por Marcus Araújo
A situação atual de emergência mundial causada pela Covid-19 impactou diretamente a Saúde e a Economia dos países e fez com que as empresas buscassem maneiras de se reinventar para sobreviver em todos os sentidos. De uma hora para outra, companhias precisaram rever planejamento e infraestrutura para preservar a vida dos funcionários e continuar produzindo. Será que se a pandemia acontecesse há 50 anos, teríamos a mesma velocidade e eficiência para adaptar a estrutura de trabalho remotamente e garantir que os escopos e entregas fossem cumpridos, causando o menor prejuízo possível aos projetos? Dificilmente.
O ponto é que só estamos conseguindo sobreviver aos últimos três meses de confinamento por causa do avanço da tecnologia no mundo inteiro. A TI é a responsável por nos proporcionar novas formas de trabalho, permitir que as escolas cumpram o calendário pedagógico com as aulas online, as consultas médicas estão sendo realizadas graças às evoluções da telemedicina (consultas online) e o uso da Inteligência Artificial (IA) no cuidado dos pacientes e, também, no desenvolvimento de pesquisas. Avançamos em meses o que era previsto para alguns anos. Com a Inteligência Artificial, por exemplo, o atendimento automatizado aumentou em 100% no mundo por causa da pandemia da Covid-19, já que o atendimento presencial diminuiu e as medidas de isolamento deixaram escritórios e call centers quase sem pessoas.
Assim, a alternativa encontrada foi a interação com os clientes via chatbots. Nos negócios, a sobrevivência depende da habilidade de adaptação e versatilidade em lidar com os desafios e as novas situações que surgem a cada dia. As empresas de tecnologia estão adaptando seus portfólios para implementar com rapidez e facilidade infraestrutura de área de trabalho virtual (VDI), garantindo o funcionamento das operações diárias. Os cientistas não estão medindo esforços para encontrar uma vacina que irá salvar a vida humana. Para a descoberta científica, os cientistas de laboratórios ao redor do mundo estão confiando no poder da computação de HPC e dos supercomputadores para executar modelos matemáticos complexos, que transformam grandes volumes de dados da Covid-19 em simulações de processos biológicos e químicos.
Essas simulações avançam nossa compreensão da nova cepa de vírus e das complexas interações com o corpo humano até o nível molecular, para agilizar o desenvolvimento de novos tratamentos e medidas preventivas. As simulações são mais precisas devido a combinação dos recursos de modelagem e simulação com novas técnicas de inteligência artificial (AI) e aprendizado de máquina. Então, as soluções de HPC e Inteligência Artificial passam a ser aliadas indispensáveis nas novas investigações científicas.
Os pesquisadores do Laboratório Nacional de Argonne, do Departamento de Energia dos EUA (DOE), estão usando o supercomputador Theta, desenvolvido pela HPE e sediado no Argonne Leadership Computing Facility, para aplicar inteligência artificial e aprendizado de máquina no processo de simulação de bilhões de diferentes moléculas a partir de um banco de dados de candidatos a medicamentos.
O objetivo é melhorar as previsões sobre como as moléculas dos candidatos reagem a medicamentos e poder usar os resultados desta simulação para testes de um novo tratamento ou vacina. O Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL) usa uma plataforma de modelagem orientada por IA e recentemente divulgou o seu progresso significativo, restringindo o número de candidatos potenciais a anticorpos de 10 para 40. Esse avanço foi alcançado em apenas algumas semanas, em comparação a anos de abordagem.
O impacto da tecnologia para o combate da pandemia de Covid-19 é enorme. Tanto para permitir que as empresas sobrevivam, como para garantir a saúde das pessoas e ainda auxiliar os cientistas na determinação de novos padrões de velocidade, desempenho e escala no combate a doença. Por isso, não podemos negar que tudo tem a hora certa para acontecer. Se o novo coronavírus surgisse no século passado, dificilmente teríamos alternativas eficazes do ponto de vista da TI para reinventar este momento de maneira de tão rápida.
Marcus Araújo, Diretor financeiro da MPE Soluções