Em missão em Curitiba, na terça-feira (5/10), técnicos da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) iniciaram a prospecção de uma nova parceria com o município para o financiamento de ônibus elétricos, infraestrutura de carregamento para a eletromobilidade e a diversificação de modais com emissão de baixo carbono.
“Caminhamos para uma transição do modelo de transporte. Uma requalificação que envolve a nova infraestrutura do Inter 2 e do Ligeirão Leste-Oeste com a mudança de matriz energética dos veículos e o fortalecimento da intermodalidade”, frisou o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luiz Fernando Jamur.
Os trabalhos com vistas à eletromobilidade estão integrados ao planejamento da cidade como parte da meta Viva uma Nova Mobilidade Urbana, prevista no plano de governo 2021/2024 do prefeito Rafael Greca e que pretende a ampliação da intermodalidade com prioridade a sistemas movidos à energia limpa.
Em reunião no Ippuc, no período da manhã, a equipe da AFD conheceu os projetos de transporte e planos definidos pela cidade e apresentou modelos de sistemas de eletromobilidade financiados pela agência e entidades parceiras, com destaque para o Electribus de Bogotá.
“Durante vários anos nossos parceiros pediam para financiar a canaleta de transporte, a infraestrutura viária. Com o passar do tempo, começamos a financiar o sistema integrado com os diversos componentes do transporte urbano”, explicou o chefe adjunto da Divisão de Mobilidade e Transporte AFD (Paris), Stéphanne Carcas.
Na modelagem aplicada na cidade colombiana, há financiamentos distintos para a compra de veículos e baterias, infraestrutura de recarregamento e ainda a possiblidade de contratos de aluguel, tanto de veículos como de equipamentos. Os modelos de concessão também são distintos, tanto para a aquisição como para a operação do sistema de transporte.
“Estimamos um financiamento de US$ 50 milhões para a compra de 140 veículos elétricos, mais infraestrutura de carregamento para o modelo de Curitiba. Com recursos disponíveis do Green Climate Fund para o segundo semestre do ano que vem, seria possível elaborar um pacote de financiamento dos veículos, sistema de recarga e subsídios para outras aplicações vinculadas”, estima o chefe adjunto da Divisão de Mobilidade e Transporte AFD (Paris).
À tarde, a missão percorreu trechos do BRT Leste-Oeste, a partir da estação CIC Norte até o Terminal Campina do Siqueira. O percurso faz parte do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável, financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com processo em curso com o New Development Bank (NDB) e prevê a adequação da infraestrutura viária para melhoria da eficiência e capacidade do Inter 2 e do Interbairros II. Na visita técnica, os representantes da AFD conheceram mais sobre sistema de transporte de Curitiba.
Programa E-Motion
Os recursos do Green Climate Fund (GCF), criado para viabilizar projetos que respondam aos desafios das mudanças climáticas, farão parte do Programa E-Motion, fundo de mobilidade elétrica para a América Latina a ser lançado no próximo ano.
Com a Agência Francesa de Desenvolvimento participam dessa iniciativa para o financiamento de modais elétricos à América Latina, a Proparco, subsidiária da AFD que financia o setor privado com enfoque nos setores de energias renováveis, agroindústria, instituições financeiras, saúde, educação; o Banco de Desenvolvimento Alemão KfW, a Agência Alemã de Cooperação Internacional Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) e a Corporação Andina de Fomento (CAF).
O foco do E-Motion é promover uma transição regional em grande escala para a eletromobilidade, financiando, além do sistema de transporte de massa (micro-ônibus, ônibus padron e BRTs), veículos de carga leve e também táxis. Os recursos provenientes deste fundo para projetos locais deverão estar disponíveis em julho de 2022, após o cumprimento das etapas de aprovação do Programa E-Motion pelas instâncias do Green Climate Fund.