por Noelcir Bello
A história de amor de Oliete e Claudio começou logo que eles se conheceram, ela com 13 anos e ele com 21 anos
A família dela veio de Castro e foi morar de frente a casa dele, na Rua Brigadeiro Franco, esquina com a Avenida Kennedy, em Curitiba. Oliete nos contou que tanto ela quanto sua irmã paqueravam o Claudio e seus irmãos. Um belo dia, Claudio resolveu atravessar a rua e pedir a Oliete em casamento. Sua mãe foi contra no início, já que ela só tinha 13 anos. No entanto, Claudio a convenceu e garantiu que ele seria o melhor companheiro na vida de Oliete.
Na época, a rigidez no namoro era tanta que um dia Claudio estava passeando com a Oliete e sua mãe, ele pediu a autorização da mãe dela para colocar a mão no ombro da moça, porém foram flagrados pelo pai dela, que não gostou nada daquela situação e quase brigou com a esposa.
Namoraram por dois anos e foram sempre acompanhados de um irmão dela, que recebia mesada do pai para ficar de olho nos dois. “Ele fazia questão de ficar entre nós dois, vigiando”, lembrou Claudio.
Ela parou de estudar para se casar, e um irmão até ofereceu uma máquina de costura para que ela desistisse do casamento, mas não adiantou. Aos 15 anos, no dia 10 de setembro 1956, Oliete se casou com Claudio no Cartório de Curitiba. Moraram com os pais dela por quatro anos e depois se mudaram para a casa deles. Tiveram sete filhos, sendo que quatro deles nasceram em Pinhais.
Chegada a Pinhais
Em março de 1961 se mudaram para Pinhais. Oliete ficou muito assustada, pois não havia água encanada, luz e nem vizinhos. O susto foi tanto que ela disse a sua mãe que queria voltar para casa, porém apenas escutou que deveria ter paciência.
Moraram por 13 anos em uma chácara, onde atualmente está localizada a loja Luvizotto. A região era toda de barro e a água do terreno não era potável. “Pela manhã, antes de sair para trabalhar, eu buscava água na mina para a minha esposa e as crianças. No caminho brincava com meu próprio eco e tudo o que gritava, o eco respondia”, contou Claudio.
A Rodovia João Leopoldo Jacomel era conhecida como a “Estrada do Encanamento”, por conta da tubulação que passava ali. A estrada era controlada por uma porteira, aberta após autorização do seu Doca, que, depois, se tornou vereador em Piraquara.
Os filhos brincavam de subir em árvores e os pés de pêra eram a principal diversão das crianças. Na margem do campo de futebol, eles também serviam de ligação para uma enorme tábua, que era o balcão para venda de bebidas aos torcedores em dia de jogos.
Trabalharam muito para criar os filhos
Claudio começou a trabalhar aos 11 anos. Trabalhava cuidando de uma criança, lavava louça e cuidava do terreno desta casa. Depois do seu primeiro emprego, trabalhou na lavoura e, posteriormente, como operário em uma fábrica de camas, torneiro, serralheiro e latoeiro autônomo. Em 1967, foi contratado para trabalhar na Prefeitura de Curitiba e permaneceu até a sua aposentaria, como chefe de latoeiro, em 1987.
Quando perdia o ônibus voltando do trabalho, em Curitiba, tinha que vir andando desde o Jóquei Clube até Pinhais. Muitas vezes, ao chegar em casa, a dona Oliete já tinha ido com o mesmo ônibus, que ele deveria ter vindo, pra casa da mãe dela, no Água Verde, com as três crianças, por medo de ficar sozinha no escuro com elas.
Nesta época, após nove anos longe da escola, resolveu retornar às aulas. “Foi uma ótima ideia, pois acompanhava a minha filha que estudava no mesmo colégio”, garantiu Oliete.
Depois de finalizar o colegial, a mãe de Oliete já morava perto de sua casa, então ela deixava seus filhos com a mãe para cursar a faculdade de Letras. Foi professora por três anos na GEPLANEPAR, órgão público responsável pela educação. Foi nomeada na época do Governador Nei Braga, no segundo padrão do Estado, para trabalhar em Matelândia, região de Foz do Iguaçu.
De segunda à quarta-feira ela viajava para lecionar por lá, já nas quintas e sextas-feiras lecionava no Colégio Leocádia Braga Ramos, no Bairro Maria Antonieta. Depois passou a lecionar somente pela Prefeitura, onde se aposentou com 29 anos de serviços prestados. Neste colégio ela foi secretária, professora e diretora, até se aposentar em 1996.
59 anos de casados
Em 2015, comemoraram 59 anos de casados e, de acordo com Oliete, esses anos se tratam da renúncia do “eu” a cada dia, em comunhão com Deus. “Se você quer ser feliz não case. Se for casar, que seja para fazer o outro feliz”, afirmou Oliete.
Ela garantiu que sempre foi ciumenta, no entanto ele nunca ligou para isso. A compreensão sempre foi o ponto forte de seu Claudio, e com ele sempre foi muito feliz. Oliete se orgulha de ter viajado pelo mundo, conhecendo a Terra Santa, Canadá, Havaí, Austrália, Nova Zelândia, Dubai, África e pela Europa, a única viagem que Claudio a acompanhou, passando pela Espanha, Itália, França, Inglaterra, Suíça, Suécia, Áustria, Bélgica, Holanda, Mônaco, Vaticano, entre outros.
Hoje o casal tem, além dos sete filhos, dezessete netos e três bisnetos. Os dois são muito unidos, com um humor cativante, cheios de energia e com muitos sonhos para os próximos anos. Oliete sonha em conhecer o Japão e promete continuar viajando pleo mundo, ao menos uma vez por ano.
Ela afirma que todas as noites dorme ouvindo as histórias de Claudio, um exímio contador de lorotas, segundo o casal. “A vida é bela e devemos viver intensamente como se fosse o último dia, lembrando que Deus trará a juízo todas as coisas, quer sejam boas, quer sejam más”, finalizou o casal.