A Gazeta Cidade de Pinhais: Como o senhor avalia a integração (Guarda, PM e Polícia Civil), em Pinhais?
Tenente Baltazar: Entrei no 29º Batalhão de Polícia Militar (BPM) em dezembro de 2022, que engloba os municípios de Pinhais, Piraquara, Campina Grande do Sul e Quatro Barras. Vim para o comando da 2ª Companhia de Polícia Militar, em Pinhais, em 5 de dezembro de 2024. Então, quando cheguei, já tinha um conhecimento do quadro geral de segurança pública, aqui. E nestes poucos meses de trabalho, na cidade, quando a gente ainda está se inteirando de forma mais detalhada, posso dizer que a integração é muito positiva, de modo geral. Há uma estrutura boa da Guarda Municipal, que trabalha de forma integrada com a PM, somos vizinhos de porta; nosso rádio-operador atua em conjunto. É um trabalho bem integrado na troca de informações, nas ações e operações em conjunto. Com a Polícia Civil, também. Duas semanas atrás, fizemos a Operação Cidade Segura com a Guarda, quando conseguimos a recuperação de um veículo com alerta de roubo, prendemos três suspeitos de tráfico de drogas, inclusive, com droga apreendida. A integração, aliás, é uma diretriz da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
A Gazeta: Quais as estratégias utilizadas na segurança pública pela Polícia Militar?
Tenente Baltazar: Procuramos fazer o policiamento orientado aos problemas, às demandas, através de dados estatísticos colhidos no sistema Business Intelligence (BI), que contém os índices de criminalidade de cada local . Outra ferramenta é o CapGeo, da Secretaria de Segurança Pública, que nos fornece um panorama ao posicionamento dos pontos-base, dos locais de partilhamento e outros dados.
A Gazeta: Quais os principais tipos de ocorrências em Pinhais?
Tenente Baltazar: Nos fins de semana, predominam as chamadas por perturbação de sossego (música alta, algazarra, etc.), que configuram contravenção penal em qualquer horário do dia ou da noite, e as lesões corporais por violência doméstica.No decorrer da semana, os tipos de ocorrências predominantes são os furtos e roubos, principalmente, no comércio.
A Gazeta: Como têm sido as estratégias para o combate aos furtos e roubos, em especial, no comércio?
Tenente Baltazar: Temos trabalhado para diminuir estas ocorrências e obtido resultados positivos. Além de intensificar o policiamento, uma das ferramentas tem sido o uso de um grupo de Whatsapp para interagir com comerciantes, gerando proximidade e estreitamento de laços para a troca de informações sensíveis ao enfrentamento. A patrulha faz o cadastro dos comerciantes que levam ao grupo situações, por exemplo, de aproximação de suspeitos ao comércio. No grupo, é possível enviar imagens das câmeras de segurança do estabelecimento, fotos, proporcionando uma melhor descrição e visualização dos suspeitos, se ele está ou não com um veículo. O grupo tem fornecido mais agilidade e detalhes importantes sobre as ocorrências. Na Avenida Iraí, já começamos esse trabalho. Abrimos na Avenida Camilo Di Lellis e na Avenida Jacob Macanhan, também, que é bem grande e tem mais comércio. Depois, o objetivo é fazer na Avenida João Leopoldo Jacomel e, na sequência, no bairro Maria Antonieta.
A Gazeta: E com a população, em geral, também, há estratégias neste sentido?
Tenente Baltazar: A estratégia é diferente, baseada em estatísticas, intensificando-se o patrulhamento e as operações.Toda semana, há mais de uma operação em bairros diferentes. Já o patrulhamento, é diário, seguindo-se um itinerário por cartão-programa com paradas específicas em certos locais.
A Gazeta: Normalmente, a própria presença da polícia fazendo o patrulhamento termina por inibir a criminalidade, certo?
Tenente Baltazar: Sim, a tendência é os criminosos migrarem para locais e regiões com menor policiamento. Isso quando nos referimos aos chamados crimes de oportunidade, a exemplo de furtos e roubos. As operações com a Guarda ajudam muito, aumentando o efetivo nas ruas, efetuando bloqueios e abordagens conjuntas e trabalhando pelos mesmos objetivos, a exemplo da recuperação de veículos roubados.
A Gazeta: As câmeras de monitoramento da Central da Guarda e a Muralha Digital exercem um diferencial importante no combate ao crime. Como o senhor avalia esse bom aparato de identificação por imagens em Pinhais?
Tenente Baltazar: Ajuda muito, com certeza. Veículos roubados podem ser identificados pela placa e encontrados conforme a localização, com mais rapidez. Além disso, o município tem câmeras espalhadas por muitas vias, em todos os equipamentos públicos, também, como, escolas, UPA, unidades de Saúde e outros prédios públicos. A identificação e localização dos suspeitos é feita de forma muito rápida e assertiva a partir das câmeras.
A Gazeta: Qual a importância do registro de um Boletim de Ocorrência (B.O.)? Sabe-se que muitas ocorrências não são registradas por desconhecimento da importância deste registro.
Tenente Baltazar: É muito importante fazer um Boletim de Ocorrência. Sem o B.O., a polícia não tem como tomar conhecimento da ocorrência e coletar dados a fim de melhor construir um panorama da criminalidade local. Muitas vítimas não registram o B.O. por acreditarem que não haverá recuperação do bem furtado ou roubado, ou por que o furto foi de pequeno valor. Mas mesmo que não haja recuperação dos bens, é importante levar essa informação à polícia para intensificar o trabalho na prevenção e coibir novos crimes, também.
A Gazeta: Onde pode ser feito o registro de um Boletim de Ocorrência?
Tenente Baltazar: Na Delegacia de Polícia Civil de Pinhais, aqui, na sede da 2ª Companhia de Polícia Militar e, em alguns casos, na Delegacia Virtual. Pela internet, é possível registrar crimes como, furtos, estelionatos e também situações de acidente de trânsito sem vítimas.
A Gazeta: Como a Polícia Militar tem enfrentado o problema das motocicletas com escapamento adulterado?
Tenente Baltazar: Fazemos blitze diariamente, com mini-bloqueios. Pedimos ao motociclista para estacionar, verificamos a documentação, fazemos a conferência da motocicleta e, se estiver com características adulteradas, tomamos as medidas administrativas cabíveis, podendo variar desde a cobrança de multa ao recolhimento do veículo. Este é um problema cultural que gera muitas reclamações da população incomodada com o barulho dos escapamentos. O proprietário da moto precisa entender que seu direito termina quando começa o direito do outro.
A Gazeta: E nas escolas, há patrulhamento específico?
Tenente Baltazar: Este trabalho específico não é feito por nós, mas pelo Batalhão Escolar e de Polícia Comunitária, o BPec. Porém, nós, da Companhia, fazemos o patrulhamento nos bairros, onde estão inseridas as escolas. Naturalmente, estamos a postos para atender ocorrências nas escolas, também.
A Gazeta: Mas há alguma medida ou estratégia de enfrentamento à violência escolar, a exemplo de alunos ou ex-alunos que atacam colegas, professores, funcionários?
Tenente Baltazar: Depois da onda de crimes dessa natureza ocorridos no país, um certo tempo atrás, a PM do Paraná criou um botão específico para ocorrências em escolas. O APP da PM existe desde 2016 e recebeu mais este botão para as escolas. Para baixar o App, para Apple ou Android, basta digitar “Paraná 190”, ”emergência PM”, que facilmente se encontra. Mediante cadastro com CPF, o cidadão pode acionar a PM pelo seu celular, além do número 190, ao telefone. No APP, há botões para diversos tipos de ocorrências, a exemplo de furtos e roubos, perturbação do sossego e violência doméstica. Este último é disponibilizado por uma demanda do Poder Judiciário, quando a vítima está em situação de medida protetiva.
A Gazeta: Sobre os crimes de homicídio, como está esse quadro no município?
Tenente Baltazar: Em 2024, houve vinte homicídios no município. Sendo dois deles, casos de feminicidio. Os dezoito, restantes, possivelmente, em sua maioria, relacionados ao tráfico de drogas. Em 2025, nos três primeiros meses do ano, felizmente, não houve nenhum registro de homicídio.
A Gazeta: Como foi o policiamento durante as festas e shows, em comemoração do aniversário de Pinhais?
Tenente Baltazar: Foi muito efetivo, fizemos em conjunto com a Guarda. Nos shows, houve destacamento de policiais de outros batalhões, inclusive, e não registramos nenhuma ocorrência, felizmente. Não precisamos nem utilizar os aparelhos celulares que levamos destinados à lavratura de termos circunstanciados e boletim de ocorrência.
A Gazeta: Em relação ao estreitamento com a comunidade, o que tem sido feito em Pinhais?
Tenente Baltazar: Quando conquistamos credibilidade e a confiança da população, é muito positivo. O paradigma do policial com cara de bravo, carrancudo, que não dialoga com a comunidade, a população, está findando. Em Pinhais, temos recebido um feedback muito bom da população, que nos relata melhorias em diversas localidades. Costumamos, também, ministrar palestras e conversas públicas com orientações de prevenção. Basta solicitar e marcar, que vamos a empresas, entidades, escolas, instituições, associações, através da Patrulha Comercial. E há, também, as palestras da Patrulha Maria da Penha, de prevenção à violência doméstica e violência contra a mulher, em geral. Na Patrulha Maria da Penha, agimos em duas frentes: a prevenção a partir de palestras e orientações. A segunda intervenção, a partir de visitas às vítimas a fim de verificar se está tudo bem, se o agressor tem respeitado a medida protetiva, etc.