por Vanessa Martins de Souza
As eleições municipais de 2020 aproximam-se, faltando menos de um ano para o primeiro turno de votação. Em Curitiba, as articulações já começam a desenhar um provável cenário, com algumas pré-candidaturas a Prefeito da capital lançadas, inclusive. A grande novidade é o lançamento da pré-candidatura do ex-Prefeito de Pinhais e Deputado Federal, Luizão Goulart (Republicanos), que aconteceu no último dia 31 de outubro, em encontro do partido no Hotel Nacional Inn, em Curitiba. Desde o início do ano, já havia rumores de que o deputado tinha intenção de candidatar-se a Prefeito de Curitiba, o que, finalmente, confirmou-se na última semana.
Membro da Executiva do Republicanos, uma forte liderança dentro do partido, Luizão já conta com seu nome aclamado entre seus correligionários, podendo dar como certa a homologação de sua candidatura nas convenções de junho de 2020. A entrada do Deputado Luizão na corrida pelo Palácio 29 de Março deverá alterar os possíveis planos e estratégias dos demais concorrentes, uma vez que uma candidatura expressiva se avizinha. Luizão, muito embora, ainda um tanto desconhecido da maioria do eleitorado curitibano, apresenta um grande potencial de crescimento na capital, tendo sido eleito deputado federal em 2018 com uma parcela significativa de votos em Curitiba. Depois de Pinhais e Piraquara, Curitiba foi a cidade onde mais recebeu votos. Conta muitos pontos a seu favor, ainda, o fato de ter sido Prefeito de Pinhais por dois mandatos consecutivos, deixando o cargo com 94% de aprovação popular, segundo o Instituto Paraná Pesquisas. Também reelegeu sua sucessora, a vice Marli Paulino (PDT), com um percentual de votação invejável (82,06%). Quem já conhece a trajetória de Luizão em Pinhais, tendo sido o Prefeito mais bem avaliado do país, sabe de seu potencial para, no mínimo, deixar seus concorrentes apreensivos em Curitiba. Não há dúvidas de que irá explorar em sua campanha tudo de bom que fez em Pinhais – em duas gestões consecutivas – as expressivas votações alcançadas em duas eleições, a vitoriosa aprovação popular ao deixar o cargo, enfim…Acredito que se revelará um candidato forte que – caso não consiga chegar a um provável segundo turno – deverá pavimentar solidamente uma futura campanha para quatro anos depois.
Novidade em Curitiba
Outro ponto favorável a Luizão é o fator ‘novidade’ que seu nome leva à disputa. Um candidato que vem da Região Metropolitana, que não tem uma imagem saturada na capital, levando novas ideias e propostas, e exemplos bem-sucedidos nas gestões em Pinhais, pode realmente cativar o eleitorado curitibano. Principalmente, quando se considera os demais prováveis concorrentes à Prefeitura: nomes, em sua maioria, que podem não representar nada além de “mais do mesmo”.
O Prefeito Rafael Greca (PMN), apesar de não ter ainda afirmado categoricamente que será candidato à reeleição, é o candidato natural. Greca, poeticamente, já deu a entender que vai concorrer, quando afirmou à imprensa, tempos atrás, que continuar na Prefeitura por mais um mandato seria “um estado de graça”. O prefeito tem a seu favor o fato de já estar no cargo, o que não se pode negar o peso (relativo, por sinal) da máquina administrativa numa campanha. Porém, Greca já está em seu segundo mandato em Curitiba, tendo voltado ao poder em 2016 depois de uma gestão emblemática na década de 90. Este seu segundo mandato deixará saudades, assim como deixou o primeiro, no final da década de 90, a tantos de seus eleitores? Há os satisfeitos, mas, também, há os insatisfeitos…
Bate-chapa no PDT
Outro nome que, possivelmente, já esteja saturado em Curitiba é o de Gustavo Fruet (PDT), que quer voltar à Prefeitura depois de amargar uma tentativa à reeleição que resultou em meros 20% de votos nas últimas eleições, em 2016, quando, sequer, chegou ao segundo turno. O ex-prefeito de Curitiba e atual deputado federal deverá bater chapa no PDT com o deputado estadual Goura (PDT), que, na semana passada, declarou-se pré-candidato a prefeito da capital, também.
Nova esquerda
Por sua vez, o deputado Goura, 38 anos, professor de yoga e cicloativista, se conseguir vencer as convenções dentro do partido, e oficializar sua candidatura, terá grandes dificuldades de conquistar um eleitorado de peso numa cidade em que o conservadorismo sempre se fez presente, e, em especial, a partir da ascensão do então candidato Jair Bolsonaro (PSL). O parlamentar é um expoente da nova esquerda, na qual pautas como, mobilidade urbana, desenvolvimento sustentável, cicloativismo e a legalização da maconha ganham destaque. Faz dura e obstinada oposição ao Governo Bolsonaro na cidade em que o Presidente da República obteve 76% de votação. Foi eleito vereador de Curitiba em 2016, tendo cumprido apenas dois anos de mandato na Câmara, pois, em 2018, venceu as eleições para Deputado Estadual.
Apoio do governador Ratinho Júnior
Já um nome que tem grandes chances de vitória é o secretário de Estado da Justiça, Família e Trabalho e Deputado Federal licenciado Ney Leprevost (PSD), que quase chegou à Prefeitura em 2016, disputando com Greca no segundo turno. Greca, por pouco, não perdeu as eleições para o então deputado estadual Ney Leprevost. O apoio do Governador Ratinho Júnior (PSD) também deverá ser contundente e, quem sabe, decisivo, na campanha. Mas, tudo dependerá da aprovação popular do Governador do Estado em 2020. Leprevost, com certeza, estará vulnerável a essa questão por contar com o apoio do governador. Tudo vai depender do nível de popularidade em que se encontrará Ratinho Júnior à época das eleições.
Direita conservadora
O deputado estadual Delegado Francischini (PSL) é outro pré-candidato forte. Muito provavelmente, deverá lançar candidatura, constituindo-se em um grande representante do eleitorado conservador. Já foi deputado federal, apóia o Governo Bolsonaro, defende pautas de direita na Assembleia… Em suma, por ora, ao menos, tem tudo para ser considerado uma boa opção ao típico eleitor curitibano. Tanto que, na última pesquisa de intenção de votos, divulgada em março passado, aparece tecnicamente empatado com Fruet, Greca e Leprevost, segundo o Instituto Paraná Pesquisas. Na pesquisa estimulada, em que o entrevistador cita nomes possíveis, Greca ficou com 19,4% das intenções de voto; Fruet, com 15,7%; Leprevost, com 14,8%; e Francischini, com 14,3%.Contudo, eleições não se ganham de véspera e, até outubro de 2020, ainda há muito chão pela frente a todos os candidatos. Tudo pode se configurar de maneira muito diferente, como a experiência e a história nos lembram.