Verão exige cuidado redobrado com a pele dos animais

Verão exige cuidado redobrado com a pele dos animais

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Sol, calor e hábitos da estação mais quente do ano podem causar sérios problemas à saúde de cães e gatos

O calor do verão é um verdadeiro convite a passeios, banhos de piscina e exposição ao sol. Entretanto, se essas atividades não forem realizadas com os devidos cuidados, podem desencadear diversos danos à saúde de cães e gatos, principalmente problemas de pele.

A primeira medida a ser tomada é a prevenção de pulgas e carrapatos. O calor intenso aumenta a incidência desses ectoparasitas que podem atingir os animais durante os passeios nos parques ou mesmo dentro de casa, pois podem ser trazidos das ruas em roupas e calçados. Carrapatos podem causar doenças graves como anemia, babesiose e erliquiose, sendo que estas duas últimas podem ser fatais. Já as pulgas transmitem vermes e sua saliva pode causar dermatite alérgica por picada, provocando coceira intensa e até perda de pelo nos animais.

Segundo a médica veterinária especializada em dermatologia veterinária do pet center HiperZoo e Centro Médico Vetsan, Camilla Alcalá, existem no mercado diversos produtos para controle de pulgas e carrapatos, com prazos de reaplicação variados. Em geral, a durabilidade é de 30 dias, mas em animais infestados ou com maior exposição externa, pode ser recomendada a aplicação a cada 21 dias. “Vale lembrar que a aplicação de produtos tópicos deve ser feita de dois a três dias antes ou após o banho, pois necessitam da oleosidade da pele para se espalhar”, alerta a veterinária. “E o tratamento preventivo deve ser realizado em todos os animais da residência ao mesmo tempo. No caso de infestações, também é necessário realizar o controle ambiental”, complementa.

Outro alerta importante é em relação ao uso de produtos para controle de ectoparasitas no ambiente que também possuem indicação para uso tópico em animais: os mais comuns são à base de amitraz e, se após a aspersão do mesmo no corpo do animal este for exposto ao sol, poderá sofrer queimaduras de alta gravidade ou uma intoxicação sistêmica, que pode evoluir para o óbito. “Por isso, recomendamos que produtos para uso ambiental nunca sejam utilizados em animais. E, durante a aplicação do produto no local, o cão deve ser retirado, regressando apenas algumas horas depois”, ressalta Camilla.

No verão também é muito comum os tutores deixarem seus animais tomarem banhos de piscina, chuva ou mangueira para que possam se refrescar, mas o cuidado deve ser redobrado, pois isso facilita a entrada de água nos condutos auditivos, causando infecções. Também é importante que a pelagem do animal seja seca adequadamente, uma vez que a umidade cria um ambiente favorável para a proliferação de fungos como a malasseziose, uma dermatopatia que causa oleosidade, prurido e mau odor, e dermatofitose, uma zoonose que causa lesões generalizadas na pele.

Uma dica importante da médica veterinária é manter a tosa mais baixa, já que ela facilita a penetração do shampoo durante o banho e agiliza a secagem dos pelos. A tosa bebê no corpo todo, e a tosa higiênica, na região das patas e abdômen, também ajudam o animal a se refrescar. Mas é preciso que as tosas sejam feitas por profissionais aptos a indicar a melhor solução para cada animal. Pets que têm alergia à lâmina, por exemplo, devem ser tosados com tesoura. As particularidades das raças também devem ser levadas em consideração: animais de pelagem densa como Chow Chow, Spitz Alemão e Samoieda, quando submetidos à tosa total ou tosa com lâmina, podem ser acometidos de uma dermatopatia chamada de alopecia pós tosa, que leva ao não crescimento ou ao crescimento demorado da pelagem.

Cuidados com insetos

Outro ponto negativo do verão para a saúde são as picadas de insetos, que atingem também nossos amigos peludos. As picadas tendem a ocorrer nas regiões sem pelos e também na face, pois o odor do cerume dos ouvidos atrai os insetos. “O uso de repelente em pets é recomendado, principalmente nas áreas de maior presença de mosquitos. Se o animal puder ser mantido em ambiente telado, melhor ainda”, recomenda Camilla. É possível encontrar repelentes nas versões pour on ou coleiras, consideradas mais efetivas.

Os sinais clínicos de uma picada por inseto podem ser desde uma simples irritação local, acompanhada de coceira, passando por um edema palpebral, se a picada for em região periocular, ou ainda um quadro de angioedema, quando há o aumento facial que pode causar distorção na face. Um quadro mais grave pode causar o edema de glote (reação alérgica conhecida popularmente como “garganta fechada”) sob risco de levar o animal a óbito. Em gatos, as picadas de inseto podem formar quadros chamados de placa eosinofílica, caracterizada pela presença de placas extensas erosivas e avermelhadas na pele.

Além disso, os mosquitos também são transmissores de duas doenças graves: a Dirofilariose e a Leishmaniose. Também conhecida como verme do coração, a Dirofilariose é uma doença causada por uma larva que se desenvolve no coração dos animais e causa obstrução nos vasos sanguíneos, sobrecarregando o órgão, debilitando o animal e podendo levar à morte. A Leishmaniose é uma zoonose infectocontagiosa transmitida exclusivamente pelo mosquito flebótomo, também conhecido como “mosquito palha” ou “birigui”. As medidas preventivas são os repelentes e vacinas, que devem ser aplicados antes do animal ser exposto a ambientes endêmicos ou em períodos com mais riscos. Felizmente, cães e gatos não são hospedeiros do temido vírus da febre amarela.

Exposição solar também demanda atenção

A exposição ao calor e sol também são preocupações importantes. Passeios não devem ser feitos entre 10 e 16 horas sob risco de causar hipertermia ou queimadura nas almofadas das patas. Antes de passear, o tutor deve colocar as palmas das mãos no chão para verificar a temperatura e, ainda assim, deve dar preferência a locais com mais sombras e gramados.

Também é recomendado o uso de protetor solar com fator de proteção solar acima de 50 em focinhos e regiões da pele sem pelo, preferencialmente próprio para animais. Quando não houver disponibilidade, protetor solar de uso humano em aerossol minimizam os riscos de ingestão do produto.

Animais com pelagem branca, focinho rosado, mucosas sem pigmentação e região ventral totalmente sem pigmentação, não devem ficar expostos ao sol pois podem desenvolver uma dermatopatia chamada Dermatite Actínica, uma queimadura de pele que gera cicatrizes e é a forma inicial do câncer de pele. Boxer, Bull Terrier, PitBull, Dogo Argentino e Dálmata são algumas das raças mais predispostas a ter queimaduras solares e desenvolver câncer de pele e, portanto, requerem um cuidado ainda maior com os horários de exposição solar e uso de protetor.

As queimaduras solares podem causar câncer de pele como o carcinoma de células escamosas, hemangioma e hemangiossarcoma. “Os tutores devem ficar atentos a sinais como eritema (vermelhidão), descamação sanguinolenta, aumento de volume de determinada área, nódulos, presença de bolhas de sangue e, nos gatos, também observar se há lesão em região auricular”, recomenda a médica veterinária. O diagnóstico é feito a partir de exame clínico, citologia e biópsia. Já o tratamento vai depender da localização, se as lesões são disseminadas ou não, e se há presença de metástase. A partir dessa avaliação, o médico veterinário irá optar pelo tratamento mais adequado, que pode ser intervenção cirúrgica, quimioterapia, eletroquimioterapia ou crioterapia.

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