quinta-feira, 9 de maio de 2024
Combate à pandemia em ano eleitoral é mais um pretexto para críticas de adversários políticos

Combate à pandemia em ano eleitoral é mais um pretexto para críticas de adversários políticos

por Vanessa Martins de Souza

Estamos em ano de eleições municipais. Por uma infeliz coincidência, o mundo enfrenta neste mesmo ano a pandemia ocasionada pela Covid-19, gerando situações absolutamente novas, atípicas e imprevisíveis para todos os governantes mundo afora. No Brasil – país que atravessa uma polarização político-ideológica consolidada a partir do impeachment da presidente Dilma – a pandemia somada à corrida eleitoral tem contribuído para trazer um acirramento muito maior da disputa nas urnas.

Eleições em tempos de pandemia

Como se os desafios gravíssimos da pandemia e suas consequências não fossem o bastante, no país inteiro temos de conviver com o velho oportunismo político por interesses eleitoreiros. Atores políticos, não raro, aproveitam-se da gravidade da pandemia para tecer críticas, ataques e até golpes baixos de toda espécie a adversários. Não porque estejam realmente preocupados com a saúde pública, mas porque tiram proveito da urgência do combate à Covid-19 para se promoverem politicamente e denegrirem adversários eleitorais. Se, a cada ano eleitoral, esse comportamento já era comum na cultura política nativa, em um cenário tão atípico e caótico como esse causado pelo vírus, a coisa tem chegado a limites jamais vistos.

Disputa pesada

Naturalmente, a disputa eleitoral costuma gerar uma enxurrada de críticas e até ataques pessoais desprovidos de honestidade e ética a adversários. Até certo ponto, pode-se considerar que estejam dentro da “normalidade” de toda disputa. O mundo da política, em toda a história da civilização, nunca foi palco para “santos” ou “benevolentes” com os oponentes. Porém, seria interessante um pouco mais de inteligência e coerência em determinadas críticas. Afinal, o eleitor já está mais do que escolado em perceber quando uma crítica não passa de oportunismo eleitoral e não conta com alguma coerência e senso de realidade.

Pandemia como pretexto

Em Pinhais, a pandemia também tem ajudado a se jogar lenha na fogueira do caldeirão político-eleitoral. Virou o pretexto “perfeito” para dar mais um motivo a ataques à atual gestão. A Prefeita Marli Paulino é forte candidata à reeleição. Tem recebido críticas infundadas, por exemplo, em relação a um empréstimo de R$ 20 milhões, a juros baixos, que a Prefeitura pediu junto à Fomento Paraná. O montante será destinado a diversas obras de infraestrutura, como a construção de calçadas, ciclovias, pavimentação e drenagem. É um dinheiro que já vem sido buscado desde novembro passado junto à Fomento Paraná. E não pode ser transferido para outra área ou a outros projetos. Não é fruto de uma decisão tomada em meio à pandemia. Não é preciso ser profundo conhecedor de gestão pública para saber que um empréstimo deste valor não se consegue do dia para a noite. Há todo um trâmite longo e demorado para que sua aprovação ocorra. Como de costume, leva meses para se conseguir sua aprovação. Até o dinheiro, de fato, chegar e as obras serem iniciadas, mais alguns meses, pois há ainda o moroso processo de licitação para contratação da empresa que executará as obras.

Oportunismo eleitoreiro

Mas, como não poderia faltar em ano eleitoral, somando-se à emergência de uma pandemia, vieram as críticas. O dinheiro, que nem chegou ainda, segundo os críticos, deveria ser empregado na saúde pública. O dinheiro gasto com essas obras seria uma “futilidade” nesse momento, uma vez que saúde pública e combate à Covid-19 deveriam ser prioridade. Critica-se como se nada estivesse sendo feito em relação à saúde pública. Como se houvesse um quadro descontrolado de disseminação do vírus na cidade. Como se a prefeitura não investisse expressivamente em saúde pública. Dados da Secretaria Municipal de Saúde, aliás, dão conta de que a gestão tem investido, de 2013 a 2019, 22% do orçamento anual em saúde, muito acima do mínimo determinado pela Constituição Federal, que é de 15%. Critica-se como se os casos de Covid-19 que demandam internações hospitalares e UTIs – os mais graves e que podem colapsar o SUS – dependessem da saúde municipal, e não da parceria com o Governo do Estado, que encaminha os pacientes a uma vaga hospitalar a partir da Central de Leitos do estado. Critica-se como se a prefeitura não tivesse instalado um comitê de crise especificamente para combater a Covid-19. Como se não tivesse criado um canal de comunicação com a população por meio de telefone e WhatsApp para atender a cada paciente com suspeita ou confirmação da doença. Enfim, é tanta incoerência e falta de bom senso…

Ataques nas redes sociais

Grande parte das críticas, as quais os vereadores também não estão imunes por terem aprovado o empréstimo, costuma vir de adversários políticos, de pré-candidatos e seus cabos eleitorais. Estes usam as redes sociais, em especial, para disseminar desinformação e distorções sobre a atuação dos parlamentares. O eleitor deve estar muito atento a manipulações de todo tipo que possam surgir, uma vez que a internet é pior do que papel, aceita tudo, mesmo, como se fosse a mais pura expressão da verdade e da realidade. Muitos desses críticos disfarçam suas verdadeiras intenções eleitorais fazendo-se passar por “povo” ou “defensores do povo”, quando, na verdade, estão interessados mesmo em unicamente conquistar um cargo público eletivo ou trabalhando para algum pré-candidato.

Amadurecimento do eleitor

A expectativa é a de que o eleitor realmente demonstre estar mais amadurecido com tantas bordoadas que costuma levar dos políticos e consiga perceber os interesses por detrás de tanta preocupação com o povo, com a saúde pública. Seria muito mais civilizado e ético que adversários políticos que pleiteiam um cargo eletivo dedicassem tempo e energia em mostrar trabalho para a comunidade, em revelar seu histórico de atuação na vida pública e profissional, em exaltar as coisas boas que têm feito e que os qualificam para um cargo.

Complexidade da gestão pública

Quero acreditar que o eleitor está saturado dessa política de defender “o quanto pior, melhor” e busque candidatos que tenham uma história bonita para contar de trabalho pelo povo, pela comunidade, de ética, de respeito, honestidade e verdadeiro compromisso com o bem comum, com o desenvolvimento da cidade. Sem mentiras, sem manipulações e distorções. Até porque cuidar de uma gestão não é nada fácil. Mais fácil é criticar sem apontar soluções. São várias áreas que devem ser administradas concomitantemente. Saúde, educação, economia, finanças, meio ambiente, cultura, esportes… É preciso muita competência, profissionalismo e capacidade de gestão. Todas as áreas de uma gestão estão interligadas, influenciam-se mutuamente. E se descuidamos de um lado, irá sobrecarregar o outro. Investir em infraestrutura é fundamental. São obras estruturais e de longo prazo. A pandemia, felizmente, um dia, vai passar. Nenhuma gestão é pautada somente em saúde pública. Até porque esta é uma área que é muito afetada pelo que se decide em outras áreas. Então, mais sensatez e honestidade de ideias seriam muito bem-vindas nesta disputa eleitoral.

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