Um mundo de possibilidades georreferenciado em mapas e relatórios de fácil entendimento e que podem ajudar gabinetes parlamentares federal, estadual e municipal ou até mesmo na produção de estudos acadêmicos a entender melhor as diferentes situações geográficas dentro do Estado ou um município e, a partir daí, produzir ações e trabalhos para aprimorar o desempenho parlamentar ou universitário.
Tudo isso foi demonstrado no curso Geografia Eleitoral, organizado pela Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa do Paraná em parceria com o Laboratório de Práticas Legislativas da Universidade Federal do Paraná (Lplegis-UFPR). A aula do dia 25 de novembro foi comandada pelo doutorando em Ciência Política pela UFPR, Diogo Tavares.
O professor tem extenso currículo de prestação de serviços em gabinetes parlamentares tanto na Assembleia Legislativa como na Câmara Federal, além de estudos sobre o tema. Ele complementou a introdução histórica e teórica ministrada no dia anterior pelo estatístico e também doutorando em Ciência Política, Renan Arnon de Souza.
“Hoje a gente demonstrou com uma plataforma livre, gratuita, como podemos trabalhar com georreferenciamento em gabinete parlamentar”, explicou Tavares. “Aprendeu como criar mapa de votações de parlamentares, como a gente trabalha com dados primários, criado dentro dos próprios gabinetes, que são dados riquíssimos, pois tem muita coisa boa, muita gente boa produzindo conteúdo dentro dos gabinetes. Então, aprendemos como transformar tudo isso em mapas e relatórios muito simples, com poucos cliques e de maneira muito intuitiva”.
O software livre a que Diogo Tavares se referiu é o Qgis, baixado gratuitamente pela internet, com o qual se pode produzir mapas e relatórios, cruzando dados e estatísticas de diferentes realidades. O curso trabalhou com dados eleitorais, mapeando a votação individual ou de partido no Estado do Paraná, mas a ferramenta pode ajudar a entender melhor uma situação ambiental, social ou de infraestrutura de uma cidade e, a partir de aí, produzir resultados práticos.
“Tem infinitas possibilidades. Quando eu falo em dados primários, criados dentro dos gabinetes, nem sabemos que tipo de informação sai de lá. Tem os parlamentares que trabalham diretamente com o Poder Executivo na execução de emendas, que envolve um trabalho com municípios, uma geografia bastante expansiva. Tem também os parlamentares que trabalham com pautas específicas, com associações, diferentes geografias, como Apaes, ou com unidades de saúde dos municípios. Tudo isso está na geografia do Estado, pode ser colocado em mapas e pode ser trabalhado dentro dos gabinetes e foi isso que buscamos mostrar hoje nesse curso”, descreveu.
A plataforma possibilita a inserção de diferentes dados, desde os oficiais encontrados em portais como do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de prefeituras ou mesmo os produzidos pelos próprios usuários, possibilitando cruzamento de dados para a produção de resultados. Diogo sugeriu, por exemplo, que as pessoas que têm interesse em aprender e entender a ferramenta podem acompanhar diversas aulas disponíveis na plataforma Youtube. “Além disso é uma ferramenta bastante intuitiva e de fácil manuseio”.
Quem acompanhou o curso, de forma remota ou presencial, teve a oportunidade de muita interação e gostou do que aprendeu. “O curso foi muito positivo, com inscrição de vários públicos, entre eles assessores de câmaras municipais, assessores da Casa e estudantes. Pelas avaliações que recebemos, foi muito bem aceito. Todos acharam excelente a didática e o conteúdo apresentado. Creio que acrescentou para o trabalho, principalmente de quem trabalha em gabinete parlamentar para usar como ferramenta, não apenas em campanhas, mas no desempenho do mandato, saber em qual áreas atuar e como identificar uma situação que possa render uma ação ou política pública”, avaliou a coordenadora Pedagógica da Escola do Legislativo, Roberta Picussa.