nazistas. E vale lembrar que, durante o Nazismo, até os narizes dos judeus eram medidos com fita métrica, a fim de avaliar o quanto de sangue judeu uma pessoa tinha. Mas, Whoopi diz que não havia esse tipo de discriminação por questões de aparência física, de traços étnico-raciais físicos, no Nazismo… Inclusive, os judeus passaram a ser considerados “brancos” não faz muito tempo ao longo da História. Mas, a artista ativista, estranhamente, não sabia de nada disso, não?

Cultura do cancelamento

A reação às declarações absurdas da artista foi imensa. Muitas críticas e a “punição” de quinze dias suspensa da participação no programa. Mas, suponhamos que tivesse sido uma atriz branca, sem ligação alguma com o ativismo político progressista, a ter dito a mesma coisa que Whoopi. Tenho certeza que uma grande campanha de cancelamento já estaria em curso com muito sucesso, levando-a à penalidade de perder trabalhos importantes no cinema, em publicidade, em eventos, podendo levar, até, ao encerramento de uma carreira artística pelo banimento geral da patrulha progressista, tão presente, aliás, no meio artístico mainstream de Hollywood. Mas, Goldberg é negra, esquerdista, super-ativista, então, ainda há quem fique com pena dela e diga que foi apenas um “erro” por falta de conhecimento histórico. Na revista Veja, teve colunista que achou um exagero a suspensão por quinze dias, afinal, ela pediu desculpas.

Reescrever a História

Contudo, acredito que não houve inocência, erro ou desconhecimento da atriz sobre o tema. A declaração foi uma tentativa de reescrever a História, ou de apagar fatos históricos que não interessam à esquerda, como muitos movimentos ativistas têm feito. O vandalismo contra estátuas e monumentos históricos na América Latina, inclusive, no Brasil, é outra faceta dessas tentativas.

A ideia a ser propagada por Goldberg e seus colegas ativistas é a de que só há racismo quando há brancos contra negros e entre grupos em que há um opressor e um oprimido, socialmente. Como os judeus na Alemanha nazista não se encaixavam exatamente nesta categoria – afinal, Hitler e os alemães também estavam muito incomodados com a ascensão socioeconômica de famílias judaicas no país – na visão distorcida da atriz-ativista, não há racismo no Nazismo. Como quem diz: “eles que são brancos que se entendam”…

Os comentários da atriz-ativista também são perigosos porque vão na direção da ideia defendida por muitos movimentos raciais de que não há racismo reverso. Ou seja, de que não há racismo de negro praticado contra branco. Enfim, para haver racismo, teria de haver uma pessoa ou grupo considerado “opressor” – este último, sempre branco – perpetrando racismo contra um ou mais “oprimidos”. Como os judeus, atualmente, detêm grande poderio econômico, social, político e cultural no mundo ocidental, sendo Israel aliado histórico dos EUA – “o grande opressor imperialista” – não estariam na condição de oprimidos nem à época do Nazismo. Branco, judeu ou não, encontra-se sempre na categoria de “opressor” para esses movimentos. Realmente, as definições de “cara-de-pau” foram atualizadas depois desses comentários de Whoopi Goldberg…

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