“Sou da base aliada do Bolsonaro, mas, política não é religião, podemos concordar ou discordar”, explica Luizão Goulart

“Sou da base aliada do Bolsonaro, mas, política não é religião, podemos concordar ou discordar”, explica Luizão Goulart

Deputado federal Luizão Goulart Alves - Republicanos
O deputado federal Luizão Goulart (Republicanos), em entrevista exclusiva a repórter do jornal A Gazeta Cidade de Pinhais, Vanessa Martins de Souza, destaca que está num partido de Centro, disposto a dialogar com a esquerda e a direita, respeitando a pluralidade de ideias. Para o parlamentar, estar na base aliada do presidente da República não significa adesão ao bolsonarismo, estando livre para concordar ou discordar de ideias e posturas do governo federal.

A Gazeta Cidade de Pinhais: O senhor esteve por trinta anos no PT, foi para o Republicanos e está na base aliada do governo Bolsonaro. Considera uma mudança radical?

Deputado federal Luizão Goulart: De maneira alguma. Já saí do PT há quatro anos. Fui eleito deputado federal pelo Republicanos. Ser da base aliada não implica necessariamente ser bolsonarista. Sou da base aliada porque o Republicanos é. Ser bolsonarista implicaria apoiar tudo que o presidente faz, de modo acrítico. Não é a minha condição. Concordo com algumas coisas e com outras, não. Assim como quando estava no PT, não concordava em tudo. Não é uma devoção, não é ser seguidor, não é religião. Sou cristão e a Jesus Cristo não questiono. Eu, por exemplo, critico atualmente o ministro da Economia, Paulo Guedes, pela falta de um projeto de desenvolvimento para o país.

A Gazeta: O senhor é da base aliada, mas, foi contra o voto impresso. Qual sua justificativa?

Luizão Goulart: O nosso sistema de votação com as urnas eletrônicas é o mais seguro que existe. Sei do que estou falando, pois, estudei a fundo como funcionam nossas urnas eletrônicas. Não há possibilidade de fraudes. O relator do projeto queria no papel até a apuração dos votos. Imagine fazer uma eleição com contagem manual dos votos, a confusão que seria, com diversas pessoas contando. Aí é que se abriria possibilidade de fraude.

A Gazeta: Porém, foi um compromisso de campanha do Bolsonaro aprovar o voto impresso…

Luizão Goulart: Sim, é legítimo pleitear uma pauta de interesse do governo no Congresso Nacional. Mas, o projeto tem de sair do Congresso Nacional e ser do interesse de todos, não só do Poder Executivo. Os parlamentares estão sendo eleitos e reeleitos por esse sistema e estão satisfeitos, em sua maioria. O Governo Federal tem de aceitar que o projeto não passou, não tinha apoio político suficiente.

A Gazeta: E da reforma administrativa, o que se pode esperar no Congresso Nacional?

Luizão Goulart: Está em discussão, ainda. Muita coisa será alterada, não sabemos, ainda. O que se sabe é que direitos adquiridos dos servidores serão mantidos. Não vai mudar tudo para quem já é servidor. Deve haver avanços para modernizar a gestão, melhorar o sistema da administração pública.

A Gazeta: Como o senhor avalia as manifestações que aconteceram em favor do presidente no dia 7 de setembro e os episódios que se seguiram, como o início de uma paralisação dos caminhoneiros e a carta ao ministro Alexandre de Moraes?

Luizão Goulart: Manifestações são legítimas, contanto que não quebrem a legalidade. O que não pode é defender invasão ou fechamento do STF. Pode-se criticar decisões do STF, mas, isso tem de ser resolvido dentro das instâncias do próprio Poder Judiciário, mediante recursos judiciais e outros mecanismos legais. Quando um presidente fala que não vai mais respeitar decisões de um ministro do STF, não posso concordar com isso. É algo inaceitável romper com a legalidade.

A Gazeta: Então, o recuo do presidente Bolsonaro, em sua opinião, foi um alívio?

Luizão Goulart: Com certeza. Já havia um início de uma greve de caminhoneiros, as Bolsas estavam caindo, o dólar subiu. Enfim, com a divulgação da carta, as Bolsas voltaram a subir, houve imediato impacto econômico. A normalidade foi restaurada. Os empresários estavam preocupados. A greve dos caminhoneiros iria gerar um desgaste muito grande ao Bolsonaro, com desabastecimento, inclusive, de gás e combustíveis, que já estão caros. O melhor a fazer foi recuar.

A Gazeta: O senhor acredita que Bolsonaro tinha (ou tem) intenção de realmente aplicar um golpe contra a democracia, como muito se tem especulado na grande imprensa e entre formadores de opinião?

Luizão Goulart: Não acredito que haja clima, a menor possibilidade de um golpe. Simplesmente porque as Forças Armadas não apoiariam, seguem a Constituição Federal e o Estado Democrático de Direito.

A Gazeta: E para o impeachment do Bolsonaro, em sua avaliação, há alguma possibilidade no momento?

Luizão Goulart: Até o momento, não há clima para o impeachment no Congresso Nacional. E também não há um crime do presidente que o justificaria. A não ser que ele cometa alguma ilegalidade…

A Gazeta: Mas, na CPI da Pandemia, no Senado Federal, já se comenta que há sete crimes cometidos pelo presidente, na avaliação de juristas como Miguel Reale Júnior, que fundamentou, aliás, o pedido de impeachment da, então, presidente Dilma. O que o senhor diz sobre isso?

Luizão Goulart: A CPI ainda não concluiu os trabalhos. Terá de apresentar um relatório final que será aprovado ou não pelos senadores membros da comissão. Somente quando finalizarem os trabalhos é que poderemos fazer uma melhor avaliação da situação, conhecer a quê conclusões chegaram.

A Gazeta: Em sua avaliação, o trabalho da CPI merece credibilidade? Há quem considere apenas perseguição ao governo Bolsonaro e seus apoiadores…

Luizão Goulart: O Senado tem a prerrogativa de instaurar CPIs, que são comissões para investigar e não efetuar julgamento. O relatório final poderá ou não apontar irregularidades. Só poderemos formar uma opinião a partir do relatório final.

A Gazeta: Mas, pelo que já se tem apresentado na CPI, parece que houve, mesmo, irregularidades no Ministério da Saúde. Acredita que o relatório final poderá dar suporte a um pedido de impeachment?

Luizão Goulart: É possível que tenha havido corrupção no Ministério da Saúde, responsabilizando-se funcionários, empresas e outras partes envolvidas, chegando, talvez, ao líder do Governo, Ricardo Barros. Mas, daí a chegar no nome do Bolsonaro, como sendo uma das partes envolvidas nos esquemas, não se pode afirmar até o momento. Pelo que foi investigado até o momento, não creio que poderá embasar um pedido de impeachment. Mas, vamos aguardar o relatório final.

A Gazeta: Mas, o governo Bolsonaro conta com uma base aliada sólida no Congresso Nacional em caso de se colocar um processo de impeachment em pauta?

Luizão Goulart: Sim, inclusive, tem obtido a aprovação de projetos polêmicos, difíceis, impopulares como, a reforma da Previdência, as privatizações dos Correios e da Eletrobrás.

A Gazeta: Em sua avaliação, qual o maior desafio do Governo Federal, atualmente?

Luizão Goulart: O governo deveria estar preocupado e ocupado com a economia, com a inflação. As pessoas querem emprego, querem controle da inflação. Enfrentamos uma longa estiagem que prejudicou as lavouras. Há o problema dos preços dos combustíveis, também, e a crise energética. Por isso, tenho criticado o ministro Paulo Guedes, que não tem apresentado um plano de retomada da economia. Só preocupação com Bolsa Família não vai resolver. O melhor programa de desenvolvimento é garantir emprego ao trabalhador.

A Gazeta: O senhor pretende apoiar a reeleição do presidente Bolsonaro?

Luizão Goulart: Seguirei a decisão do Republicanos, que ainda não se posicionou sobre isso.

A Gazeta: O que o senhor acha do Lula se candidatar a presidente da República de novo, em 2022, depois de ter sido condenado e preso por corrupção?

Luizão Goulart: As condições para o Lula se candidatar é o Judiciário que define. Ele já cumpriu a pena. Em alguns processos, ele foi inocentado. Outros, estão em andamento na Justiça. Mesmo sabendo de tudo, tem gente que quer votar nele e ele está na condição de elegível.

Sobre o Governo Ratinho Júnior

Após responder as perguntas relativas ao presidente Jair Messias Bolsonaro, o deputado federal Luizão Goulart expressou sua opinião sobre o governo Ratinho Júnior.

A Gazeta: Qual sua avaliação do governo Ratinho Júnior?

Luizão Goulart: Dou meu apoio total ao Ratinho Júnior, que tem feito um governo de realizações, de projetos e obras em todas as áreas. O governador não fica problematizando as coisas, tem dado grande apoio aos municípios. O Paraná está em boas mãos.

A Gazeta: Qual projeto do Governo do Estado o senhor destacaria como entre os mais importantes?

Luizão Goulart: Muito importante será a nova licitação para as rodovias. Haverá novos contratos, com pedágios mais baratos. Isso impactará beneficamente a economia. Há muitas obras acontecendo, investimentos e parcerias, a exemplo da construção da nova ponte Brasil-Paraguai. O Governo do Estado tem rumo, as coisas estão acontecendo.

A Gazeta: O senhor, então, buscará a reeleição em 2022 e deverá apoiar a reeleição do governador Ratinho Jr.?

Luizão Goulart: Sim, vou buscar a reeleição para deputado federal e vou apoiar a reeleição do governador.

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Uma resposta

  1. Achei a entrevista muito mais focada em saber de Bolsonaro e referente a lula uma única pergunta porque o fico é só Bolsonaro sendo que Lula é ex presidiário e continua na política será que não é perseguição da parte do entrevistador sendo que tem muitos outros assuntos importantes que o deputado poderia responder

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