A história de Seu Antonio Vargas Martins e Dona Dila Martins começou em 1972, quando ele comprou um terreno em Pinhais, sem saber que era uma área de banhado.
“Comprei o terreno em época de tempo seco, nem imaginava que era região de banhado. A surpresa começou quando o caminhão veio trazer o material e atolou antes de chegar ao terreno. Então, tive que transportar as madeiras e os materiais nas costas”, conta Seu Vargas. Ele acrescenta que a construção estava prevista para durar um mês, mas tiveram que fazer fundação de concreto com dois metros de estacas em cada pilar da casa, e acabou demorando três meses para a conclusão da obra. “Água encanada não existia, energia elétrica nem pensar. Eu e minha duas irmãs usavamos lampião e vela. Mas tive sorte de trabalhar em uma empresa do setor de elétrica, o que facilitou o contato com a COPEL para a projeção e instalação da energia em nossa casa.
Pesca no Rio Atuba
Seu Vargas nos revelou também que ônibus era coisa raro, e os poucos que circulavam, só paravam na Rodovia João Leopoldo Jacomel, uns 2 km de distância de sua casa. Porém, em meio a tantas dificuldades, uma boa lembrança – ele contou que, na época, pescava no rio Atuba, ois não existia não havia poluição em suas águas.
“Quando cheguei no bairro, existia uma Igreja de madeira e uns quatro moradores. Não havia rua no local, apenas a principal, chamada Guilherme Weis. Vacas e cavalos andavam soltos. Conforme os moradores chegavam, iam cercando seus lotes com madeiras ou arames”, relata.
Começo do namoro
No ano de 1975, seu Vargas começou a namorar Dona Dila, que veio de São Matheus do Sul. Os dois se conheceram nas bodas de prata da mãe de Dila. Se casaram em dezembro de 1979 em Curitiba, na igreja Nossa Senhora do Roccio. Em 1981 tiveram seu primeiro filho, o João Paulo, que é vizinho dos pais. Em 1989 nasceu Paulo Vitor. Nesta época, mandavam o João Paulo para igreja, mas não freqüentavam. Depois da comunhão do João, os dois foram convidados a participar de um retiro de casais organizado pelo Padre Zago.
Participaram e gostaram, e aí começou a caminhada junto a igreja. Ajudavam nas festas, colaborando assim com a construção da Igreja Bom Pastor. Dona Dila, inclusive, passou a fazer parte da coordenação da igreja. Primeiro, na catequese da Capela Bom Pastor. Depois, na matriz Boa Esperança, a Padroeira de Pinhais.
O casal conta que sempre acolheu as pessoas na igreja. Dona Dila, como Ministra da Eucarestia, atendia aos doentes. E o Vargas também entrou para o Ministério.
“Em casa sempre tivemos um bom diálogo e ajudavamos a todos, familiares e amigos, que precisassem de apoio, orientação. Foram periodos difíceis, e outros muito bons.
Trágico acidente
Mesmo com algumas dificuldades, as coisas caminhavam bem. Porém, em junho de 2010, o filho caçula sofreu um grave acidente de moto. Paulo estava parado em um sinaleiro da Avenida Airton Senna quando um motorista furou o sinal vermelho e o atingiu em cheio. Ele sofreu traumatismo craniano, perfuração no pulmão e fratura na perna. O que obrigou sua mãe a se afastar um pouco das atividades da igreja e do trabalho. “Tive que me dedicar totalmente ao meu filho, que ficou muito debilitado. Precisei ensinar tudo outra vez para ele. Desde andar, mastigar, falar e até a reconhecer as pessoas, pois não lembrava de nada”, conta Dila.
Mas, foi aí que perceberam os membros da comunidade como uma verdadeira família, porque não mediram esforços para ajudar, com orações e até financeiramente. “Muitos amigos ajudaram e se mobilizaram em torno da família. Já o motorista, causador do acidente, nunca apareceu nem para perguntar como estava o Paulo”, desabafa.
Apoio da Prefeitura
O casal fez questão de ressaltar que a Prefeitura atendeu a família muito bem, inclusive com médico, fisioterapeutas e remédios. “As enfermeiras vinham duas vezes por dia fazer curativos em casa. Fomos muito bem atendidos. Acreditamos que boa convivência entre nós e o ótimo relacionamento com a comunidade também nos ajudou a suportar todas as dificuldades”, afirmam.
Segredo da boa convivência
Com trinta e cinco anos de casados, só pelo olhar, um já conhece o que o outro está querendo dizer. Nunca brigaram, baseam-se no diálogo e respeito. Para não correr riscos de ofender um ao outro, nunca discutiam quando estavam nervosos. O que, segundo o casal, não significa dizer que o descontentamento com algo que o cônjuge fez de errado tenha ficado de lado. Sempre conversavam com a cabeça fria.
Novas provações
Mesmo depois do problema com o filho Paulo surgiram novas dificuldades, como uma grande chuva de granizo que destruiu a casa toda. Em seguida, Vargas descobriu que estava doente. Mas, com muita fé e unidos, venceram também esses desafios.
A vitória
Hoje, com muita saúde, os dois estão trabalhando, e o Paulo também voltou a estudar e trabalhar. O casal participa das Pastorais, inclusive Dila retornou para catequese, enquanto Vargas se dedica a manutenção da Igreja Padroeira do Municipio. Nunca perderam a esperança.
Mensagem do casal aos leitores
“É importante ter Jesus em nossas vidas. O dialogo é fundamental para a boa convivência. Jovens valorizem seus pais, porque na hora da festa está cheio de amigos. Mas, na hora do sofrimento, serão os seus pais que estarão com voces para socorre-los. Hoje em dia, a droga distrói tudo. As vezes, vemos filhos com vergonha dos pais. Inclusive, nas redes sociais, muitos filhos não postam nada a respeito dos pais”.