As mulheres brasileiras só conquistaram a permissão para dirigir em 1932, três décadas após os homens. No entanto, a história das mulheres com os carros vem de muito antes. Bertha Benz, ficou conhecida como a “mãe do automóvel” ao fazer, em 1888, a primeira viagem de longa distância em um veículo motorizado. Ela desafiou convenções sociais, demonstrando a capacidade feminina de dominar a máquina e desbravar novos caminhos. “Além disso, Florence Lawrence, atriz e inventora, revolucionou a segurança veicular com a criação das setas e da luz de freio, enquanto Mary Anderson, em 1903, patenteou o limpador de para-brisa, inovação fundamental para a visibilidade em dias de chuva. Essas mulheres deixaram um legado incontestável no mundo automotivo”, comenta a especialista em segurança viária Adalgisa Lopes, presidente da Associação de Clínicas de Trânsito de Minas Gerais (ACTRANS-MG).
Vários fatores contribuem para o comportamento mais prudente das condutoras. “Elas são menos agressivas, têm maior propensão a seguir as regras de trânsito; maior atenção aos limites de velocidade e usam o cinto de segurança com maior frequência, além de terem menor tendência a dirigir sob efeito de álcool”, comenta a diretora da ACTRANS-MG, Giovanna Varoni.
Estas características não apenas reduzem o risco de acidentes, mas promovem uma cultura de respeito e segurança no trânsito. A percepção espacial diferenciada é outro fator que contribui para um trânsito mais seguro. “As mulheres são mais detalhistas e observadoras, o que as torna mais atentas ao ambiente e aos perigos do trânsito. Esta habilidade de focar em detalhes e pontos de referência específicos aumenta a consciência situacional, fundamental para prevenir acidentes”, destaca Adalgisa.
Exemplo a ser seguido
A conduta das mulheres no trânsito oferece lições valiosas para toda a sociedade. Elas são a prova de que a prudência deve prevalecer sobre a pressa e ensinam a importância do respeito às regras, da atenção aos detalhes e da responsabilidade. “A empatia no trânsito é outra lição importante, fomentando um ambiente de respeito mútuo e consideração pelos outros usuários. Esse tipo de comportamento não só reduz acidentes de trânsito, mas também minimiza os riscos de brigas de trânsito, que têm provocado cada vez mais mortes no Brasil”, comenta Giovanna.
É fundamental reconhecer e valorizar as contribuições femininas para um trânsito mais seguro. “Ao invés de perpetuar estereótipos negativos, devemos nos inspirar no exemplo das mulheres para construir uma cultura de trânsito mais segura, responsável e empática”, completa Adalgisa.