O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou na quarta-feira (19) os últimos números da economia brasileira, que apontam para desaceleração da inflação e baixa taxa de desemprego, além de uma melhora do setor de serviços e da “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Banco Central – que apontou para um crescimento de 0,6% no terceiro trimestre deste ano.
“Significa que a economia está voltando a aquecer gradualmente. Porque o crédito voltou, as vendas de automóveis voltaram, o comércio varejista também teve um bom resultado em setembro. Estamos em uma recuperação. Vocês não estão percebendo isso? Estão olhando só estas outras notícias da economia”, declarou o ministro a jornalistas.
Inflação e juros
Sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15 de novembro, divulgado nesta quarta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registrou alta de 0,38%, com desaceleração frente ao mês anterior, Mantega avaliou que isso é uma “boa notícia”. “Nessa época do ano, normalmente a inflação estaria acelerando um pouco. Então, ela não está”, declarou.
O ministro da Fazenda também deu a entender que, em sua avaliação, talvez não seja mais necessário subir a taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 11,25% ao ano, após uma alta realizada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central – no mês passado.
Questionado se seria necessário “recalibrar” a política de juros, conforme declarou na terça-feira (18) o diretor de Política Econômica da autoridade monetária, Carlos Hamilton, Mantega declarou que isso vai depender da evolução da política de contas públicas (quanto menor for o aumento de gastos, melhor aliviar as pressões inflacionárias) e da própria inflação.
“Com a inflação de hoje, mais moderada, significa que não é necessário nenhuma medida adicional [de política monetária], na minha opinião. Isso é apenas a minha opinião. O Copom tem autonomia. O que posso dizer hoje é que a inflação está mais baixa”, declarou ele.
Em seguida, porém, acrescentou que o juro “sempre vai precisar subir ou descer”. “É uma permanente na política monetária. Tem de ser flexível. Quando a inflação cai, você que conclui [o que deve ser feito]”, afirmou. A expectativa do mercado financeiro é de uma nova alta nos juros em dezembro, na última reunião do Copom, do BC, deste ano, para 11,50% ao ano.
Prévia do PIB, desemprego e setor de serviços
Outra notícia boa da economia, segundo avaliou o ministro da Fazenda, é a taxa de desemprego, que ficou em 4,7% em outubro no conjunto das seis regiões metropolitanas, depois de atingir 4,9% no mês anterior, segundo o IBGE. Essa é a menor taxa para o mês de outubro desde o início da série, em março de 2002. Ele também citou o dado do setor de serviços, que cresceu 6,4% em setembro.
“A inflação está para baixo e o desemprego está diminuindo. Portanto, o emprego está melhorando. Além disso temos o índice de serviços, que foi anunciado nestes dias. Deu uma aceleração de 6,4% em relação ao ano anterior. Então, estamos vendo que o crédito está melhorando, a confiança está voltando, a economia está crescendo mais no terceiro trimestre e também no quarto trimestre”, afirmou o ministro da Fazenda.
Outro número citado pelo ministro Guido Mantega foi o IBC-Br, do Banco Central, considerado um tipo de “prévia do PIB”. Ele lembrou que foi registrado um crescimento de 0,6% no terceiro trimestre deste ano e que, dados revisados, apontam para um aumento também no primeiro trimestre de 2014 – o que indicaria que a recessão pode não ter acontecido.
“O IBC-Br falou em taxa de crescimento de 0,6% no terceiro trimestre, o que é um bom número. Se isso se confirmar no PIB, significa que não terá havido recessão. Porque um dos dois trimestres que eram negativos [três primeiros meses deste ano], terá virado positivo”, disse Mantega a jornalistas.
Contas públicas
Questionado se será possível registrar superávit primário (economia feita para pagar juros da dívida e manter sua trajetória de queda) neste ano, Mantega disse que o governo federal está “trabalhando” para que isso ocorra, mas não assegurou que isso irá acontecer, diferentemente da ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
Apesar da dificuldade apontada por analistas, ele disse também ser possível registrar um superávit fiscal da ordem de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 – conforme consta no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano enviado ao Congresso Nacional.
“É possível [fazer um primário de 2% do PIB em 2015]. Estamos fazendo as contas. Vamos avaliar melhor a partir desse comportamento da economia. O que melhora o primário é um crescimento maior da economia. Nesse segundo semestre, está havendo um crescimento da economia. Ajudará o ano que vem. Poderemos entrar 2015 com a economia se recuperando, com uma taxa de crescimento maior, o que nos ajudará a fazer um primário em torno de 2% no ano que vem”, concluiu o ministro.