Foto: Gabriel Rosa/SMCS
As pessoas que circularam pela Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba, na segunda-feira (29), puderam receber informações e orientações sobre onde e como buscar ajuda na rede pública de saúde para parar de fumar. Para marcar as ações do Dia Nacional de Combate ao Fumo, profissionais da Secretaria Municipal da Saúde, em parceria com a Faculdade Dom Bosco e o Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico (Ilapeo), montaram uma barraca na Boca Maldita para ensinar o autoexame da boca, fornecer orientações de saúde e ainda encaminhar os interessados para o Programa de Combate ao Tabagismo do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a cirurgiã-dentista Marcela Lima, integrante do Programa, o público na faixa de 18 a 22 anos é o mais vulnerável para desenvolver a dependência do tabaco. A aposentada Rosa G., 72 anos, está há mais de 18 anos sem fumar, mas conta que foi ainda na adolescência, aos 16 anos, que desenvolveu o vício cultivado ao longo de 38 anos. “Mas até hoje eu pago o preço desse hábito”, conta ela, que tem uma série de problemas de saúde por causa do cigarro, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, bronquite e hoje depende de remédios de uso contínuo. Rosa lembra que sua pele “era igual um jornal velho” de tão amarelada. “Eu não sentia o sabor da comida. Queria muito parar de fumar, mas não conseguia”, relata.
Dados da pesquisa Vigitel 2014 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – mostram que 13,6% da população adulta de Curitiba é fumante, enquanto a média brasileira é de 10,8%. Curitiba é a terceira capital com maior número de fumantes, atrás apenas de Porto Alegre (RS) e de São Paulo. A maior prevalência de tabagistas é verificada entre a população jovem, com idades de 18 a 34 anos, faixa em que o índice de fumantes chega a 23% em Curitiba.
A cada ano, cerca de 2 mil pessoas passam por tratamento para superar o vício do tabagismo em Curitiba, segundo Marcela Lima. Ela explica que o SUS oferece diversos tipos de tratamentos e estratégias para quem deseja parar de fumar. Segundo ela, cerca de 60% dos participantes do Programa de Combate ao Tabagismo têm sucesso já na primeira tentativa. “O tipo do tratamento é previamente indicado por um médico, de acordo com a necessidade de cada paciente”, destaca.
Cenário brasileiro
De acordo com a Vigitel, houve redução de 33,8% no número de fumantes adultos nos últimos dez anos, sendo que 10,4% da população das capitais brasileiras mantém o hábito de fumar. Em 2006, o percentual era de 15,7% para o conjunto das capitais. Os homens permanecem como os que mais fazem uso do tabaco (12,8%), e as mulheres fumantes representam 8,3% do total da população feminina das capitais. Há dez anos, esse número era de 20,3% entre os homens e de 12,8% entre as mulheres.
O Ministério da Saúde, alerta que, apesar da redução do número de fumantes, as doenças causadas pelo tabagismo acarretam aproximadamente 200 mil mortes por ano no Brasil. O tabaco é um fator importante no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como câncer e problemas pulmonares e cardiovasculares.
Tratamento
Em Curitiba, todas as 109 unidades básicas de saúde contam com profissionais capacitados para realizar o tratamento. E, em 22 unidades, há grupos de combate ao tabagismo em andamento no momento – os grupos são abertos conforme a demanda do público. “As pessoas que querem fazer o tratamento pelo SUS devem buscar informações na unidade de saúde mais perto de casa. Se aquela unidade não tiver um grupo em funcionamento, os servidores saberão indicar onde isso está acontecendo nas proximidades”, orienta Marcela.