Reaproximação entre Moro e Bolsonaro promete render ganhos políticos a ambos
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Reaproximação entre Moro e Bolsonaro promete render ganhos políticos a ambos

Neste segundo turno da campanha presidencial, o apoio do senador eleito Sérgio Moro à reeleição do presidente Bolsonaro tem sido o principal elemento diferencial. E que pode fazer toda a diferença nas urnas. A despeito das reações que esta parceria tenha despertado entre analistas políticos e parte do eleitorado.

Moro alvo de memes

Moro tem sido criticado, e muito, ridicularizado, até, por ter declarado apoio a Bolsonaro no segundo turno. Jornalistas, analistas políticos, influenciadores digitais não têm poupado o ex-ministro de Bolsonaro por, digamos, assim, ter “feito as pazes” com Bolsonaro. Memes e piadas grotescas visando ridicularizar o ex-juiz da Lava Jato não faltam nas redes sociais. Alguns dizem que nunca viram alguém se humilhar tanto na política como Sérgio Moro, desde que tentou ser candidato a presidente em dois partidos. Durante sua campanha a senador, na etapa final, já vinha insinuando essa aproximação a Bolsonaro, tendo em vista angariar votos de bolsonaristas. Ora, afinal, depois de todo aquele estardalhaço na coletiva de imprensa, quando pediu demissão do cargo de ministro, agora, voltaria “com o rabinho entre as pernas” para os braços do bolsonarismo? Outros, taxam-no de “canalha” e de “grande oportunista” com essa aproximação estratégica no segundo turno. Incoerência total é o que muitos apontam em Sérgio Moro, lembrando que, até poucos meses antes da campanha, ele havia chamado o Bolsonaro até de “mentiroso”, dizendo que o presidente mentia sobre vacinas, sobre a Lava Jato, e sobre o próprio Moro. A briga entre os dois não foi nada sutil, realmente…

Estratégia de campanha

Mas, uma análise mais fria sobre essa reaproximação permite que enxerguemos os fatos com mais propriedade. Moro deixou claro, ao declarar apoio, que se trata de uma questão estratégica, uma vez que restaram apenas dois candidatos no segundo turno. E, um deles, é Lula, o PT, alvo principal da operação Lava Jato. O apoio de Moro a Bolsonaro é muito mais em nome do antipetismo a um genuíno apoio a Bolsonaro e ao bolsonarismo. Aquela velha história: ”o inimigo do meu inimigo é meu amigo“. Ao menos, enquanto durar a campanha.

Pauta anticorrupção

Incoerência, mesmo, seria se o ex-juiz da Lava Jato ficasse neutro nestas eleições diante da possibilidade de Lula ser eleito. Todo o trabalho da Lava Jato levou, essencialmente, a descortinar os meandros da corrupção perpetrada por diversos partidos, mas, que teve o PT como elemento central daquelas práticas ilícitas. Tanto que culminou na prisão do ex-presidente Lula. Francamente, defender neutralidade a Moro diante de um cenário periclitante como o atual é insanidade… Covardia e hipocrisia. Moro seria um hipócrita se ficasse calado, neutro. Seria desonrar a Lava Jato, permanecer omisso e não defender, acima de tudo, os interesses da nação e do povo brasileiro. Aliás, foi eleito senador justamente prometendo combater a corrupção. E antes de assumir o cargo já demonstra deixar divergências políticas de lado em defesa dessa proposta.

Adversário comum

Isso não significa que combater a corrupção seja, apenas, combater um único partido.
No mais, é aguardar os próximos capítulos e verificar como será a postura de Moro como senador. Se a aproximação com Bolsonaro se mantém ou se trata apenas de estratégia de ocasião, tendo em vista o adversário em comum entre ambos.

Aprender a fazer política

De qualquer forma, pode-se dizer que Moro não tem nada de tolo, ou de “humilhado”. Demonstra que está aprendendo a fazer política, no melhor sentido do termo, com estratégia e senso de oportunidade, sim, mas, não se trata, ao que tudo indica, de oportunismo barato. Há fundamento, causa e coerência neste apoio a reeleição do presidente. Que seja pelo bem do país, é o que se espera. Moro inclusive disse em entrevista, após o último debate na Band, que não tem em vista cargo no governo Bolsonaro, nem no STF. O tempo dirá. Tudo o que se sabe, até o momento, é que ambos ganham dividendos políticos com essa reaproximação.

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