A Gazeta Cidade de Pinhais: O senhor assumiu o comando da Secretaria há uma semana, no último dia 1º de agosto. Como tem avaliado o funcionamento da pasta?
Dr. Alfredo Moreno: Assumi o cargo no dia 1º de agosto, quinta-feira passada, então, nessa fase inicial estou fazendo um diagnóstico. Contudo, posso adiantar que a Secretaria caminha muito bem, está muito bem estruturada. Recentemente, houve aquisição de novos armamentos para a Guarda, que ainda não estão sendo utilizados. Também, houve compra de viaturas que, na última semana, já foram para as ruas. Entre possíveis mudanças, provavelmente, vamos trazer melhorias para os servidores, um ambiente ainda mais propício para os guardas municipais trabalharem.
A Gazeta: Alguns meses atrás, havia algumas reclamações da população sobre a cobrança de multas de trânsito referentes a possíveis excessos na atuação dos agentes e eventuais cobranças injustificadas. Qual a abordagem da Secretaria em relação às multas de trânsito?
Moreno: O objetivo maior nunca é a aplicação de multas. Mas, sim, o trabalho educativo e preventivo, promovendo a conscientização dos motoristas e motociclistas. Para isso, a Secretaria tem implementado um forte trabalho de orientação e educação para o trânsito. Temos os guardas municipais destacados para a função de agentes de trânsito, sendo treinados e capacitados para isso, a exemplo dos últimos concursados chamados. Então, há um treinamento para que atuem da melhor forma na orientação do cidadão, seja em ações educativas como na cobrança de multas. O trânsito vai muito além da cobrança de multas. É todo um complexo que passa por estudos de trânsito, de tráfego. A conscientização e a repressão são apenas uma das muitas áreas em que a Secretaria atua. Uma parte desse trabalho fica na Divisão de Engenharia, Mobilidade e Segurança Viária, que desenvolve um trabalho bem interessante a partir de estudos de viabilidade de trânsito em parceria com outras secretarias como a de Urbanismo. Mas os estudos e planejamento, novas ideias, saem daqui para serem compartilhados a outras secretarias.
A Gazeta: Há previsão de implantação de alguma mudança significativa no trânsito para os próximos meses ou 2024?
Moreno: Na Secretaria, há estudos permanentes e projetos prontos para 2024. Trânsito envolve estudos e planejamento constantes, desde o pedido de colocação de uma lombada trazido por um vereador, é preciso fazer um estudo de viabilidade, previamente. Enfim, além de estudos sobre questões urgentes, há os estudos de longo prazo que vão se adaptando conforme a demanda.
A Gazeta: Pinhais tem caminhado para a verticalização das edificações. A longo prazo, isso pode trazer um maior número de veículos num mesmo espaço, nas mesmas vias. Como a Secretaria avalia esse desafio a fim de não sobrecarregar o trânsito com grandes congestionamentos?
Moreno: Acredito que esse é um desafio que envolve a conscientização para o uso de outros modais de transporte para além do uso dos veículos próprios, a exemplo da bicicleta, do transporte público. Obviamente, há necessidade de oferta de melhores condições para o uso desses modais, a exemplo de mais ciclovias, atendimento a demandas sobre o transporte público. São estudos e planejamento de longo prazo que estão em pauta. E isso envolve, também, pensar em mais espaço para estacionamentos, enfim, o planejamento de tráfego é uma constante na Secretaria considerando demandas futuras a médio e longo prazo, também.
A Gazeta: A Prefeitura tem investido muito em estacionamento nos últimos meses, em especial, justamente devido a demanda em pontos comerciais. É algo que não pode ser deixado de lado, correto?
Moreno: Com certeza. O comércio necessita contar com estacionamentos próximos. Inclusive, alguns empreendimentos já são planejados com estacionamento próprio para proporcionar essa comodidade, a exemplo dos malls, uma tendência que vem chegando. O município tende a crescer, o comércio, o número de veículos circulantes, também. Então, garantir espaço suficiente para estacionamentos é algo que estamos sempre atentos juntamente com a tendência do comércio ir se expandindo para regiões não centralizadas.
A Gazeta: Em cerca de dois anos e meio de funcionamento da Secretaria de Segurança e Trânsito, quais avanços a nova pasta trouxe tanto em segurança pública como na área de trânsito?
Moreno: Sem dúvidas, os índices de criminalidade diminuíram muito. A Guarda Municipal já existia antes e vinha conseguindo combater e reduzir a criminalidade, mas, com a Secretaria, esses avanços expandiram-se. Especialmente, a Muralha Digital tem feito uma significativa diferença. O trânsito, também, tem experimentando melhorias, veio a desafogar porque a Polícia Militar tinha uma demanda muito grande. A municipalização do trânsito permitiu a parceria com a Guarda. A atuação em conjunto com os agentes de trânsito da Guarda, além dos recursos próprios investidos em sinalização vertical e horizontal, bem como a qualificação dos agentes na atuação perante o cidadão tem trazido ótimos resultados.
A Gazeta: Inclusive, há as blitze feitas em parceria, certo?
Moreno: Sim, é um trabalho muito articulado entre a PM e a Guarda, que se estende, inclusive, para a segurança pública somando-se a parceria com a Polícia Civil. Aliás, essa parceria na segurança pública vem desde o início da criação da Guarda, quando estava sob a coordenação da Secretaria de Governo. Algo que sempre foi muito bem-sucedido devido a secretários de Governo muito bons, a exemplo do saudoso Lukala Nóbrega e do Ricardo Pinheiro, todos pessoas de fácil comunicação e muito competentes, que souberam articular esse trabalho conjunto.
A Gazeta: Sobre dados numéricos na segurança pública, poderia apontar esses indicadores de melhorias?
Moreno: Os investimentos em estrutura e aparelhagem, armamentos, viaturas e qualificação dos guardas foram fundamentais para esses bons resultados. A Muralha Digital, por exemplo, trouxe avanços expressivos no combate ao crime. São 70 câmeras nas vias de entrada e saída do município, mais 700 câmeras nas vias e equipamentos públicos. Para um município de pequena extensão geográfica, isso representa um monitoramento muito expressivo. Na Central da Guarda, pelo monitoramento das câmeras, os guardas conseguem identificar as demandas e encaminhar os comandos aos agentes nas ruas, conseguindo-se fazer a repressão. Atualmente, quase já não se furta mais veículos no município devido às setenta câmeras com imagens de alta definição às entradas e saídas do município. As câmeras, com o auxílio da inteligência artificial, detectam rapidamente a placa do veículo, mesmo que ela não seja completamente visível. A partir do cruzamento de dados, a exemplo da cor e modelo do veículo, a inteligência artificial consegue identificar o carro. O número de apreensões de armamentos, que era gigantesco em Pinhais, também, caiu muito, chegando a apenas três armas por ano. Uma redução que, há quinze anos, era impensável.
A Gazeta: O senhor tem acompanhado a evolução do município em mais de uma década, desde que começou a trabalhar na Prefeitura, em 2010. Quais os desafios ainda para a segurança pública e trânsito, em sua avaliação?
Moreno: Sim, comecei em 2010, como servidor na Prefeitura de Pinhais, onde fiquei até 31 de dezembro de 2020, na Procuradoria Geral do município. Em 2021, assumi a Procuradoria Geral do município de Rio Branco do Sul. Mas, sempre quis voltar a Pinhais. Tenho acompanhado a evolução, a transformação do município nestes anos todos. Costuma-se dizer que Pinhais é fácil de administrar porque conta com grande arrecadação e uma extensão geográfica de pouco mais de 60 metros quadrados. No quesito infraestrutura física, como asfalto, obras, pode ser mais fácil. Porém, há uma população crescente que já está em torno de 127 mil habitantes. Atender a demanda das pessoas, oferecendo bons serviços e equipamentos públicos e mais qualidade de vida, é o grande desafio. O município tem atraído novos moradores, mais visitantes, e, ainda, conta com uma população cada vez mais qualificada, exigente por estar ciente de seus direitos. Então, os desafios são múltiplos, principalmente, afetando as demandas na segurança pública e no trânsito. A cidade conta com mais pessoas, o número de veículos circulantes aumenta. Atualmente, já são 94.562 veículos emplacados no município. O combate à criminalidade, também, passa por essa questão de conjugar desenvolvimento, mais comércio, mais atividade econômica, com segurança pública. A medida em que o município ganha visibilidade, atrai mais moradores e visitantes. Podendo atrair mais criminosos. Mas, essa é a vantagem de investir em segurança pública. Os criminosos tendem a migrar para outras localidades, pois, eles já sabem que, aqui, o roubo de veículos, por exemplo, não costuma dar certo.
A Gazeta: Quê melhorias a municipalização da Rodovia João Leopoldo Jacomel tem trazido a fim de evitar atropelamentos e acidentes?
Moreno: Ainda é um ponto sensível a Rodovia, mas já identificado e em estudo e planejamento. Temos uma série de medidas a serem implantadas envolvendo melhorias estruturais na sinalização, principalmente.
A Gazeta: A Secretaria, também, desenvolve, um trabalho importante no combate a violência doméstica e proteção ao menor de idade. Os índices desse tipo de violência no município ainda são altos. Como o senhor avalia esse desafio?
Moreno: Sim, é o tipo de criminalidade mais recorrente no município, infelizmente. Há, em torno, de 350, 360 medidas protetivas no município, devido a violência doméstica contra a mulher. Em relação a menores de idade, infelizmente, os números são semelhantes. As prisões pela Lei Maria da Penha chegaram a 34, neste ano, até o momento. Somente as efetuadas pela Guarda, fora as da PM. O município já conta com políticas públicas de combate à violência doméstica, em conjunto com a Assistência Social, envolvendo, inclusive, desde a conscientização para que as mulheres reconheçam quando são vítimas de abusos e violência, e, ainda, a prevenção. Pois, é possível prever uma escalada na violência doméstica. Além disso, um trabalho de conscientização dos homens é realizado, também. E há previsão de uma ampliação dessas políticas públicas em parceria com a Assistência Social. Vale lembrar que o número 153 da Guarda é o telefone de atendimento para esses casos de violência. E há, ainda, o Botão do Pânico, um aplicativo desenvolvido para pedido de socorro às forças de segurança do município destinado às mulheres em situação de vulnerabilidade já identificada no município.
A Gazeta: O senhor gostaria de deixar uma mensagem para a população como novo secretário municipal de Segurança e Trânsito?
Moreno: Neste mandato da prefeita, tenho poucos meses pela frente e vou cumprir o planejamento orçamentário da gestão anterior. Meu objetivo é garantir mais segurança à população e proporcionar um trânsito cada vez melhor, mais seguro e ordenado, a fim de gerar mais qualidade de vida a todos. E gostaria de poder continuar, no ano que vem, a depender do resultado do pleito municipal, especialmente, para contribuir para modernizar ainda mais o trânsito e inovar e qualificar mais a segurança pública, buscando um trabalho de excelência.
