Projeto do TJPR inaugura espaço de gestão pacífica de conflitos em escola de Curitiba

Projeto do TJPR inaugura espaço de gestão pacífica de conflitos em escola de Curitiba

Ação tem relação com o Projeto Pesquisa-Ação, fruto da parceria do TJPR com a Associação Paranaense de Cultura (APC)

No dia 22 de setembro, quinta-feira, foi inaugurada a Sala de Acolhimento, um espaço físico de identificação e gestão pacífica de conflitos, no Colégio Guilherme de Albuquerque Maranhão, no bairro Tatuquara. A ideia para a criação do espaço foi feita no curso de capacitação, Sensibilização da Comunidade Escolar acerca da Cultura de Paz e da Não-Violência, para funcionários e docentes ministrado pelas servidoras do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), Adriana Accioly Gomes, assistente social, e Fernanda Oliveira de Queiroz, bacharel em Direito.

O curso é fruto do Projeto de Pesquisa-Ação, uma parceria entre o TJPR e a Associação Paranaense de Cultura (APC), mantenedora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), realizado nas escolas públicas do ensino médio do município de Curitiba. O objetivo do projeto é criar nos ambientes escolares espaços em que, através do protagonismo do estudante, todos os atores envolvidos no meio escolar desenvolvam ferramentas teórico-metodológicas (diálogos restaurativos) adequadas à gestão pacífica de conflitos.

Estiveram presentes na inauguração o coordenador do projeto, Cezar Bueno de Lima; a representante da PUC, pró-reitora Mariane Miranda; o diretor do colégio Gerson Tome Perpetuo; representantes da Secretaria da Educação e do Esporte (SEED), do Ateliê de Inovação (AI), do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (GMF) do TJPR, professoras e alunos.

Para o coordenador do projeto, Cezar Lima, “essa sala é fundamental para escola, é fundamental para os professores, mais é muito mais fundamental ainda para os estudantes. Ela vai ser um espaço onde a gente possa mediar o conflito, respeitando, fazendo o processo de acolhimento, e sobre esse ponto de vista, o Tribunal de Justiça tem uma importância histórica, eu diria, pela primeira vez a gente está aqui oferecendo um espaço de acolhimento e de gestão pacífica de conflitos. Portanto essa sala simboliza um processo de transformação sem precedentes nesta escola e neste território”, finaliza.

A Sala de Acolhimento tem sido um espaço transformador na vida dos alunos, como nos conta a inspetora de alunos, Grazielli Cordeiro de Freitas, “a nossa sala, basicamente, veio depois do curso que a gente fez do TJPR, e daí várias pessoas abraçaram a causa, pela necessidade que a gente estava tendo, principalmente depois da pandemia, tinha muita mutilação, ansiedade, ataques de pânico, abuso, e a gente foi vendo a necessidade de ter um cantinho para conversar com eles separados. Então, todos que entram aqui, existem duas regras, a primeira é sem julgamentos e a segunda é que tudo o que for falado aqui, fica aqui dentro. Então eles estão se sentindo muito acolhidos, eles ficam felizes, porque nem em casa, isso relato deles, não tem esse acolhimento, porque a mãe acha que crise de pânico ou ansiedade é frescura, eles não têm entendimento para isso, e aqui eles podem ser ouvidos, então está sendo bem gratificante com eles, quanto ao retorno que está tendo, e o que eles estão passando para fora, pois eles têm um cantinho para ser acolhido”.

A parceria é firmada através do Termo de Cooperação Técnica e conta com a coordenação das equipes do TJPR – Observatório Interinstitucional de Direitos Humanos (OIDH), da Central de Medidas Socialmente Úteis (CEMSU) e do Ateliê de Inovação, responsáveis por promover palestras, oficinas de comunicação não violenta e roda de conversa acerca da política de assistência. Na PUCPR as ações foram coordenadas pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Políticas Públicas (PPGDH), envolvendo docentes, discentes e estudantes de graduação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), que desenvolvem projetos de pesquisa na Escola de Educação e Humanidades.

O PPGDH definiu 10 escolas públicas do ensino médio localizadas em cada uma das regionais de Curitiba. Dentre os critérios para a seleção das escolas, destacam-se a menor nota do ENEM e maior incidência de casos de violência (homicídios) no bairro. Por meio de um estudo de caso foi possível compreender a realidade de cada escola e promover iniciativas de intervenção à curto, médio e longo prazo. Além de entender o que os estudantes do ensino médio pensam sobre trabalho, estudo, família, violência, direitos humanos, democracia e projeto de vida, o projeto visa oferecer cursos de capacitação e estabelecer indicadores de mediação pacífica de conflitos, redução da evasão escolar e melhoria da relação de ensino-aprendizagem, mediante a participação direta dos estudantes nos processos decisórios no espaço escolar.

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