Reformas são absolutamente necessárias para a recuperação do país, ainda que não sejam simpáticas

Reformas são absolutamente necessárias para a recuperação do país, ainda que não sejam simpáticas

Outro fator que atrapalha a evolução da economia brasileira é o contrabando e, diante disto, a sonegação de impostos

Dando sequência à 21ª Conferência da Unale que acontece em Foz do Iguaçu, no Paraná, o painel sobre o panorama econômico e as reformas serviu para que o ex-ministro da Fazenda do governo Sarney e consultor econômico, Maílson da Nóbrega, e o cientista político Paulo Kramer, palestrassem sobre o contexto atual da política e economia do país. Na visão deles, o presidente Michel Temer (PMDB) termina o mandato em 2018.

Para Paulo Kramer, a imprevisibilidade no país gera um grande risco político, enquanto que para a economia funcionar são necessárias regras claras. “Apelidamos o país de ‘riscolândia’, porque todo dia tem um fato novo e a bola de cristal fica embaçada. E para uma economia moderna funcionar é preciso haver regras claras, e que as pessoas respeitem essas regras”, disse.

Em relação ao mandato do Presidente Temer, o cientista político foi categórico ao afirmar que ele conclui o mandato e que caberá ao futuro presidente se aprofundar nas reformas necessárias para o país, pois acredita que por ora serão feitos ajustes mínimos. “Teremos a eleição e um presidente legitimado pelas urnas que poderá dar prosseguimento e aprofundamento a essas reformas que o Brasil precisa fazer. Os estados e o Estado terão que fazer esse ajuste, senão vai faltar não apenas dinheiro para a saúde e educação, mas para pagar os aposentados. Ninguém vai conseguir transformar as reformas em uma coisa simpática, mas elas são absolutamente necessárias”.

Em relação à reforma política, ele acredita que há necessidade de se convergir para dois pontos cruciais. “Acho satisfatório nesse momento acabar com as coligações partidárias proporcionais e uma cláusula de desempenho que acabe com essa anarquia de quase 30 partidos de representação na Câmara”.

O ex-ministro Maílson da Nóbrega afirmou, por sua vez, que a situação econômica do país é dramática, mesmo com a recuperação modesta da economia. “O quadro econômico é grave, o governo Temer recebeu uma situação gravíssima das finanças públicas, o país em rota de insolvência, em um momento expressivo dos gastos públicos, o Banco Central subserviente às ordens da presidente Dilma. A expectativa hoje é que o trem começou a andar nos trilhos, mas é uma tarefa gigantesca. O primeiro passo já foi dado, que é o teto dos gastos públicos que não pode crescer acima da inflação e a reforma da previdência, sem a qual o teto não é sustentável, o que colocou o Brasil em uma rota de sustentabilidade, que tende a ser ampliada com a eleição de um novo líder em 2018”, relatou.

Disse que a crise recente que envolve o presidente da República pode “afetar um pouco a confiança e que talvez a recuperação não seja tão intensa quanto se pensava, mas é um processo de recuperação inequívoco”, mas que a expectativa é de que ele não seja afastado do cargo.

Sonegação

Outro fator que atrapalha a evolução da economia brasileira é o contrabando e, diante disto, a sonegação de impostos. De acordo com o presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), Edson Vismona, que também participou do Painel, o contrabando anualmente “custa R$ 130 bilhões ao país”. Segundo ele, esse valor é dividido em R$ 89 bilhões de perdas do setor produtivo e mais R$ 41 bilhões em sonegação de impostos. “Precisamos levantar cada vez mais a noção para a sociedade, em especial a classe política, que nosso mercado legal está sendo duramente ameaçado pelo ilegal. O ilegal está crescendo, dominando fatias importantíssimas do mercado e afastando investimentos. Não gera empregos, não gera renda e prejudica a todos, e é gerenciado por verdadeiras organizações criminosas. É um esforço que temos que enfrentar num processo de buscar o desenvolvimento econômico”, afirmou.

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