Prefeito reeleito destaca que as medidas de austeridade tomadas às vésperas das eleições de 2016 estão permitindo que o Município atravesse um cenário mais tranquilo em 2017.
Graças às decisões tomadas pelo Prefeito Marquinhos no ano passado, consideradas impopulares e controversas na época, Piraquara tem sido uma das poucos cidades da Grande Curitiba que não cortou nenhum direito dos servidores, aplicando inclusive reajustes salariais e mantendo os pagamentos em dia.
Confira a entrevista exclusiva concedida ao diretor do jornal A Gazeta Metropolitana, João Aloysio.
A Gazeta Metropolitana: Com relação ao ajuste fiscal aplicado em 2016, que medidas foram tomadas para equilibrar as finanças do Município, e por que o senhor adotou essas medidas de austeridade, consideradas impopulares, arriscando sua reeleição?
Prefeito Marquinhos: Exatamente, fizemos esse ajuste fiscal às vésperas das eleições, mesmo colocando em risco a popularidade da gestão e minha reeleição. Na época, alguns parceiros políticos, agentes públicos, me cobraram muito, dizendo que eu poderia colocar tudo a perder. Respondi aos críticos que perderia votos, se preciso, mas não perderia o respeito. Hoje, as contas de Piraquara estão em dia, justamente porque lá atrás tomamos essas medidas amargas. Afinal, quando pegamos a Prefeitura, em 2013, o Município estava mergulhado em dívidas. Fomos pagando as contas aos poucos. Dessa forma, conseguimos resgatar a credibilidade, o bom nome, e gradualmente fomos trazendo novos parceiros, como a Caixa Econômica Federal, a SEDU-Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e a Cohapar. Piraquara já conseguia crédito em 2014/2015, quando trouxemos alguns investimentos. Em 2015/2016, já estávamos com obras na cidade inteira.
A Gazeta: E qual a situação do Município hoje?
Prefeito Marquinhos: A saúde financeira de Piraquara está boa, Com certeza, queríamos ter feito mais, no entanto não temos o mesmo volume de arrecadação de Pinhais, São José ou Quatro Barras. Nossa renda per capita é baixa, uma das menores do estado, Piraquara é uma cidade grande, mas com muito pouco recursos. São cerca de 110 mil habitantes numa área de 224 km quadrados. Quando assumimos a Prefeitura não havia sequer 40% das vias públicas pavimentadas. A demanda maior era por infraestrutura. Outro desafio é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que engessa a gestão em relação à contratação de funcionários. Alguns municípios estão tendo dificuldades com a folha de pagamento. Nós não temos esse problema, porque no ano passado adotamos medidas preventivas. Aqui não retiramos direitos dos trabalhadores, como algumas outras cidades estão fazendo. No ano passado, foi preciso fazer cortes duríssimos em relação à folha, como horas-extras, funções gratificadas e cargos comissionados. Cortamos para arrumar a casa. Temos de ser realistas, não adianta nada ser prefeito se eu não tiver capacidade para administrar. Por exemplo, sem crédito não dá para fazer nada. Tivemos de cortar, também, investimentos, serviços, aluguel de máquinas, obras de antipó que iríamos fazer. Enfim, foram medidas duras, mas estritamente necessárias. O que importa é que reduzimos para poder honrar todos os nosso compromissos.
A Gazeta: Em 2017, como está a situação de Piraquara?
Prefeito Marquinhos: Desde o início do ano, temos economizado ao máximo. O resultado positivo é que já temos dinheiro para pagar o 13º. do funcionalismo. Vamos pagar adiantado esse ano. Estamos atendendo a todos os requisitos que o Ministério Público recomenda para o ajuste das contas, e já colhemos bons frutos, estamos com as contas em dia, enquanto outros municípios se debatem tentando ajustar suas finanças.
A Gazeta: O senhor atribui essa gestão responsável também a uma boa equipe de secretários e servidores em geral?
Prefeito Marquinhos: Sim, sem dúvidas. Temos uma equipe muito bem afinada, que expôs a situação. Conversamos, levantamos os prós e contras, e não vimos outra saída a não ser fazer o ajuste fiscal com essas medidas austeras, mas fundamentais, que hoje nos dão mais tranquilidade.
A Gazeta: Inclusive, o senhor cortou cargos comissionados que eram ocupados por partidos aliados que ajudaram na campanha. Foi difícil tomar essa decisão?
Prefeito Marquinhos: Ninguém chega nessa cadeira sozinho, obviamente. Todos vencem uma eleição contando com o trabalho e o apoio de um grupo. Naturalmente, isso implica compromisso com partidos e pessoas. Mas nunca disse que iria sacrificar a cidade em nome de determinado grupo político. Então, em 2016, tomei as medidas necessárias, mesmo colocando em risco minha reeleição. Meu compromisso maior é com a gestão do município.
A Gazeta: E como o senhor tem abordado a questão do quadro de educadores e dos servidores em geral?
Prefeito Marquinhos: Outro bom fruto que estamos colhendo é o Plano de Carreira do quadro do Magistério. Os educadores terão um quadro próprio da Educação. Nos preocupamos bastante, tivemos muito critério ao fazer o ajuste de modo a não prejudicar a classe. Pagamos o piso mínimo aos professores, demos reajuste salarial aos servidores do quadro geral, vamos adiantar o 13º. salário, inclusive. Nossa gestão é a que conta com o maior número de funcionários em toda história de Piraquara. Temos também o maior número de mulheres servidoras e ocupando cargos de alto escalão. Nos preocupamos muito com os funcionários públicos municipais. Eu, mesmo, sou servidor . Vamos fazer adaptações no quadro geral, com mudanças de nível na carreira. Temos de pensar lá na frente, na aposentadoria, também. Não retiramos direito algum dos trabalhadores, e ainda concedemos reajuste. Estamos adequando toda estrutura funcional ao que o Ministério Público recomenda, mas não cortamos nada dos trabalhadores.
A Gazeta: E quanto aos projetos futuros, o que a gestão tem planejado em investimentos?
Prefeito Marquinhos: Já temos garantido R$ 15 milhões para obras de pavimentação em todos os cantos da cidade, a exemplo da Vila Ipanema, Araçatuba, Jardim Santa Mônica, Vila Macedo, Vila Fuck, Planta Santa Catarina, Vila Mariana, Grande Guarituba, Vila Júlia, Vila Rosa, Vila Militar, Vila Centenário e outros. Também temos projeto de pavimentação da Rua Nova Tirol, que faz a ligação com a Colônia Santa Maria da Tirol. Conseguimos aproximadamente R$ 12 milhões a fundo perdido para investir no município. Tenho procurado deputados que queiram nos ajudar, que tenham carinho por Piraquara. Não olho partido, nem ideologia, se o deputado é de centro, de extrema-esquerda ou de extrema-direita, o que importa é o interesse em trabalhar por Piraquara.
A Gazeta: E a relação com a Câmara Municipal, como o senhor avalia?
Prefeito Marquinhos: Estou contente, consegui uma boa parceria nas minhas duas gestões. Tenho recebido todo o apoio do Legislativo Municipal para aprovar os projetos de interesse da população. Os vereadores demonstram a mesma vontade que a nossa, de fazer o melhor por Piraquara, de maneira planejada e responsável.
A Gazeta: O que o senhor apontaria como foco principal dessa segunda gestão?
Prefeito Marquinhos: Quando assumi a Prefeitura, em 2012, montei uma equipe que aos poucos foi sendo ajustada de acordo com as necessidades. Nessa segunda gestão, por exemplo, estamos focados em três pilares. Sentimos que é necessário o município contar com um canal de comunicação direto com a população. Na Ouvidoria, o povo poderá elogiar, reclamar, criticar, fazer sugestões, questionar, cobrar, sanar dúvidas, enfim, tudo o que necessitar dizer à Prefeitura. Outro foco é trabalhar para aumentar a arrecadação do município. Precisamos arrecadar mais, isso é fato. Mas não será aumentando impostos. Não estamos na Idade Média para taxar e taxar, cada vez mais, o contribuinte. Mas vamos aproveitar mais o dinheiro arrecadado, através do Programa de Modernização da Administração Tributária – PMAT para identificar falhas na utilização dos recursos. Queremos entender melhor, enxergar como as verbas estão sendo gastas e o que precisa ser feito para otimiza-las. Faremos um raio X da cidade na aplicação dos recursos. O terceiro ponto é a valorização do funcionalismo . Para isso, criamos a Escola de Gestão, que será uma maneira efetiva, real, de capacitar e valorizar os nossos servidores.
A Gazeta: Em sua gestão, Piraquara ganhou duas obras marcantes, o Parque das Águas e o Teatro Municipal. Como essas conquistas contribuem para o desenvolvimento do Município, principalmente no fomento ao turismo?
Prefeito Marquinhos: Essas duas obras mudaram a história da cidade. Devolveram a autoestima dos piraquarenses. Aliás, temos projeto para ampliar o Parque das Águas. Acredito que o turismo ganhará grande impulso após a pavimentação da Estrada Nova Tirol até Santa Maria.
A Gazeta: Recentemente, o senhor saiu do PDT para filiar-se ao PSD, partido do Ratinho Jr. Qual o motivo da troca partidária?
Prefeito Marquinhos: Todos dependemos de grupos políticos. Ninguém vai se perpetuar na política, se for individualista. Nesses últimos meses fui bastante procurado por diferentes grupos. Inclusive, declinei do convite para lançar candidatura a Deputado Estadual, porque quando concorri à reeleição meu compromisso sempre foi com a população à frente da Prefeitura. Acredito muito nessa segunda gestão, vou ficar até o fim do mandato, pois estamos trabalhando para fazer um governo ainda melhor do que a primeiro.
Quanto ao PDT, é um partido que sempre me orgulhou, que eu só tenho a agradecer pelo acolhimento e por tudo o que me proporcionou. Mas fui convidado para fazer parte de outro projeto, de outro grupo . Desfiliei-me com dor no coração, mas queria fazer parte desse novo projeto para o Paraná, com o grupo do Ratinho Jr. Não sabemos ainda se é para o Governo, ou para o Senado, mas é um projeto novo para o estado. Nunca briguei com ninguém do PDT, tenho carinho pelo partido. Mas veio o convite do Ratinho Jr, o qual achei muito interessante e me senti muito lisonjeado.
A Gazeta: O que o senhor tem a dizer sobre a gestão daqui para frente?
Prefeito Marquinhos: Fizemos mudanças, tomamos medidas austeras para conseguir uma certa tranquilidade, que estamos desfrutando hoje. Estamos focados na nossa missão de cuidar da cidade e sua gente. Digo que essa gestão será melhor ainda que a primeira. Este é o nosso foco, o nosso objetivo. Vamos chegar ao final do segundo mandato com uma Piraquara mais próspera e desenvolvida, com toda a certeza.