Quero contar uma história, sobre falhar e o que fazer para blindar o medo.
Eu cresci em uma cidade do interior das ‘’Minas Gerais’’ e, na adolescência, aos domingos pela manhã, costumava ir à missa com minha família.
Cidade pequena, sabe como é, todos se conhecem… E foi em uma dessas celebrações que eu aprendi uma lição valiosa, na verdade, duas, que quero compartilhar.
Estava me preparando para os cânticos, quando me convidaram para fazer uma leitura durante a missa. Mais do que depressa, muito animada e envaidecida, eu aceitei. Afinal, o que poderia dar errado? Era uma coisa simples de fazer. Será?
Subi ao altar e me coloquei em frente ao púlpito, toda empolgada. A igreja estava lotada… missa de domingo. E comecei a leitura do texto bíblico. Estava indo bem, até que, a certa altura, me deparei com uma palavra que, simplesmente, não conseguia pronunciar. Eu tentei e tentei e tentei e nada.
Cada vez que eu olhava a expressão no rosto das pessoas, algumas rindo, outras cochichando, e aquele burburinho, eu ficava mais nervosa e aí foi que travei. Creiam, queria sair correndo dali. Recordo haver pensado em pular a bendita palavra, mas daí a vergonha seria maior e o texto, talvez, perdesse o sentido.
Foi então que uma pessoa generosa se compadeceu e decidiu ir até lá, fazer a leitura da palavra que estava ‘’engasgada’’ e ficar do meu lado até que eu terminasse – fiquei muito grata a ela.
Não nego que foi um momento bastante traumático, sem falar que, por muito tempo, fui objeto de piadinhas dos ‘’amigos’’.
Superado o sentimento de vergonha, extraí daí, como disse, lições importantíssimas, que me permitiram seguir em frente e continuar me lançando a novas experiências, além de ter me tornado mais bondosa e compreensiva comigo mesma.
A primeira dessas lições é a de que sempre, antes de qualquer empreitada, seja relativa a algo novo ou ao que nos é habitual, temos de nos preparar, tanto para a atividade em si, como para os imprevistos que possam ocorrer.
Depois de algum tempo percebi que, se naquela oportunidade, eu tivesse tirado um tempinho para fazer uma leitura prévia do texto, talvez evitasse o constrangimento pelo qual passei.
A preparação eleva nossa autoconfiança e, assim, reduz o medo de que algo possa sair do controle, além de nos dar suporte até mesmo quando temos de improvisar.
A segunda lição é que, conquanto possamos estar preparados, ainda assim, podemos falhar e tudo bem se isso acontecer.
Veja, enquanto seres humanos, somos falíveis. Claro que a ideia é irmos nos aperfeiçoando a cada experiência, mas isso não impede que tenhamos inúmeras recaídas.
Sinceramente, acredito que o essencial é você não se deter diante de uma falha. Aliás, permita-se falhar, aceite e encare o medo.
Penso que as falhas fazem parte do processo de crescimento. Então, diante delas, sugiro que pare, respire e reflita sobre o que aconteceu, mas sem autojulgamento.
Afinal, descobrir que não somos tão perfeitos como pensávamos ser significa reconhecer que estamos em um processo evolutivo, para nos tornar pessoas melhores.
Por outro lado, lembre-se de que nem tudo é IMPERFEITO!
APRENDA com suas falhas e se puder corrigi-las, faça-o, mas coloque o medo debaixo do braço e PROSSIGA na direção de onde quer chegar.
Por que não tentar?
Mara Avellar, mentora, adviser, palestrante, Juíza aposentada e escritora. Instagram: @maisqmentoring