Foto: Carlos Soares/Departamento de Polícia Civil
O Paraná passa a contar com uma estrutura da Polícia Civil específica para atuar no combate a crimes de furtos e roubos de cargas.
Reivindicação antiga do segmento, a Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas, com sede em Curitiba, também pode prestar apoio a unidades policiais do Interior na investigação, prevenção, repressão e processamento dos crimes contra cargas embarcadas e roubadas em estradas.
“Vai aumentar a eficácia dos trabalhos contra essa modalidade criminosa. As técnicas de investigação são diferentes e com essa especialização a equipe policial poderá aumentar seu know-how, criar banco de dados e trocar informações com outros estados”, afirma o secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita.
Inaugurada oficialmente nesta quarta-feira (13), a Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas está sediada no bairro Campina do Siqueira (Rua Lourenço Gbur, 132), em Curitiba. Até o ano passado, os casos relacionados a cargas eram de atribuição da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas. Desde o mês de outubro, as atividades da nova unidade especializada começaram a ocorrer de forma independente, enquanto eram feitos os procedimentos administrativos necessários para funcionamento da delegacia em uma sede própria, bem como a aquisição do mobiliário.
Já foram 15 ações policiais específicas desenvolvidas desde então. “Essa modalidade criminosa reveste-se de todas as características de crime organizado. Combatendo desvios e roubos de cargas, estamos também combatendo corrupção, crime de receptação, sequestros de funcionários e motoristas”, relaciona Mesquita.
Ele acrescenta que a geografia e o perfil do Estado acabam propiciando a atração dessa modalidade de crime. “Temos um parque industrial grande, várias estradas e fronteiras. Ferramentas tecnológicas e a parceria com a entidade privada fazem com que a atividade policial seja facilitada no combate a esse crime, como a identificação das cargas e a existência de marcação em lotes”, analisa o secretário.
DEMANDA
Instituída pelo decreto 2.569, de 8 de outubro de 2015, a Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas foi criada devido a uma reivindicação antiga do segmento, por meio da Fetranspar (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná) e Setcepar (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná), além ser uma tendência nacional.
“Nós tivemos um acréscimo desse delito nos últimos anos, no Paraná. Por isso, a gente entende que, com a criação da delegacia, vai ter um trabalho mais focado e de inteligência para desmantelar essas quadrilhas especializadas. É muito difícil o combate ao roubo de carga, por mais que tenhamos caminhões com rastreador e gerenciamento de risco”, diz o presidente do Setcepar, Gilberto Antônio Cantú.
Os dados mais recentes divulgados pelo setor mostram que, em 2014, houve um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão às empresas de cargas no País, com mais de 15 mil casos de roubo. O Paraná corresponde a 2 ou 3% desse montante, segundo o presidente do sindicato.
“No primeiro governo Beto Richa tivemos um intenso trabalho com relação aos homicídios, resultando em uma forte redução do índice. Agora, nesse segundo período, uma preocupação é com relação aos crimes de patrimônio e, dentre eles, o roubo de cargas”, aponta o delegado-geral da Polícia Civil, Julio Reis.
Para isso, a nova delegacia tem como objetivos principais o mapeamento de ocorrências, locais de ação e formas de atuação dos criminosos a fim de coibir o crime. “Além disso, fará a identificação daquelas quadrilhas que são contumazes, que se dizem especializadas em roubo de cargas”, acrescenta o delegado-titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas, Edward Ferreira Ferraz.
Entre os resultados obtidos desde outubro pela Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas destacam-se a recuperação de uma carga com produtos eletrônicos e móveis (avaliados em R$ 400 mil); de uma carga de 3 toneladas de frango congelado; uma carga de pneus avaliada em R$ 500 mil; uma de 50 toneladas de fertilizantes e outra de polietileno estimada em R$ 200 mil, além da prisão de cinco suspeitos de roubar carnes e cigarros.