Levantamento da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra) com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) indica uma redução de 37,2% no número total de infrações de trânsito registradas nas rodovias federais brasileiras durante o primeiro semestre de 2024. De janeiro a junho de 2023, foram cometidas 3.911.780 infrações de trânsito, enquanto no mesmo período de 2024, o número caiu para 2.456.752. “O problema é que essa queda não causou uma redução no número de mortos e sinistros. Em 2024, houve um aumento de 9% no número de mortos (2.908) e de 8% no número de feridos (40.518)”, comenta Alysson Coimbra, médico especialista em Tráfego e diretor científico da Ammetra.
A redução das infrações pode ser atribuída a um possível enfraquecimento na fiscalização, pois a análise das infrações revela que o comportamento dos motoristas continua a indicar altos níveis de imprudência e agressividade. A velocidade excessiva e o não uso do cinto de segurança são problemas críticos que persistem, colocando em risco a segurança de todos no trânsito.
PRF fiscaliza excesso de velocidade nas rodovias
Em 2024, o excesso de velocidade teve um aumento de 134% em relação ao mesmo período do ano passado e responde por 97% do total de infrações. O desrespeito aos limites de velocidade continua sendo um problema crítico nas rodovias federais. “A velocidade excessiva é um fator determinante em muitos sinistros graves e fatais. A redução no número total de infrações não deve mascarar o fato de que os motoristas continuam dirigindo de maneira perigosa”, alerta o especialista.
Regressão nos hábitos
A análise dos dados do primeiro semestre de 2024 mostra que bons hábitos que pareciam consolidados no brasileiro parecem estar caindo em desuso. Um dado alarmante é o aumento de 39% nas infrações por não usar o cinto de segurança. Em 2024, essa é a quinta infração mais frequente cometida pelos brasileiros. “O aumento dessas infrações é preocupante, pois indica uma falta de conscientização sobre a importância do cinto de segurança, uma informação que acreditávamos que já estava fixada na vida dos brasileiros, porém os números revelam o contrário. Isso coloca em risco a vida dos motoristas e passageiros”, destaca Coimbra.
O especialista em segurança viária avalia que os dados comprovam a ineficácia dos entes públicos em mitigar riscos no trânsito. “Precisamos de uma abordagem multifatorial que inclua educação, fiscalização, leis mais rigorosas e políticas públicas eficazes para realmente melhorar a segurança viária”, conclui Coimbra.
Ranking das 10 principais infrações cometidas de janeiro a junho de 2024
– Transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20%: 2.060.579
– Transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% até 50%: 340.857
– Ultrapassar pela contramão linha de divisão de fluxos opostos, contínua amarela: 120.005
– Conduzir o veículo registrado que não esteja devidamente licenciado: 94.549
– Deixar o condutor de usar o cinto de segurança: 77.795
– Conduzir o veículo em mau estado de conservação, comprometendo a segurança: 73.085
– Desobedecer às ordens emanadas da autoridade competente de trânsito ou de seus agentes: 65.939
– Conduzir o veículo com equipamento do sistema de iluminação e de sinalização alterados: 64.905
– Conduzir o veículo com equipamento obrigatório em desacordo com o estabelecido pelo Contran: 60.833
– Dirigir veículo sem possuir CNH: 57.570
Quantidade de infrações nas rodovias federais
Janeiro a junho de 2023: 3.911.780 infrações de trânsito
Janeiro a junho de 2024: 2.456.752 infrações de trânsito
Fonte: Polícia Rodoviária Federal (PRF)