A entrada em operação de ônibus elétricos em larga escala na Rede Integrada de Transporte de Curitiba (RIT), destacada como prioridade da Prefeitura na nova concessão do sistema de transporte público prevista para 2025, irá fortalecer o pioneirismo da cidade na oferta de serviços de mobilidade sustentável.
Assim como a eletromobilidade no transporte coletivo, fazem parte desse conjunto de intervenções pela redução de emissões de CO2 os investimentos do município em mobilidade ativa, para favorecer os deslocamentos não motorizados com a implantação de calçadas acessíveis, e ainda a duplicação da malha voltada à ciclomobilidade, em andamento na cidade como parte dos projetos Caminhar Melhor e Rosto da Cidade e o Plano de Estrutura Cicloviária.
Efeito prático do compromisso de Curitiba com a descarbonização e a evolução do transporte é o anúncio da compra de 70 ônibus elétricos para a RIT, feito pelo prefeito Rafael Greca, no dia 11, durante o Workshop Modelos de Negócio para Eletromobilidade, no Complexo Imap do Parque Barigui.
A compra de veículos em maior escala ocorre um ano após o chamamento público anunciado por Greca no primeiro Workshop de Implementação de Ônibus Elétricos, em maio de 2022.
Janela de oportunidade
Em mensagem gravada para a abertura do workshop, o diretor da C40 Cities (rede global de cidades comprometidas com o enfrentamento da crise climática), Ilan Cuperstein, destacou os esforços de Curitiba no encaminhamento da mobilidade limpa.
“A eletromobilidade oferece uma série de vantagens na adoção de modelos de negócio devido às peculiaridades da tecnologia que permite formatar desenhos apropriados a cada cidade. Com a eletrificação da frota de transporte público, Curitiba dá mais um passo em favor da sustentabilidade urbana”, disse o diretor da C40 para a América Latina.
O vice-prefeito e secretário de Estado das Cidades, Eduardo Pimentel, considera o momento como uma janela de oportunidade para Curitiba e o Paraná investirem em eletromobilidade. “Estamos todos unidos porque sabemos da importância e da necessidade da mudança da matriz energética do transporte coletivo”, afirmou Eduardo Pimentel.
A coordenadora geral de planejamento da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Daniele Holanda, elogiou o modelo de transporte curitibano e afirmou que as iniciativas da cidade são convergentes aos esforços do governo federal vinculados à eletromobilidade.
O presidente da Urbs, Ogeny Maia Neto, destacou a importância da parceria entre todos os atores do setor de transporte no encaminhamento das soluções buscadas por Curitiba.
Grande desafio
Para o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e secretário do Governo Municipal, Luiz Fernando Jamur, o grande desafio buscado por Curitiba é a missão de dar um salto qualitativo nos serviços de mobilidade e transporte.
“Transporte público é um serviço essencial e temos que ofertar o que há de melhor. Para reverter o quadro de perda de usuários do transporte precisamos de mais investimentos para subir de patamar ofertando uma opção ao carro, bem como trabalhar a questão comportamental do uso do transporte individual”, disse Jamur.
“Não se trata de trocar ônibus diesel por elétrico, apenas. Na infraestrutura nosso foco está na prioridade ao transporte com faixas exclusivas, canaletas, implantação de binários para que o cidadão escolha o ônibus como opção. Estamos tratando da articulação do planejamento da cidade dentro das metas do PlanClima e dos compromissos de Curitiba com o tratado de Paris e as premissas globais de mitigação às mudanças climáticas”, completou o presidente do Ippuc.
Maturidade
A diretora de Mobilidade Elétrica Global do WRI, Cristina Albuquerque, considera que Curitiba traça um caminho sólido para a transição da matriz energética. “Acompanhamos o processo de amadurecimento da pauta da eletromobilidade em Curitiba. Seguimos com mais um momento com diferentes atores para avançar no melhor modelo de negócio e viável como atrativo a fabricantes, financiadores, operadores e que consiga atender às demandas da cidade”, destacou a representante da WRI.
Curitiba é parte da TUMI E-bus Mission, iniciativa que tem por objetivo apoiar 20 cidades do Sul Global na eletrificação do transporte coletivo. Através desse projeto, WRI Brasil e Curitiba têm trabalhado em parceria no desenvolvimento de estudos, análises de dados e discussões técnicas para pavimentar o caminho para que a cidade realize a transição de sua frota de ônibus.
Larga escala
Os trabalhos para a implantação de ônibus elétricos em larga escala na RIT tiveram início em 2018 e seguem em andamento. De marcos relevantes recentes deste processo estão um protocolo de Intenções Sistema de Mobilidade Urbana Integrado – Governo Federal, Governo do Estado e Município de Curitiba; firmado no ano passado, em curso o estudo de pré-viabilidade para descarbonização / eletrificação do transporte público em Curitiba (com suporte do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) por intermédio da consultoria Steer); os testes operacionais com nove modelos de ônibus elétricos, entre os quais três articulados e seis do tipo Padron envolvendo as fabricantes Higer, BYD, Eletra, Marcopolo, Volvo, Mercedes.
Para 2023 serão finalizados um guia de Investimentos para ônibus Zero Emissão no Brasil com o apoio da C40 / ZEBRA / TUMI e-BUS Mission e ainda estudos de reformulação do sistema de mobilidade urbana em Curitiba e Região Metropolitana com suporte do City Climate Finance Gap Fund (Gap Fund) / Banco de Investimento Europeu (BEI) / GIZ. Entre os anos de 2023 e 2024 será feita a estruturação da próxima concessão do transporte público em parceria com o BNDES.