por Noelcir Bello
Nesta semana, entrevistamos uma senhorinha muito simpática, querida, cheia de energia, nascida em Itaperuçu. Conhecida como Terezinha Costureira, Dona Tereza dos Santos, de 75 anos, mora no Weissópolis há 45 anos.
Após morar em diversos municípios, sempre acompanhando sua família nas inúmeras mudanças, Dona Tereza veio morar em Pinhais, no bairro Weissópolis, onde reside na mesma casa há 45 anos. Quando adolescente, era cantora juntamente com sua irmã, porém lembra que naquela época mulher que cantava e jogador de futebol eram mal vistos pela sociedade conservadora. Até hoje, Tereza adora cantar e participar dos bailes. “Meu rádio está sempre ligado enquanto faço o almoço ou pães”, disse sorridente.
Ainda criança, trabalhou como pinante, uma espécie de piloto de uma carroça chamada de gaiota, puxada por um cavalo e que transportava terra. Seu pai faleceu ainda jovem, quando trabalhava construindo estradas em Porto União, Santa Catarina. “Ele morreu trabalhando e por isso, naquele município, uma estação com o nome dele foi criada, a Estação Feliciano Farias. Antes da morte do meu pai, minha mãe teve quatro filhas e anos depois casou-se outra vez, e teve mais oito filhos”, comentou.
Uma mulher batalhadora
Começou a trabalhar aos onze anos, quando cuidava de cinco crianças em Curitiba. Mais tarde, passou a trabalhar de doméstica e aos 17 anos começou a trabalhar em uma fábrica de fitas de setim e voal no Alto da XV, em Curitiba. Na época, por ser menor de idade, ainda não recebia salário completo. Foi então que ela saiu da fábrica de fitas e foi trabalhar na fábrica de café, como catadora. Após um período, mudou novamente de emprego e iniciou suas atividades na fábrica de açúcar Emilia Romani.
Casou-se aos 19 anos e foi morar no bairro Xaxim. Com o dinheiro de seus acertos nas empresas, mais seus salários, construiu a casa do casal. Seu esposo não queria que ela trabalhasse, por conta de sua primeira gravidez. Teve três filhos e conta que, quando saia de casa com as crianças, carregava todas ao mesmo tempo no colo, já que naquela época não existia carrinho de bebê.
Como a família aumentou, mudaram-se para uma chácara em São José dos Pinhais e lá o seu marido comprou uma vaca para alimentar as crianças. Mesmo sem nunca ter tirado leite antes, Terezinha aprendeu a ordenhar a vaquinha, que produzia dez litros por dia. Seu marido faleceu há 25 anos devido ao diabetes.
Chegada a Pinhais
Depois do nascimento do primeiro filho, seu marido comprou uma máquina de costura e Terezinha aprendeu a costurar. Até hoje costura para seus vizinhos e amigos. Na época, não tinham fogão à gás, geladeira ou televisão. “A primeira vez que assisti televisão eu já morava em Pinhais. As imagens ainda eram em preto e branco. Lembro que meu marido comprou para assistir a seleção brasileira de futebol.
Quando chegamos ao Weissópolis, eu dava banho nas crianças dos vizinhos, pois sempre procurei ajudar as pessoas. As divisões entre os terrenos eram feitas de cerca de arame farpado. A gente criava galinhas, tinha horta”, recordou nossa entrevistada.
Segundo Tereza, a rua em que morava era conhecida como Rua Um e a Avenida Iraí ainda não era conhecida por esse nome, mal existia na época. Faziam as compras no mercadinho da Dona Inês e em outro armazém da região. Farmácia existia apenas uma que pertencia ao “Japonês”, e que ainda funciona até hoje na Avenida Iraí.
Retomou os estudos
Tereza, que tem uma memória invejável, gosta muito de cantar, ouvir e aconselhar as pessoas, está escrevendo um livro, por isso voltou a estudar. Quando jovem, não conseguiu estudar devido a tantas mudanças de cidade, também por trabalhar desde menina. “Passei por cirurgia de catarata e ainda não estou lendo muito bem, por isso ainda não terminei de escrever o meu livro, mesmo assim pretendo terminar este ano”, finalizou.
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Para quem conhece a Tia Tere sabe, que além da alma generosa ela tem uma energia, uma vivacidade inegável!
Tiaaaa, te amo..eu lembro bem de como era seu bairro, todo ano festa de São João, e como eu eu meus primos gostávamos de brincar de pukar valetas, andar com a bicicleta monark do tio e brincar em cima da lambreta dele. Te amo.
è bastante tempo. mas tem pessoas com mais tempo, que é o meu caso. Viemos morar no Weissópolis no dia 28 de de 1964, eu tinha completado 11 anos. Hoje estou com 62 anos, isto quer dizer que neste final de ano completo 52 anos como morador de Pinhais……