Os moradores das regiões Norte e Nordeste são os mais afetados pela insegurança alimentar no Brasil. É o que indica o recente levantamento do módulo Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados revelam que as regiões Norte aparece com 60,3% e o Nordeste com 61,2%.
Segundo o economista Aurélio Trancoso, é preciso ter uma gestão pública independente — sem levar em consideração a parte política. Na opinião do especialista, o aumento de impostos e a nova carga tributária podem complicar ainda mais esse cenário.
“As pessoas não conseguem hoje comprar. Nós ficamos mais pobres depois da pandemia, não teve aumento de salário e teve aumento de produtos. E hoje a gente vê que os produtos só estão aumentando e as pessoas estão perdendo o poder de compra.”, lamenta.
O analista da PNAD Contínua André Luiz Martins Costa avalia o resultado da pesquisa:
“São 20,6 milhões de brasileiros em domicílios que tiveram o grau de insegurança alimentar moderada ou grave, que são graus associados a domicílios que passam por uma restrição severa de alimentos em quantidade e variedade”.
Ao complementar, André Luiz diz que essa insegurança alimentar também é marcada por desigualdades:
“Domicílios no norte e nordeste apresentam um nível de insegurança alimentar maior se comparado com aqueles domicílios das regiões sudeste e sul também são notáveis com relação à comparação de domicílios com segurança alimentar ou com insegurança alimentar”, aponta.
Insegurança alimentar
A insegurança alimentar ocorre quando os moradores do domicílio não têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, conforme o Ministério da Saúde. Ela pode ser classificada da seguinte forma:
- Insegurança alimentar leve: quando há comprometimento da qualidade da alimentação em detrimento da manutenção da quantidade entendida como adequada;
- Insegurança alimentar moderada: ocorrem modificações nos padrões usuais da alimentação entre os adultos simultaneamente à restrição na quantidade de alimentos entre os mesmos;
- Insegurança alimentar grave: são caracterizados pela quebra do padrão usual da alimentação com comprometendo a qualidade e a redução da quantidade de alimentos de todos os membros da família, inclusive das crianças, podendo ainda incluir a experiência de fome.
Os dados da pesquisa revelam que 21,6 milhões de domicílios (27,6%) são afetados por algum grau de insegurança alimentar. A forma mais grave engloba cerca de 3,2 milhões de domicílios (4,1%).
O levantamento mostra ainda que, enquanto as regiões Norte e Nordeste têm menor possibilidade de ter domicílios em segurança alimentar, a pesquisa revela que o Centro-Oeste com 75,7%, Sudeste 77,0% e Sul 83,4% apontam maiores percentuais.
Fonte: Brasil 61