Temer busca reaproximação com políticos do “Centrão”

Temer busca reaproximação com políticos do “Centrão”

por Kennedy Alencar

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Presidente fecha suporte do grupo à sua agenda econômica

Passada a cassação de Eduardo Cunha, o presidente Michel Temer tem procurado a reaproximação com oito partidos do chamado “Centrão” da Câmara: PMDB, PTB, PP, PSD, PR, PRB, PSC e SD. Juntas, essas legendas somam quase a metade da Câmara dos Deputados.

Esses partidos apoiaram o impeachment de Dilma e a ascensão de Temer ao poder, mas uma parte foi derrotada em julho com a eleição de Rodrigo Maia, do DEM do Rio, para presidir a Câmara. Havia feridas a curar.

Com o fim da influência de Eduardo Cunha sobre o grupo, que abandonou o ex-presidente da Câmara na segunda-feira e votou maciçamente por sua cassação, Temer teve boa oportunidade de buscar a reaproximação ao almoçar no dia 15, quinta-feira, com dirigentes do centrão.

O presidente obteve o compromisso de apoio à reforma da Previdência e à PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que cria um teto para limitar o crescimento das despesas públicas. Esse grupo de partidos é o mesmo que boicotou o governo Dilma dando gás a projetos de expansão do gasto público e às pautas de interesse de Eduardo Cunha. Ter um compromisso dessa fatia conservadora e fisiológica com o ajuste fiscal ajuda Temer a dar um sinal para o mercado financeiro e os empresários de que terá apoio para aprovar sua agenda congressual.

A reaproximação com o “Centrão” também serve como contraponto ao PSDB e DEM, partidos que têm feito críticas públicas ao presidente, cobrando mais austeridade econômica.

Por último, Temer estreita laços com um grupo que rivaliza ideologicamente com o PT e outras legendas de esquerda, mas que poderia abrir uma dissidência em seu governo e se aliar a esses grupos para eleger em fevereiro o sucessor de Rodrigo Maia na presidência da Câmara. Temer quer ter o controle desse processo de sucessão parlamentar.

Ao contrário de Dilma Rousseff, que não sabia fazer articulação política e que boicotou o próprio Temer nessa tarefa quando ele era vice, o atual presidente não quer cometer erros na relação com o Congresso. Sua prioridade é entregar a reforma da Previdência e a PEC do Teto, porque são assuntos relacionados.

Sem reformar a Previdência, será mais difícil arbitrar que áreas ganharão e perderão dentro de um orçamento limitado. Com a reforma do sistema de aposentadorias, o teto orçamentário poderá ser obedecido com menor dificuldade. No Congresso, Temer busca respaldo político para aprovar projetos que podem ajudar a solucionar a crise econômica. Se der certo, ele sairá fortalecido politicamente.

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