Na contramão de muitos países, Brasil minimiza precauções contra coronavírus

Na contramão de muitos países, Brasil minimiza precauções contra coronavírus

por Vanessa Martins de Souza

O surto de coronavírus, cujo epicentro se localiza na cidade de Wuhan, na China, tem sido a grande preocupação a nível mundial, desde o fim de janeiro. Até o momento, já infectou mais de 10 mil pessoas na China, sendo 213 mortos. Já são 26 países que apresentam pelo menos um caso de contaminação. Esse quadro levou a OMS a declarar emergência global no último dia 30 de janeiro.

Diversos países estão repatriando seus cidadãos que se encontravam na China e protegendo suas fronteiras. Vietnã, Mongólia, Cingapura, Israel, Rússia, Guatemala e El Salvador, por exemplo, vetaram a entrada de viajantes que desembarcam da China. Os EUA e Japão foram os primeiros a repatriar seus cidadãos que estavam na China, na quarta-feira (29), colocando-os em observação e isolamento. Na Califórnia, 195 norte-americanos repatriados desembarcaram em uma base militar e, mesmo sem sintomas, foram colocados em isolamento e observação por 72 horas. No Japão, já são 266 repatriados, sendo que três deles estavam infectados, somando-se aos oito casos detectados anteriormente. Reino Unido e França também estão repatriando seus cidadãos. Na França, um grupo que chegou da China encontra-se isolado por quatorze dias na cidade de Marselha. Itália, Alemanha, Bangladesh e Canadá também realizam operações de repatriamento. Outras precauções estão sendo tomadas por multinacionais, a exemplo da Toyota, Ikea, Starbucks, Tesla, Mc Donald’s e Foxconn que suspenderam temporariamente sua produção na China ou fecharam lojas.

Brasil na contramão

No Brasil, por outro lado, não se vê nenhuma movimentação no sentido de se tomar precauções como medida preventiva a fim de evitar um surto de contaminações. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, declarou que não há motivos para pânico, embora a situação mereça atenção e precauções. O presidente Bolsonaro, durante viagem à Índia, disse que também não há motivos para temermos uma epidemia. Aliás, o governo federal declarou que não irá controlar ou impedir a chegada de viajantes vindos da China. Ou seja, enquanto grande parte dos países, até mesmo dois países pequenos da América Latina, estão adotando precauções severas para impedir as contaminações em seus territórios, aqui, parece que as autoridades governamentais fazem de conta que o problema não tem nada a ver conosco.

Doze casos suspeitos no país

De acordo com balanço do Ministério da Saúde divulgado na sexta-feira (31), o número de casos suspeitos de coronavírus subiu para 12. Nas últimas vinte e quatro horas, houve um aumento de seis novos casos suspeitos, enquanto outras três suspeitas foram completamente descartadas. Os casos suspeitos estão em cinco estados: Ceará (1), Paraná (1), Rio Grande do Sul (2), Santa Catarina (1) e São Paulo (7). Os casos suspeitos do Rio de Janeiro e Minas Gerais, que constavam no último relatório, foram descartados por autoridades de saúde. Muito embora, ainda não haja casos confirmados além de um em Minas Gerais, o da moça de 22 anos, não seria preciso esperar a situação se agravar para adotar medidas mais rígidas de prevenção e controle. O Brasil é um país de dimensões continentais, o que deveria motivar medidas rígidas de controle de pessoas que chegam da China. Lamentavelmente, governantes, por aqui, sempre revelam que não aprenderam que é melhor prevenir do que remediar.

Cancelamento do Carnaval

É de causar indignação, também, nenhuma autoridade pública ter manifestado alguma intenção, sequer, de cancelar as festividades do Carnaval, visto que se trata de um evento que reunirá milhões de pessoas em grandes aglomerações por dias seguidos. Quantos turistas estrangeiros virão para cá que poderão estar contaminados pelo vírus? O Carnaval é uma festa que movimenta muito dinheiro e, certamente, lucros e impostos arrecadados preocupam mais que a saúde pública. Enquanto a China cancelou as comemorações do Ano Novo chinês, por aqui, não se ouve nenhum pio cogitando-se o cancelamento do Carnaval. Considerando que a estrutura do SUS por todo o país não tem condições suficientes para atender a demanda em atendimentos corriqueiros, é melhor nem imaginar o que seria diante de um surto de coronavírus. O ministro da Saúde, Luiz Mandetta, inclusive, disse que os brasileiros que estão na China e que quiseram voltar mas não receberam apoio do governo, “estão melhor lá”. Obviamente, deve ter se referido às condições médico-hospitalares. A China já construiu um hospital para atender os pacientes infectados em uma semana, e pretende construir mais dois em tempo recorde.

Até o momento, também não se viu nenhum protocolo de saúde recomendado pelo Ministério a fim de instruir a população a proteger-se do vírus. Apenas um pronunciamento na internet, do Ministro da Saúde em exercício, foi postado, porém, de pouca repercussão, em que visa acalmar a população.

Medidas preventivas

Naturalmente, não há motivos para pânico. O medo costuma disseminar-se mais rapidamente que o vírus e não ajuda em nada, apenas, atrapalha. Já há mensagens de WhatsApp, fake news, visando desinformar e instaurar o pânico na população. É importante buscar apenas informações na imprensa, desprezando-se fake news de internet que objetivam apenas causar pânico. Bem como adotar medidas preventivas como, evitar aglomerações, lavar frequentemente as mãos, evitando tocar olhos, boca e nariz, locais de entrada do coronavírus, sem antes higienizá-las. Reforçar o sistema imunológico é fundamental, com boa alimentação, qualidade do sono, exercícios físicos, evitar fumar e abusar de bebidas alcoólicas. Quando se trata de pneumonias como essa causada pelo coronavírus, as condições do sistema imunológico fazem toda a diferença. Trata-se de um vírus de letalidade menor que o SARS (também da família do coronavírus), cujo surto, em 2002, matou mais, proporcionalmente. O atual coronavírus apresenta taxa de mortalidade de 2 a 3% e há pessoas que contraem o vírus e sequer apresentam sintomas, destruindo-o em razão de um sistema imunológico forte.

Bom prognóstico à maioria dos casos

O médico Dráuzio Varella, em vídeo na internet, afirma que a maior parte dos casos de contaminação apresenta bom prognóstico. Idosos e portadores de doenças crônicas, que têm o sistema imunológico mais debilitado, são os mais vulneráveis. Além do mais, logo virá a vacina, que, segundo diz reportagem da revista Exame, já foi desenvolvida, porém, ainda faltam testes em animais e humanos até que seja disponibilizada para a população, o que tem previsão de acontecer para daqui há um ano. Um infectologista chinês, em entrevista ao jornal El País, disse que a epidemia deverá ser controlada em seis meses. Torçamos para que o infectologista esteja certo e que as nações consigam minimizar ao máximo as contaminações. Por enquanto, cada um deve fazer a sua parte para evitar contaminações. Prevenir é sempre melhor do que remediar. Mesmo que governantes brasileiros não costumem pensar assim.

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