O presidente interino, Michel Temer (PMDB), exaltou na quarta-feira, dia 22, que, apesar do pouco tempo de governo, está “fazendo muita coisa pelo país”. Ele completou 40 dias no cargo – está desde o afastamento de Dilma Rousseff (PT), no dia 12 de maio.
“Quero aproveitar este momento para registrar que, embora tenhamos pouco prazo de governo interino, o fato é que estamos fazendo muita coisa pelo país”, disse Temer em discurso no Palácio do Planalto, na cerimônia de posse do novo presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Paulo Rabello de Castro.
Para o presidente interino, a questão do impacto de sua interinidade sobre a governabilidade precisa ser minimizada, já que a considera uma questão menor. “As pessoas têm muito a mania de personalizar os cargos, quando na verdade o cargo deve prevalecer sobre a figura da pessoa”, argumentou. “E no caso da Presidência da República, o que de haver, por quem a exerce, momentaneamente ou definitivamente, deve ser pensar o país. Portanto, o país continua.”
Ele afirmou que precisa “dar continuidade às teses que beneficiam o país, para atender às angústias e necessidades do povo brasileiro”.
Temer defendeu também o ajuste fiscal proposto pelo seu governo, em parte baseado no corte de gastos, como forma até de preservar a população, por exemplo, de um aumento de impostos. “Antes de propor ônus ao povo, corte na carne, e isso nós estamos fazendo. Estamos segurando os gastos públicos.”
Um ponto destacado no discurso foi o acordo recente para a renegociação da dívida dos Estados. Para o presidente, o acerto é parte desse esforço de equilíbrio das contas públicas de um modo geral. “Não basta que a União corte seus gastos, é preciso entusiasmar também os Estados”, justificou, lembrando que os “Estados estão quase quebrados”.
O presidente interino citou a reforma tributária, cobrada por empresários, e disse que fará parte de uma repactuação federativa, mais adiante. “É nela que entra a reforma tributária”, sublinhou.
Temer aproveitou mais uma vez para agradecer ao Congresso Nacional e apontou a aprovação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) como mais um exemplo do bom relacionamento entre Legislativo e Executivo. “O Congresso Nacional está irmanado com o governo para juntos tirarmos o país da crise.”
Democracia da eficiência
Em seu discurso de posse como novo presidente do IBGE, o economista Paulo Rabello de Castro falou da importância de contribuir para a chamada “democracia da eficiência”, defendida por Temer, por meio da inteligência do instituto no trabalho de pesquisas e dados.
“A democracia, sem eficiência, é puro desperdício de verba pública, dissipação da poupança popular, conversa fiada, em bom português”, opinou. “Por outro lado, a eficiência sem democracia é o governo de poucos para eles mesmos. É até pior: é o governo dos apaniguados, dos pré-escolhidos, dos campeões pré-selecionados que nós queremos realmente refutar e repudiar daqui para a frente, para que haja oportunidade para todos”.
Rabello de Castro citou a questão da necessidade de o IBGE lidar com grandes volumes de dados, o “big data”, que disse ser uma tarefa “urgente, grandiosa”. E o passo seguinte desse trabalho, que é o de qualificar a informação armazenada de forma a torná-la estratégica para todos os brasileiros. “O Estado brasileiro tem que ter a capacidade de não só recepcionar esses dados, como processá-los, interpretá-los e finalmente disponibilizá-los de forma clara ao usuário final, que é o cidadão, e também ao Estado brasileiro”, descreveu.