A terceira rodada da pesquisa Genial/Quaest de 2025 apresenta um paradoxo: a desaprovação do governo Lula alcançou 57%, enquanto a aprovação caiu para 40%, marcando os piores resultados do terceiro mandato. Essa piora ocorre mesmo com uma queda na percepção negativa sobre a economia e uma alta aprovação de novos projetos governamentais, como a isenção de imposto de renda até R$ 5 mil. Contudo, a avaliação continua a deteriorar-se entre os principais grupos de apoio ao presidente.
Para o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, essa contradição é influenciada pela ampla repercussão de notícias negativas, como o escândalo do INSS, que “diminuiu o efeito positivo da economia e do lançamento dos novos projetos”. Ele sugere que o governo “está perdendo tempo” e não conseguiu atender às expectativas geradas durante a eleição.
Nos grupos de apoio, a desaprovação é notável: entre os que ganham até 2 salários mínimos, aprovação e desaprovação estão em empate técnico (50% a 49%), um índice inédito. Entre as mulheres, que foram maioria nos votos de 2022, a desaprovação é de 54% e a aprovação, 42%. Pela primeira vez, a desaprovação entre os católicos (53%) superou a aprovação (45%). O governo também vê sua desaprovação subir para 61% no grupo sem posicionamento político. O Nordeste é a única região que aprova o governo (54%), enquanto no Sudeste a desaprovação atingiu um recorde de 64%.
A avaliação geral do governo piora continuamente desde dezembro de 2024: em maio, 43% consideram-na negativa, 28% regular e 26% positiva. Para 61% dos brasileiros, o país está na direção errada. Comparado aos dois primeiros mandatos, 56% consideram este governo pior. Em relação ao governo Bolsonaro, 44% veem o atual como pior. Cerca de 45% avaliam que o governo está pior do que o esperado. Notícias negativas prevalecem sobre as positivas para 50% dos entrevistados.
Na economia, a percepção melhorou ligeiramente: a avaliação de piora nos últimos 12 meses recuou de 56% para 48%. A percepção sobre a alta do custo de vida também melhorou, mas ainda em patamares altos (preço dos alimentos subiu para 79%). O poder de compra é considerado menor por 79%. O mercado de trabalho preocupa: 55% acham mais difícil conseguir emprego.
A pesquisa também avaliou 13 programas sociais do governo. Embora todos tenham avaliação positiva entre os que os conhecem, a maioria dos entrevistados não os conhece. Os mais bem avaliados são benefícios para motoristas de aplicativos e crédito para reforma do Minha Casa Minha Vida. O aumento do Bolsa Família, programa símbolo do governo, é aprovado por apenas 26% dos que o conhecem (38% de conhecimento).
Sobre o escândalo do INSS, 82% dos entrevistados o conhecem, e 31% consideram o governo Lula responsável pelo desvio de dinheiro. A maioria (52%) prioriza a devolução do dinheiro com recursos bloqueados das entidades investigadas, enquanto 41% defendem o uso de recursos públicos. A CPI do INSS é considerada importante por 50%.
A pesquisa foi realizada entre 29 de maio e 1 de junho, com 2.004 entrevistas presenciais. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.