A Gazeta Região Metropolitana: A tarifa do transporte público foi um dos grandes temas polêmicos durante a campanha. Como o senhor acredita que será possível uma negociação com as empresas tendo em vista suas propostas de redução da tarifa, a exemplo de meia tarifa aos domingos, tarifa zero para desempregados e eventualmente uma redução do valor geral? Há previsão de subsídios maiores?
Eduardo Pimentel: Em janeiro já vou implementar a tarifa pela metade, a R$ 3 aos domingos e feriados, para que as famílias possam ter lazer, visitar seus familiares. Isso vai custar R$ 17 milhões por ano e já está garantido no orçamento. E também a tarifa zero para quem está desempregado momentaneamente através de um cadastro no Sine [Sistema Nacional de Emprego].
Outra coisa é a redução da tarifa no dia a dia, que vai levar um pouco mais de tempo e quero fazer isso de forma sustentável. Como disse ao longo de toda a campanha, essa proposta será tratada dentro novo contrato de licitação do Transporte, que está sendo feito junto com o BNDES e será feito com a Câmara Municipal de Curitiba. Negociaremos com as empresas buscando eficiência e modernização do sistema, e também contaremos com parcerias buscando valores justos que promovam uma política tarifária viável para o cidadão.
A Gazeta: Um de seus compromissos de campanha é reduzir a fila por vagas na creche a partir do Vale-Creche. Em quanto o programa Vale-Creche pode ampliar a oferta de vagas, num primeiro momento, até que novas creches possam ser construídas? Quantos e onde deverão ser construídos os novos CMEIs?
Eduardo Pimentel: O Vale-Creche é destinado a famílias com renda até R$ 3 salários mínimos que estão na fila de espera. Trata-se de uma medida prática que permitirá uma resposta imediata à demanda por vagas em creches, enquanto avançamos na construção de novos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). Com o Vale-Creche, esperamos inicialmente atender milhares de crianças em unidades privadas conveniadas, especialmente em regiões com maior fila de espera. Nossa meta é construir 36 novos CMEIs, priorizando bairros com maior demanda e necessidade. Assim, ofereceremos tanto uma solução de curto prazo quanto um investimento contínuo em infraestrutura para a educação infantil.
A Gazeta: Outro tema muito polêmico na campanha foram os radares. Conforme o senhor explanou durante a campanha, não há possibilidade de redução no número de radares devido a tratar-se de uma imposição do Código de Trânsito Brasileiro. O objetivo, então, seria apenas um aumento da sinalização tendo em vista evitar as “pegadinhas”? Esta seria uma das primeiras medidas ao assumir a Prefeitura?
Eduardo Pimentel: Segurança no trânsito é prioridade, e os radares têm um papel importante, pois ajudam a salvar vidas. Eles ajudaram a reduzir em 40% o número de mortes no trânsito da cidade e minha meta é chegar a zero. No entanto, queremos garantir que os motoristas tenham um trânsito sem o risco de ‘pegadinhas’ e por isso vamos aumentar a sinalização e a comunicação, deixando claro onde estão os radares e qual a velocidade permitida. Esse será um compromisso do meu governo, pois entendemos que a clareza e a educação no trânsito são essenciais para um trânsito mais seguro para todos.
A Gazeta: Houve muitas críticas de candidatos adversários como, Luciano Ducci e Ney Leprevost, a previsão de corte das árvores na Avenida Arthur Bernardes. Poderia explanar sobre o projeto da Prefeitura para a avenida, inclusive, esclarecendo a população sobre se há realmente necessidade de derrubada das árvores e como e onde será o plantio de novas mudas? As mesmas reclamações têm ocorrido em relação a derrubada das árvores para a obra da Avenida Victor Ferreira do Amaral…
Eduardo Pimentel: É essencial esclarecer que qualquer projeto de desenvolvimento urbano em Curitiba é pensado de forma a equilibrar o progresso com a preservação ambiental. Na Arthur Bernardes e na Victor Ferreira do Amaral, onde algumas árvores terão que ser removidas para a viabilização das obras de mobilidade urbana do novo Inter 2, já está planejado o plantio de novas mudas em áreas apropriadas e cuidadas para compensar o impacto. Além disso, estamos comprometidos em preservar ao máximo as árvores existentes e a biodiversidade local, e todas as medidas de plantio serão realizadas em consonância com nossa política de respeito ao meio ambiente e às leis municipais de proteção ambiental.
A Gazeta: A estimativa de orçamento para 2025 é de R$15 bilhões. Quais as prioridades neste orçamento em termos de obras e projetos, especificamente?
Eduardo Pimentel: O orçamento de R$15 bilhões para 2025 será cuidadosamente alocado para atender às principais necessidades de Curitiba. As prioridades incluirão investimentos em saúde, com novas unidades e melhorias em infraestrutura, além do fortalecimento da educação com a construção de CMEIs e o Vale-Creche. Também teremos atenção especial à mobilidade urbana, avançando nas obras de corredores de transporte e infraestrutura para bicicletas e pedestres. Além disso, vamos intensificar ações nas áreas de segurança pública e inovação, visando tornar Curitiba cada vez mais segura, moderna e eficiente para nossos cidadãos.
A Gazeta: As mudanças climáticas, infelizmente, vieram para ficar. Como a Prefeitura tem abordado esse problema a partir de obras e projetos de médio e longo prazo? Conte-nos um pouco mais sobre o Programa Reserva Hídrica do Futuro, que envolve a construção de mais oito parques, e outros projetos.
Eduardo Pimentel: As mudanças climáticas são uma realidade que exige ação imediata e planejamento a longo prazo. Em Curitiba, a Reserva Hídrica do Futuro representa um compromisso em construir uma cidade resiliente e sustentável. O projeto é uma intervenção de prevenção ambiental em áreas ainda bem preservadas, que também busca de forma sustentável interligar as antigas cavas do Rio Iguaçu, favorecendo a formação de lagos que poderão suprir o abastecimento de água para a população em momentos de estiagem. Estima-se que o potencial de captação de água, com a implantação da Reserva Hídrica do Futuro, seja de 43 bilhões de litros para serem utilizados no abastecimento emergencial.
Além da reserva hídrica, a criação de mais oito parques, estamos investindo não apenas na ampliação de áreas verdes, mas também na proteção dos nossos mananciais e na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Esses parques funcionarão como reservas hídricas naturais, ajudando a combater enchentes e a regular o microclima da cidade. Somados a projetos de mobilidade sustentável com a frota de ônibus elétrico e redução de emissões de carbono, são alguns esforços que visam uma Curitiba preparada para o futuro.
A Gazeta: Um dos grandes problemas do SUS é a fila de espera para o atendimento em especialidades. Sabemos que as consultas com médicos especialistas são de responsabilidade do governo estadual. Contudo, a sua aliança com o governador Ratinho Junior, colega de partido, inclusive, pode colaborar para melhorias neste sentido. O senhor pretende buscar o atendimento dessa demanda com o governador? Até, por que, o usuário do SUS não costuma fazer essa distinção entre o que é de responsabilidade do prefeito e o que é do governador…
Eduardo Pimentel: Entendo que a espera para atendimento em especialidades é um dos grandes desafios enfrentados pelos usuários do SUS e por isso vamos abrir um centro de diagnósticos público por imagens para agilizar o atendimento nas especialidades. Nesse sentido também temos uma parceria sólida com o governador Ratinho Junior, e vamos unir forças para reduzir essas filas em Curitiba.
A Gazeta: Sobre as políticas para a população em situação de rua, o que a sua futura gestão deverá fazer para, ao menos, reduzir a presença dessa população de modo que lhe garanta vida digna e reinserção social? Há previsão de mudanças significativas na FAS? O que pode ser melhorado no trabalho da FAS?
Eduardo Pimentel: A assistência à população em situação de rua é uma prioridade que requer sensibilidade e ação efetiva. Nosso objetivo é fortalecer a Fundação de Ação Social (FAS) para que seu trabalho de acolhimento, capacitação e reinserção social seja ainda mais abrangente e eficaz.
Vou criar novos programas de moradia como o aluguel social, aumentar as parcerias com organizações que oferecem suporte social e, principalmente, a profissionalização. Queremos proporcionar dignidade e oportunidade para que essas pessoas possam reconstruir suas vidas e fazer parte da sociedade com acesso a trabalho, saúde e moradia.
Empresas contratadas pela Prefeitura deverão destinar cotas de vagas para pessoas em situação de rua que passaram por recuperação e estão sendo inseridas no mercado de trabalho. Vou abrir 2 novos FAS SOS e ofertar mais vagas em comunidades terapêuticas.
A Gazeta: Para a Guarda Municipal, quais as propostas e projetos em seu plano de governo que assegurem valorização da categoria ao mesmo tempo que mais segurança à população?
Eduardo Pimentel: Para a Guarda Municipal, nosso plano inclui investimentos em treinamento, equipamentos e condições de trabalho que valorizem a categoria e garantam a segurança da população. Queremos expandir o programa de policiamento preventivo, com a Guarda presente em todos os bairros, e fortalecer ações integradas com a Polícia Militar para aumentar a efetividade da segurança pública. Vamos realizar concurso público para contratar novos guardas.
A Gazeta: O senhor enfatizou durante a campanha que quer uma Curitiba unida, no sentido de pacificar a divisão da população em termos de expectativas ideológicas sobre o poder público municipal. O que o povo curitibano, independentemente de preferências ideológicas, pode esperar de sua gestão?
Eduardo Pimentel: Ideologia não abre vaga na creche, não resolve o problema do transporte nem coloca remédio na Unidade de Saúde. Fui eleito para ser o prefeito de toda a cidade e de todos os que aqui moram. Independentemente de preferências ideológicas, o curitibano pode esperar uma administração que trabalhe para o bem comum, ouvindo as demandas e agindo com transparência e eficiência. Meu compromisso é construir uma Curitiba unida, onde o foco esteja nas soluções e no progresso.